Plano

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POV: Megan

Pude ouvir a voz de Marcela ecoando até o quarto, chocando-se dura contra as paredes e rebotando entre o espaço vazio.

— No que estava pensando?! No que demônios estava pensando Collin?!

Silêncio.

— Como pode tomar sozinho uma atitude tão egoísta quanto essa? Como pode ser tão impulsivo sem pensar nas conseqüências? Achei que você estivesse aprendendo como suas ações podem rebotar contra você e contra todas as pessoas que te rodeiam depois!

Silêncio.

Eu sabia que ele estava agüentando. Sabia que estava mantendo a cabeça baixa enquanto recebia a culpa de tudo sem questionar. Sabia que ele estava suportando. Collin sempre suportava.

— O que devemos fazer agora? — Sua voz não conseguia demonstrar toda a ira que ela estava sentindo. Eu sentia cada vibração transtornada que seu corpo emanava em minha própria pele. — O que você sugere agora que todos os jornais estão atras do por que você tem saído de lugares no mínimo duvidosos com essa completa estranha? O que diremos Collin? Por que exatamente a trouxe aqui de volta?

— Vou pensar em algo.

— Ah você vai sim. — Escutei o ruido das chaves e logo passos apressados de salto ao chocar-se fortemente contra o piso. — Você tem ate amanhã para me dar uma solução. 

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Observei a porta abrir lentamente e não pude me mover. Sentia-me aterrada. Durante toda a minha existência meu único dever foi manter Collin Hill nos trilhos. Durante toda a minha existência minha responsabilidade foi cuida-lo e ajuda-lo a passar por cada desvio em seu caminho, por mais tortuoso que fosse.

Na noite em que vi seu corpo pender perigosamente sobre aquela ponte soube que tinha falhado.

E agora, enquanto sua vida virava de ponta a cabeça por minha culpa soube que tinha falhado mais uma vez.

Talvez o motivo de eu estar ali fosse exatamente esse.

Eu havia falhado terrivelmente em proteger a Collin.

— Aqui. — Colocou uma bandeja sobre a mesa do quarto com um prato de sopa em cima e um copo de suco. — Deveria comer alguma coisa. Talvez se sinta melhor amanhã. 

Fitei o prato a minha frente e senti os olhos queimarem. Não me movi. A voz de Marcela rebotando por toda a casa ainda ecoava na minha cabeça. Seu silêncio enquanto ela o cravava de perguntas que ele não sabia responder a meu respeito ainda me quitava o ar.

— Obrigada.

— Claro.

— Não. — Fitei-o finalmente saindo do torpor em que me encontrava. — Quero dizer, obrigada de verdade.

Assentiu em silêncio enquanto observava a noite pelo vidro da janela fechada do quarto.

— Já não chove lá fora.

— A chuva não dura para sempre.

Fitou-me com um olhar cumplice e assentiu.

— Então de que planeta você veio? — Observou-me com cuidado e se sentou na cadeira a minha frente, empurrando a bandeja na minha direção. Em seus lábios um meio sorriso lutou por ocultar-se, mas perdeu a batalha. 

Antes que eu desapareçaOnde histórias criam vida. Descubra agora