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Eu já não sabia mais o que pensar. Ir contra a ordem de um ser que prevê todos os meus possíveis futuros ou me vingar daquele que me traiu?

A questão era: ninguém me disse quais consequências sua morte, ou sua vida, desencadeiariam.

Inebriada pelo momento decisivo, não me movi nem falei, mesmo diante de Andryas que falava palavras das quais eu não escutava, a única voz que eu podia escutar neste momento era aquela que impunha uma sentença.

— Acusado de Traição, não apenas a um, mas aos sete reinos de Wareeron. Aaron Ingryree, príncipe e filho de Salom Ingryree, antigo rei de Forceu, e Anady Burlin, mulher beijada pelo dom; hoje, seus dias terão fim. A vergonha por um membros da família real desleal, será apagada da história!

Houve gritos e aplausos altos. Mesmo assim não pude me mexer ou dizer nada.

Ao meu lado Andryas e  — recém chegado —, Leônidas, já haviam parado de tentar chamar minha atenção para outro local que não o altar no centro da praça, e postaram-se ao meu lado, apenas aguardando aquele final eminente para um traidor.

— Que sua cabeça decapitada e seu corpo inerte sejam uma prova e um aviso de que nem mesmo as famílias reais, estão acima da lei e da lealdade para com seus reinos.

O escrivão continuava ler a sentença, o carrasco preparava a alavanca que permitiria que a imensa lâmina descesse mas, minha atenção continuava focada naqueles pares de olhos azuis acinzentados. Não havia dor neles, nem mesmo diante de todos ematomas em seu rosto. Não havia medo, nem mesmo diante da multidão enfurecida. Mas acima de tudo, não havia receio, vergonha, ou arrependimento ao me encarar, apenas... esperança. Pura e destemida.

Como se ainda fosse possível, sentir algo por ele. Restava saber se era algo bom, ou ainda mais ruim do que eu já sentia.

Ao lado do altar jazia um alvoroço. Não precisei ampliar minha visão para ver que Saelor era segurado por dois homens. Não que fosse preciso, ele podia muito bem se livrar de quaisquer obstáculos se realmente desejasse.

—... Por traição, assassinato, espionagem, manipulação, porte de objetos malditos, calúnia e difamação, os seis de sete governantes de Wareeron, hoje, o sentenceiam a morte.

Mais aplausos e urros em aprovação.

— Que os Deuses tenham piedade de sua alma!

E, sem mais delongas a alavanca foi puxada.

Sétima Filha - Traída Onde histórias criam vida. Descubra agora