Nota da autora: Hey pessoal! Espero que estejam gostando do livro Queria dizer que já estamos nas páginas finais e essa historia tem dois finais. Ainda não sei qual usarei, mas sei que um deles deixara muitos corações partidos então... Nos vemos em breve.
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POV: Megan
5 dias antes que eu desapareça...
Senti meu corpo latejar sutilmente, como pulsações sutis que te dizem que algo esta errado, mas que não chegam a te derrubar completamente.
Sentei-me na cadeira no fundo da sala e fechei os olhos sentindo meu pulso acelerar enquanto aquela sensação incômoda de dormência crescia pelo meu corpo. Fitei minhas mãos e as observei desaparecer na luz cálida da sala.
— Tome querida. — Escutei com pavor a porta da sala ao abrir-se, mas respirei aliviada ao dar-me conta de que era Fátima. Colocou uma xícara de chá na mesinha a minha frente e me observou com tristeza. — Vai se sentir melhor depois que tomar isso. — Suspirou com um sorriso nos lábios observando com pudor minhas mãos que tremiam. — Megan... — Sua voz era baixa Ela não queria dizer o que ia dizer, mas continuou mesmo assim. — Você só tem mais cinco dias querida... O que... O que podemos fazer?
Pousei a mão sobre a sua e ela a apertou forte enquanto desviava os olhos dos meus para ocultar as lágrimas.
— Eu vou ficar bem. — Assegurei enquanto ela negava soltando um palavrão baixinho. — Eu não fui um completo desastre depois de tudo. — Revirei os olhos e ela sorriu finalmente diante da minha confiança. — Eu o salvei, não foi? Eu estive lá mesmo quando já não estava apta para protegê-lo. Isso tem que significar algo. Tenho certeza que ficarei bem.
Assentiu secando uma lágrima fujona e se levantou de pronto, estalando os dedos na frente do meu rosto.
— Ok! O que ainda esta fazendo aqui? Você deveria deixar agora mesmo esse lugar e... — Pensou um pouco e me fitou com um sorriso. — Fazer o que quiser.
Levantei-me assentindo enquanto observava a pequena sala de funcionários ao redor. Aquele lugar me havia mantido nos trilhos quando tudo o que eu precisava era esquecer. Havia me dado a possibilidade de ajudar a Fátima e seu marido por mais que eles negassem e havia permitido que eu o visse, embora nada tivesse mudado a meu favor.
Mas quando sabemos exatamente quanto tempo ainda temos, lugares e coisas se tornam supérfluos.
Era hora de me despedir.
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Fitei os números luminosos acima do elevador enquanto esperava. Não pude focar os números e senti minha vista embaçar enquanto respirava com certa dificuldade. Fechei os olhos tentando controlar o que vinha sendo cada vez mais freqüente e apertei o livro que tinha nas mãos contra o peito. Outro livro onde um anjo se apaixonava por uma humana... O mundo estava cheio de histórias assim, mas nenhuma era real. Era por isso que eu deveria desaparecer no final? Porque ousei desafiar a realidade?
Senti a sensação de torpor caminhar sobre o meu corpo como uma corrente elétrica e estremeci diante da possibilidade de alguém me ver. Fitei novamente o painel luminoso do elevador e suspirei aliviada quando as portas se abriram, mas fui impedida de seguir quando alguém me puxou rapidamente em direção a saída de emergência.
Fitei seu rosto parcialmente oculto por trás dos óculos escuros e do boné e senti o corpo relaxar de imediato enquanto a sensação incômoda de dormência me abandonava. Fitou sua mão no meu pulso e se afastou reticente, entregando-me de volta aquela impressão estranha que vinha me acompanhando.
— Preciso que me ajude. — Tirou os óculos e suspirou. Sua expressão fez meu coração pulsar mais de devagar e apertado no peito. — O Pedro desapareceu. Não consigo encontrá-lo. — Mordeu os lábios e me fitou com preocupação. — Ele passou a semana toda dizendo que eu tinha que encontrar você. Achei que você pudesse saber... Eu já procurei por todos os lugares possíveis. Ele simplesmente saiu enquanto eu me arrumava para leva-lo a escola hoje e não consigo encontrá-lo.
Procuramos em todos os lugares onde Pedro poderia estar. Desde a escola até a casa de cada um de seus amigos. Do parque onde eu costumava leva-lo ao lado do condomínio de Collin até a sorveteria a algumas quadras dali.
Demos incontáveis voltas na Lagoa, onde ele poderia passar horas andando de bicicleta e gritamos seu nome enquanto a noite caía.
— Ele não pode haver ido tão longe não é? Ele é só uma criança.
Seus olhos encontraram os meus esperando que eu pudesse lhe dar qualquer resposta. Senti o peito arder diante da sua aflição e estendi a mão para tocar a sua, mas recuei imediatamente. Não queria perturba-lo ainda mais.
— Vamos encontrá-lo.
Fitou-me como se pela primeira vez desde que havia despertado realmente me visse e assentiu e eu soube que ele estava lutando por confiar em mim naquele momento.
E eu não queria desapontá-lo.
Uma hora e meia depois tudo o que tínhamos era um céu repleto de estrelas e a lua que refletia sobre a escura lagoa a nossa frente.
Eu estava encontrando dificuldades para respirar e meu corpo já não me obedecia como antes. Às vezes me sentia apagar como se já não existisse em absoluto, mas logo depois eu estava completamente ali e me sentia insanamente sozinha.
Fitou-me por cima dos ombros enquanto eu apoiava as mãos nos joelhos para recuperar o fôlego enquanto corríamos pelas ruas do bairro.
— Você está legal?
Assenti, apressando-me até seu lado. Observou em dúvida enquanto eu tossia e lutava por um pouco de ar e fitou os carros que passavam na sua a nossa frente.
— Acho que devemos parar. — Disse por fim. — Vou reportar a polícia.
Observei seu rosto preocupado e a briga que estava travado consigo mesmo tornou-se evidente. Collin amava o irmão. Amava o suficiente para suportar outro escândalo em sua vida se isso fosse trazê-lo de volta.
— E sobre seu pai? — Fitou-me surpreso enquanto assimilava a pergunta e seus olhos começavam a brilhar lentamente em entendimento. — Pedro é muito mais inteligente do que admitimos, ele ficaria insuportável se fizéssemos isso. — A sombra de um sorriso brincou em seus lábios e sorri de volta, sentindo o peito esquentar confortavelmente. — E se ele encontrou uma maneira de chegar até o hospital sozinho?
Fitou-me relaxando com um sorriso enorme nos lábios enquanto assentia.
— Precisamos ir. — Disse tomando a minha mão e caminhando rapidamente até a esquina onde fez sinal para que um táxi parasse.
Observei o relógio no rádio do táxi marcar 24hs no exato momento em que sua mão soltou a minha após entrarmos no carro.
4 dias.
Me peguei pensando quantas páginas de um livro minha historia teria até o final.
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Antes que eu desapareça
FantasyTodas as pessoas nascem com um anjo da guarda ao lado. Permanecemos juntos durante boa parte da nossa existência. Não temos um nome, não podemos ser vistos, mas estamos ali. Cuidando cada passo, desde o começo e em alguns casos até o final. Foi ass...