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POV: Megan
Observei os médicos saírem do quarto tirando as luvas e as mascaras com um sorriso no rosto enquanto Barbara deixava o corpo cair exausto em uma das cadeiras de plástico no corredor e Nora corria para despertar Pedro, que havia adormecido.
Senti a pressão constante que o medo havia instalado em mim desvanecer aos poucos até que finalmente pude deixar de chorar.
Limpei o rosto com a manga do casaco de moletom que estava vestindo e caminhei lentamente em direção ao seu quarto vendo Pedro passar pela porta ainda soluçando e escutando sua voz gritar seu nome para logo depois ser repreendido por sua tia pelo alvoroço.
Seu rosto parecia cansado, e ele tinha muitas perguntas, mas seu sorriso estava ali. Fitou o rosto vermelho e inchado do irmão e deixou que Pedro apoiasse a cabeça em seu peito enquanto movia-se com dificuldade e fitava sua mãe que apenas podia manter-se em pé depois do que lhe havia passado. Os olhos de Beatriz cruzaram-se com os meus e ela os estreitou, caminhando decidida na minha direção.
— Olha esse não é o melhor momento para entrevistas ou... — Fitou a minha roupa transpirada e meu cabelo desarrumado. — Seja lá o que for. Sera que não podem respeitar o que passamos? Não podem deixa-lo em paz para que se recupere?
Assenti observando por cima do ombro dela e não pude evitar sorrir com ele quando seu sorriso ecoou pelo quarto ainda que frágil com algo que Pedro lhe havia dito.
— Não sei como conseguiu entrar aqui, mas não esta permitido estranhos ok? — Pousou a mão sobre a porta para fecha-la, mas foi interrompida pelo gripo de Julia que corria pelo corredor em sua direção parecendo totalmente diferente da diva teem que era na TV. Sem maquiagem e com uma calça jeans desbotada ela parou na frente de Barbara com lagrimas nos olhos.
— É verdade? Ele acordou?
A expressão de Barbara Hill suavizou-se ao fitar a menina assustada a sua frente e ela assentiu, deixando que Julia passasse para fechar a porta logo em seguida.
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Sentei-me no ponto de ônibus na frente do prédio de Collin. Exatamente onde ele havia me encontrado naquela tarde de chuva onde decidiu me levar para o se apartamento pela primeira vez. Exatamente como naquele dia, eu não tinha aonde ir. O porteiro já não me reconhecia e eu tinha saído de casa com nada mais do que a roupa que estava vestindo e o celular que Collin havia me dado.
Não havia para quem ligar.
"Quando ele despertar tudo o que ele conhece sobre você terá desaparecido assim como a memória de todos que um dia souberam da sua existência na vida de Collin."
Senti os olhos pesarem por mais que soubesse que deveria permanecer desperta. Estava cansada e minha energia se havia esgotado. Sentia meu estômago protestar e estava faminta, mas sabia que deveria manter-me alerta. Era madrugada e não era seguro.
Fitei o anel que Collin havia me dado e o tirei do dedo colocando-o no cordão que tinha no pescoço e o escondendo dentro do casaco de moletom.
Não sei em que momento adormeci naquele banco, mas quando abri os olhos novamente ja era um novo dia.
Caminhei sem perspectiva pela cidade enquanto me dava conta de que a maioria das pessoas ao redor sabia exatamente aonde ir. Estavam atrasadas para seus trabalhos, estavam caminhando com seus filhos para a escola, estavam voltando do mercado com compras para casa. Todos passavam por mim sabendo exatamente o que fazer, mas eu não tinha idéia. Eu não sabia.
Parei diante da TV em uma loja de eletrodomésticos e estanquei. A jovem apresentadora na tela informava com expressão neutral que o musico Collin Hill, quem havia sofrido um acidente de carro dois dias antes, encontrava-se em estado estável depois de sofrer uma cirurgia e sair do coma e que sua recuperação rápida era considerada quase milagrosa pelos médicos.
Toquei seu rosto na tela enquanto um vídeo de alguns segundos de uma de suas músicas tocava e senti alguém esbarrar em mim, despertando-me do meu torpor.
Meus passos me levaram ao único lugar onde alguém ainda me conhecia.
Sentei-me na recepção enquanto via as horas passarem no relógio. Me sentia atordoada de fome e cansaço, mas mantive meus olhos atentos no elevador. Essa era a minha única saída.
Já passavam das 18hs quando a vi sair. Com um vestido laranja nada discreto, caminhou ate a porta do prédio despedindo-se com um sorriso apagado do porteiro que sorriu simpático de volta e tirou a chave de um carro de dentro da bolsa. Apressei-me em segui-la ate que finalmente a pude alcançar do lado de fora do edifício.
Virou-se assustada na minha direção quando toquei seu ombro.
— Megan?! — Seus olhos brilharam e ela suspirou aliviada. — Ah querida! — Tocou meu rosto preocupada enquanto me observava com mais atenção. — Ahhh querida eu sinto muito! Eu sinto tanto!
Assenti enquanto deixava que ela me abracasse e me guiasse ate seu velho fusca roxo e bem cuidado que combinava totalmente com a sua personalidade chamativa.
Dirigiu por por ruas que eu desconhecia e apoiei a cabeça no vidro, fechando os olhos por fim e adormecendo.
Despertei-me na frente de um edifício de cinco andares. Apesar de simples, o lugar parecia acolhedor embora eu não tivesse a mínima certeza de onde estava.
— Venha querida. — Disse ajudando-me a sair do carro. — Você precisa comer algo e descansar.
— Obrigada. — Fitei-a com gratidão enquanto a seguia ate a portaria.
— A propósito. — Disse entrando no pequeno elevador. — Meu nome é Fátima. — Sorriu apertando o botão do terceiro andar.
O apartamento era pequeno e aconchegante. Um cheio adocicado de torta fez meu estômago roncar e Fátima sorriu, pedindo que me sentasse enquanto ela voltava com roupas limpas e uma toalha para que eu pudesse me banhar.
Sentei-me no sofá sem mover-me. Não queria incomodar ou ser um peso para ela.
— Então é você?
Um homem de barba e sorriso amplo parou a minha frente com um charuto nos lábios e um pano de prato na mão. Seu olhar cálido e sua áurea brilhante captaram minha atenção de imediato e me levantei de um salto.
— Desculpa eu...
— Essa é a Megan. — Fátima me entregou uma muda de roupa e uma toalha limpa e piscou para o homem a minha frente. — Tome querida, o banheiro fica por ali. Volte depois para comer algo.
Assenti agradecendo e caminhando na direção onde ela havia apontado em silêncio.
A torta estava incrível, mas não pude de fato dizer que estava realmente ali enquanto Fátima e seu marido conversavam a minha frente na mesa de quadro lugares da cozinha. Meus olhos estavam fixos na TV e em seu rosto, que aparecia em todos os lugares.
— Você conseguiu querida.
Fátima tocou minha mão sobre a mesa e a fitei com lagrimas nos olhos. Senti-me sufocar ao ponto de sentir o peito arder. Sentia sua falta... Sentia tanto sua falta que mal podia pensar.
— Tenho certeza de que ele se lembrará.— Fitei o homem de sorriso amável a minha frente e quis acreditar nele. Ele parecia tão seguro que agarrei-me aquela afirmação com todas as minhas forcas.
— Por que não descansa um pouco? — Fátima me acompanhou ate o sofá, onde havia feito uma pequena cama para mim. — Amanha sera outro dia e eu vou te ajudar. Vou pensar em algo querida.
Assenti deitando-me e fechando os olhos.
Deixei que minha imaginação me levasse ate ele e nela ele não havia me esquecido.
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Antes que eu desapareça
FantasyTodas as pessoas nascem com um anjo da guarda ao lado. Permanecemos juntos durante boa parte da nossa existência. Não temos um nome, não podemos ser vistos, mas estamos ali. Cuidando cada passo, desde o começo e em alguns casos até o final. Foi ass...