Você pode me ver?

2.1K 241 184
                                    


  Hey pessoal!

Sei que eu disse que o primeiro capitulo seria somente na quarta, mas já tenho alguns capítulos revisados então por que deixar para amanhã o que podemos publicar hoje? Hehe

Gente como vocês sabem o livro não estava terminado e eu tive que dar uma parada por algum tempo então todos os capítulos serão publicados novamente e estarei alterando todos eles. Então preparem-se para muito aperto no coração porque vocês já me conhecem ne? Gosto muito de um drama e vem muito por ai :) #CoracaoNaMao

Bjos!

Tay       

                                           ⋅⋆⊱╌╍╌╍╌⋇❬✛❭⋇╌╍╌╍╌⊰⋆⋅ 

POV: Megan

Seus olhos pousaram sobre os meus surpresos. Essa era a primeira vez que ele olhava para mim. Durante todo esse tempo... Jamais havia pensado em como seria esse momento porque ele jamais deveria ter acontecido. Não está permitido pensar sobre isso. Não era para isso que estávamos ali. Não era para isso que existiamos. 

Sua expressão de dúvida intensificou-se quando estendi a mão na sua direção e, pela primeira vez, ele realmente pode me ouvir.

— Pare.

O som da minha voz, mesclado com o ruido dos carros logo abaixo e com e com o bulício do vento, soou estranho em meio a noite repleta de estrelas e suas mãos aferraram-se a barra de ferro. Franziu a testa frustrado deixando que um tornado de emoções eclodisse em apenas alguns segundos em sua expressão antes de converte-la em algo vazio novamente. Apertou as barras geladas de ferro que o separavam da queda. Os pés perigosamente apoiados na terceira barra, escalando para uma viagem sem volta. Lá embaixo agora tudo era silêncio. Um convite tentador para quem vivia entre o caos e os sons sem fim.

Desviou os olhos dos meus e fitou a rua quase deserta abaixo. Alguns caminhões passavam esporadicamente e iluminavam a noite coberta de pontos luminosos sobre nossas cabeças.

— Eu não sei quem é você ou como descobriu onde eu estava, mas fica fora do meu caminho.

Senti a dor em sua voz chocar-se contra o meu peito espalhando-se quente como nunca jamais algo havia feito antes. Levei a mão ao coração instintivamente, confusa pela súbita sensação de fraqueza, confusa por essa dor repentina cuja teoria eu conhecia, mas que jamais havia experimentado antes enquanto dava um passo incerto em sua direção.

— Você não tem que fazer isso... — Minhas mãos tremiam. Dentro do meu peito algo batia intensamente. Haviam me dito como se sentia. Havia escutado histórias sobre outros como eu, que haviam quebrado as regras e que haviam sido condenados a vagar nesse mundo que não os pertencia sozinhos. Mas eu não estava preparada e aquilo não fazia sentido... Por algum motivo meu peito parecia a ponto de explodir.

— O que quer de mim? — Deixou o ar escapar pesadamente. Suas mãos aferraram-se a fria barra de ferro deixando os nós dos seus dedos brancos. Seus olhos fecharam-se fortemente como se aquela pergunta não lhe importasse de verdade em absoluto. — Quem te mandou aqui? Quanto te ofereceram para me seguir?

— Você não acreditaria se eu te dissesse.

Fitou-me e um sorriso cínico brincou em seus lábios. Como se tudo o que eu dissesse fossem somente segundos que o separavam do inevitável.

—Tudo bem. — Respondeu pousando os pés na quarta barra. —Já não importa.

Vi seu corpo precipitar-se e por um momento achei que o via cair. O que quer que estivesse martelando em meu peito passou a esmurrá-lo dolorosamente. Levei a mão à tela fina do vestido sobre esse palpitar pungente e senti as pulsadas quitando-me o ar. Senti o rosto molhado salgando meus lábios segundos antes de alcançá-lo.

Aferrei-me ao tecido pesado da sua jaqueta e puxei-o de volta de encontro a mim. Por alguns segundos seus olhos encontraram os meus e achei que poderia me reconhecer em meio à perplexidade que eles abrigavam. Logo a raiva e a confusão dominaram sua expressão enquanto sua respiração pesada batia de encontro a minha.

Havíamos vivido durante toda a vida juntos. Desde o primeiro suspiro até as primeiras palavras, desde as primeiras noites sem sono até as primeiras quedas. Eu conhecia cada parte da vida dele, mas ele não sabia nada sobre mim. O observava de perto com passos inaudíveis e embora ele jamais tenha tido conhecimento o seguiria onde quer que ele fosse.

E pelas noites, quanto ele achava que ninguém estava vendo... Quando ele fechava os olhos e o ar lhe faltava, eu estava ali.

Sempre estaria.

Caímos pesadamente sobre o concreto da ponte e senti minha cabeça chocar fortemente contra o piso. Sua expressão continha algo entre o aturdimento e a irritação crescente, mas antes que eu pudesse explicar senti meus olhos pesarem para logo fecharem e seu rosto desapareceu.

No mundo cada ser humano nasce com um anjo da guarda ao lado. Não sabemos como é feita a seleção. Não temos direito a perguntas. Eu havia conhecido Collin mesmo antes de seus pais. Durante toda a minha existência assegurei-me de mantê-lo nos trilhos, mesmo que a tarefa fosse insuportavelmente mais difícil do que eu poderia imaginar porque entre todas as pessoas, Collin Hill era uma incógnita difícil de decifrar para a maioria delas, mas não para mim.

Desde pequeno a alma de Collin brilhava mais que qualquer uma que eu já tivesse visto.

A primeira vez que me dei conta de que esse brilho esvanecia tínhamos apenas oito anos. Estava senda ao seu lado vendo-o brincar com carrinhos em frente à TV da sala enquanto sua mãe observava fixamente um comercial dedicado a produtos infantis na TV. Naquele momento ela também soube que Collin tinha algo singular e desde então nossa vida nunca mais foi a mesma.

A rotina passou a ser passado. Desde comerciais de TV a pequenas participações em filmes até se tornar o vocalista de uma das bandas de pop rock mais famosas do país. Cada segundo era controlado. Não existia uma vida sem agenda, agentes, horários. Não existiam palavras sem um sentido e sem pensar. Cada movimento dele custava dinheiro, cada palavra dele poderia custar sua reputação, cada gesto poderia abalar aquele império construído pela mulher que lhe havia dado a vida, mas que por algum motivo já não parecia fazer parte dela.

Durante todo esse tempo, quando ninguém mais podia vê-lo, vi seu brilho desaparecer até tornar-se uma chama débil no meio dos seus dezoito anos de vida.

Ninguém conhecia Collin Hill realmente. As capas dos jornais diziam que ele estava perdendo o apoio dos fãs, as revistas difundiam seu caráter difícil e as brigas constantes com seus companheiros de banda. Os programas de TV discutiam se Collin deveria ser um modelo para os jovens que o seguiam.

Ninguém sabia das horas que ele passava sozinho escutando as músicas que jamais cantou. Ninguém jamais havia se preocupado em ler as letras que ele havia escrito e ninguém conhecia. Ninguém ousou perguntar se Collin queria fazer parte da própria vida ao invés de interpretar um papel dentro dela.

Às vezes eu só queria que ele soubesse que eu estava ali. Que nos momentos difíceis, quando ele finalmente sentia que podia respirar, eu estava segurando sua mão. Mas é claro, isso era contra as regras.

Somos anjos. Algo que muitos humanos crêem, mas não parecem estar seguros.

Às vezes podem sentir-nos, mas jamais terão a certeza se somos reais ou não.

Durante dezoito anos fui invisível.

Mas agora, por algum motivo, ele podia me ver.

Antes que eu desapareçaOnde histórias criam vida. Descubra agora