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POV: Megan
A tensão no carro era quase palpável. O silêncio parecia gritar-me e dizer que havia feito tudo errado. Por que ele não acreditava, não era mesmo? Porque agora ele nem sequer olhava para mim. Ou porque talvez acreditasse e talvez fosse demais...
Apertei uma mão contra a outra sobre a tela do vestido no banco do carona, observando a rua e as luzes a minha frente tão concentrada em não desviar meus olhos para seu corpo aflito ao meu lado que senti meus olhos arderem.
Escutei seu suspiro de alívio quando entramos no estacionamento do prédio e ele pode finalmente parar o carro e afastar-se de mim. Tomamos o elevador sob aquele silêncio inquebrantável e escutei com nervosismo o som tímido da chave ao abrir a porta do apartamento.
A escuridão nos recebeu e o segui tentando ser invisível novamente. Desesperada por fazer alguma coisa, qualquer coisa, que o colocasse de volta nos trilhos. Supõe-se que deveria ajuda-lo, mas desde o inicio tudo o que eu havia feito foi complicar ainda mais as coisas.
— Marcela quer que estejamos em uma entrevista amanhã, para uma dessas revistas adolescentes. — Sua voz não continha nenhuma emoção. Senti meu coração apertar tanto dentro do peito que achei que pudesse desaparecer lá dentro. — Vamos dizer que estamos terminando. — Concluiu e pela primeira vez meus olhos encontraram os seus desde que saímos da praia. — Marcela vai surtar, mas não se preocupe, vou resolver isso.
— Collin...
— Não Megan. Só... — Respirou fundo e seus olhos encontraram os meus em meio a escuridão. Sua voz suavizou-se e senti o tremor nela na medida em que ele se afastava alguns passos de mim. Como se não houvesse espaço suficiente naquela sala para os dois. — Megan... — Senti sua aflição chocar-se contra mim e dei um passo em sua direção, mas ele recuou. — Eu fiz isso. — Seus olhos não desviaram-se dos meus, mas o senti fraquejar. — Eu te trouxe aqui. Sinto muito...
Não fui capaz de mover-me. Estava gelada e essa sensação fria e desconcertante percorria todo o meu corpo mantendo-me estática como se estivesse plantada ao piso daquele lugar.
— Me sentia perdido, estava fora de controle. — Sua voz agora parecia distante, como se estivéssemos em diferentes dimensões. — Na noite onde te encontrei havia decidido deixar tudo pra trás. Fui covarde o suficiente para me entregar. Perdi as forças e já não me importava não lutar. E no meio do meu fracasso rezei para que estivesse errado sobre tudo. Errado sobre a minha vida, errado sobre mim. Eu só... Fechei os olhos e então te vi... — Seus olhos sustentaram as minhas duvidas enquanto ele continuava. — Megan no dia em que me afoguei... Aquela foi a primeira vez que te encontrei. Não me lembrava como você era, estava assustado e desesperado por voltar a superfície, mas sempre soube que você era real. Jamais contei aquilo para ninguém porque todos tentariam me convencer de que tudo havia sido a causa do trauma. Mas eu sempre soube... Então eu simplesmente rezei para estar errado na noite em que certamente haveria tomado a pior decisão da minha vida e desejei que você pudesse estar ali, exatamente como anos atras, e que pudesse segurar minha mão exatamente como havia feito. E então você apareceu. Uma garota completamente insana me dizendo que eu não poderia saltar... Acho que soube desde o inicio que sem importar as mentiras e os segredos, não poderia te deixar sozinha naquela situação por que eu havia chamado por você.
Senti uma lagrima molhar meu rosto e logo outra... Eu não havia feito nada errado. Eu não havia fracassado.
Não pude evitar sorrir enquanto a apreensão de todos aqueles dias abandonava meu corpo.
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Antes que eu desapareça
FantasyTodas as pessoas nascem com um anjo da guarda ao lado. Permanecemos juntos durante boa parte da nossa existência. Não temos um nome, não podemos ser vistos, mas estamos ali. Cuidando cada passo, desde o começo e em alguns casos até o final. Foi ass...