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Novamente em uma sala repleta de governantes. Eu já estava esgotada.

- Gostaria de poder lhes oferecer um chá quente, como um bom anfitrião, mas acho que temos coisas mais importantes a discutir neste momento. 

Urick falava, calmamente, como se proferir poucas palavras fosse um jogo emocionante por poder. Mas de fato, percebi, era. Em cada jogada havia um nível diferente de estratégia.

Eu só estava aprendendo a os perceber ainda.

- Não tenho o dia todo, Urick. - Kaiou falou, com ironia.

- Certo, você tem muitas empregadas do templo para corromper ainda hoje. Havia esquecido-me deste detalhe...

- Urick... - Avisou Kaiou.

O rei de Aurindn riu com vontade, passando a contemplar a sala repleta de outros reis, até seus olhos focaren-se sobre mim.

- Mas, pelo visto, não é só você que irá ter que confessar os pecados ao deitar-se hoje, meu caro. - Cantarolou com escárnio.

- Não mude de assunto, seu verme! Diga logo por que resolveu reunir a todos. Ou queria apenas uma platéia para seu pequeno espetáculo privado? - Saelor titubeou.

O rei, que antes tinha uma expressão de escárnio sobre a face onipotente, mudara tão repentinamente de expressão que em poucos segundos tudo e todos calaram-se, tornando o ar pesado e difícil de respirar.

- Forceu caiu - Falou ele, sem um pingo de piedade dando de ombros. - Foi totalmente ocupada pelas criaturas sombrias.

Ao meu lado, Saelor deixava seus ombros caírem em derrota.

- E aqueles que residiam por lá? - Surpreendentemente, foi Néferetty quem interrompeu o silêncio pesado que havia se formado novamente. - Todos... Se foram?

- Não - Respondeu Urick, entediado.

Por fim, soltei um suspiro com o fôlego que nem ao menos sabia que segurava. Assim como os outros dentro daquele mesmo salão.

Mesmo assim, as expressões sombrias sobre o rosto do Rei de Forceu não o deixaram.

- Alguns lutaram para salvar suas familias até sucumbir. - Continuou Urick, sem nenhuma emoção na voz. - Outro simplesmente desistiram de lutar. - Era tudo muito, emocionante para ele. Como a víbora que era, Urick se demorava em cada detalhe, os descreviam com palavras bem pensadas, apenas para atingir o Rei, agora, sombrio ao meu lado. - Mas a grande maioria simplesmente fugiu para outros reinos. Como ratos em um barco afundando.

Ninguém - Ninguém naquela sala fizera siquer um esforço para o interromper.

Saelor fincava seus dedos dentro das mãos fechadas em punhos tão fortes que ouvi seus ossos rangerem. Seu maxilar está trincado, como se houvessem o sondado.

- Bem, - Continuou Urick, e eu só queria que ele se calasse. - Paresse que uma pequena parte resolver afundar, nobremente, junto com o barco, escondendo-se atrás dos grandiosos muros da cidade murada. - Em nenhum momento a emoção passara por sua voz. - Deles, não temos informações.

Houve um silêncio tão pesado e expresso que quase era palpável. Então Saelor gargalhou. GARGALHOU ao final das falas de Urick, pegando a todos nós de surpresa.

- Você realmente pensou em tudo. Tenho que o parabenizar por isso. - Saelor levantou o olhar, ainda com um sorriso de escárnio em seu rosto. - Mas, não é para chorar ou lamentar mortes que todos nós estamos reunidos. - Tamanha indiferença me atingira como um soco na boca do estômago. - Estamos aqui para evitar que isso aconteça com mais algum dos 6 reinos remanescentes!

Sétima Filha - Traída Onde histórias criam vida. Descubra agora