Luís Felipe 2 anos atrás
Flashback
— Você jura falar a verdade e somente a verdade? — perguntou o juíz, olhando diretamente em meus olhos
— Sim! — concordei, sem pensar duas vezes, vendo minha mulher com meu filho no colo, já nervosa, mas procurando se manter calma pelo bem do menino.
Esse foi apenas o fim de toda uma luta para provar minha inocência e ter o início de uma vida honesta.
Após Guilherme pedir perdão por suas más ações, conversou comigo a respeito das suspeitas que a polícia tinha ao meu respeito, desde então se iniciou uma luta, cerca de três meses após meu casamento, onde todos meus bens foram ameaçados pelas suspeitas de tráfico e envolvimento em diversos crimes que chocaram a comunidade. Provar minha inocência em diversas áreas e tantas denúncias não foi fácil.
Depois de preso por indício de tráfico, se passaram dois meses até o julgamento. Dois meses longe de minha família, dois meses dolorosos e difíceis, que mesmo em seus piores dias apenas me davam esperanças para um futuro diferente, onde eu poderia esquecer totalmente meu passado e dormir tranquilo após tantos anos em alerta por prováveis invasões.
Felizmente, ao final do julgamento, fui inocentado, me afastando de qualquer vínculo negativo que o morro pudesse me proporcionar. Meus bens voltaram ao meu poder, finalmente a liberdade cantava em meus ouvidos e minha mulher poderia sair da casa de Dona Morena, aonde achou abrigo pelo tempo em 1ue fui preso.
Foram dias difíceis, momentos tensos onde a fé e o perdão se manteram unidos.
JP após a sumir o comando pós os morros nos eixos, expulsou qualquer ligação com o tráfico, totalmente sem contato com os ganhos que a boca oferecia, deixando os usuários a sua própria sorte, assim como a forma como conseguiam a droga. Qualquer um que fosse suspeito de tráfico era posto para fora. Não éramos ingênuos, sabíamos que aconteciam, de forma sigilosa, mas sempre descobertas. Atentos a morados com ganho extra de renda adquirido rapidamente ou quaisquer coisas do gênero.
Longe desses problemas, tive a chance de um novo estudo, concluído em um ano e meio, me dando direito a um Enem daquele jeito, que me capacitou a provar pra mim mesmo do que eu era capaz.
— Amor, ajeita a gravata — Geisa se aproximou, ajeitando-a antes que eu pudesse
— Tá cheirosa hein — beijei seu pescoço a sentindo arrepiar, me causando um leve sorriso
— Claro ué, e é lá todo dia que meu marido recebe honras da faculdade, fazendo o reitor vir até o Morro da Peçanha ver a peça teatral das minhas crianças?
— Você merece, sabia? Todo o morro sabe o quanto tu é feliz por dar aulas de dança pra molecadinha, você faz de tudo e mais um pouco para ver cada criança bem de todas as formas que consegue, inclusive uma pá de comida gostosa que só tu faz, apenas pra animar ainda mais eles. E tu nem recebe por isso, faz por amor.
— Fora que quanto a salário, depois que o teatro mais famoso do RJ me contratou, tô só a gazela saltitante né — o corrigi, toda isibida com a novidade descoberta apenas um mês atrás
— Deus sabe do teu coração, mulher, tu é digna disso e muito mais.
— Diz o futuro publicitário mais famoso de toda a região — dei um beijo estalado em seus lábios, animada, enlacei seu pescoço
— A vida tem seus altos e baixos, mas se for contigo, na moral, nem me importo — disse com sinceridade, fazendo os olhos azuis mais lindos que já vi, marejarem, acariciei seu rosto — Só a gente sabe o que passou, todos os maus momentos, pela frente vem mais, mas contigo, sou mais forte.
— Tu é meu presente de Deus, sabia Magrelo? — sorriu ela, chorosa
— Eca — apareceu o pequeno, chamando nossa atenção, todo lambusado de torta
Ih
— João Matheus, quem é quete permitiu comer a torta? — Geisa se soltou de mim, observando o pequeno ser com repreensão
Adorava ver ela se fingindo de durona. Não era atoa que nosso filho era tão educado.
— Sabia que eu ia levar esse bolo para as crianças do trabalho da mamãe, pra elas ficarem felizes? E agora hein? — ela colocou aos mãos na cintura, magoada, fazendo o pequeno abaixar a guarda, se sentindo culpado.
Ela me vencia da mesma forma que vencia ele.
— Foi o papai, mamãe — suspirei, o vendo me entregar — Eu pedi e ele disse que podia um pedacinho, só que como ficou em cima da mesa achei que podia pegar mais.
Geisa se virou calmamente para me olhar, o olhar de felina estava afiado, mostrando o quão irritada ela estava. Levantei os braços para o ar, em rendição.
— Acabei esquecendo a torta em cima da mesa, perdão amor.
— Ora seu — ela respirou fundo
Que os jogos comecem
— Olha o palavreado, temos uma criança em casa — provoquei
— Eu não acredito que tu tá levando na graça, Luís Felipe — ela colocou as mãos sobre o lábio, procurando conter a irritação, ao meu ver, estava dramarizando
— Eu não acredito que tu tá levando na graça, Luís Felipe — a imitei, copiando seu gesto, procurando imitar sua voz
— Luís... — falou em tom de aviso
— Luís... — a imitei novamente, ouvindo a risada de João
— Ah, você vai ver — disse ela, dessamarrando a tira do salto de seu tornozelo, se segurando contra o batente do roupeiro
— Calma meu amor.
Ela tirou o salto, me olhando feroz.
— Minha vida...
Ela apenas se aproximou
com um sorriso de quem iria aprontar— Amor da minha existência.
Rápida, ela pegou um travesseiro, jogando-o na minha direção, subi sobre a cama, dando a volta na mesma, tratando de pegar João entre os braços e correr.
— Tente outra vez! — provoquei
— Ora seu!
— Ora seu! — imitei, ainda correndo, descendo as escadas, fazendo João dar gargalhadas
— Você vai matar meu filho Luís Felipe.
— Não dramatiza, mulher.
— Volta aqui, pilantra — berrou ela, me fazendo rir
— Olha o palavreado meu amor — me coloquei atrás da mesa, vendo-a descer de pés descalços, com os dois saltos em mão, com o cabelos recém arrumado já armado, feito uma leoa braba, deixando-a ainda mais atraente
— Você fez meu penteado se desfazer, Luís, você viu que eu demorei meia hora arrumando o cabelo. E você me conhece, sabe o quão preguiçosa eu sou pra vaidade, Luís.
— Luís, Luís — revirei os olhos, a provocando
— Quando eu te pegar...
— Se você me pegar né, porque sedentaria desse jeito...
— Agora você ultrapassou os limites! — correu ela para um lado, me fazendo rodear a mesa do lado oposto, enquanto ria junto com meu filho
As brigas se tornavam ainda mais engraçadas depois de casados...
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DE VOLTA AO MORRO - EM REVISÃO
Любовные романы#2 mudanças - 18/11/2021 #1 risadas - 07/03/2023 #1 nostalgia- 07/03/2023 #2 afeto - 02/12/2021 - Quem é tu garota? Fumou foi? Não tem medo de morrer não? - Eu? - sorri, indo em direção a mesa em passos devagar, me escorando nela - Nunca tive medo d...