Sensações do passado

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                                                                                  POV: Collin

Marcela me observou pelo espelho do carro e embora estivesse usando seus imensos óculos escuros de abelha eu sabia que estava estreitando os olhos pelas linhas que se haviam formado em sua testa.

— Aquele foi um beijo bem realista.

Desviei o olhar para a janela, observando como os carros passavam em direção ao lado oposto na pista ao lado.

— Não que eu esteja reclamando. — Completou. — Eles caíram direitinho e a mídia está louca com vocês. Temos recebido muitas propostas para comerciais de casais e a sua reputação... O que posso dizer? Você passou de ser essa pessoa controversa a ser novamente o príncipe encantado pelo qual qualquer garota se apaixonaria. Temos que treiná-la para conseguir manter essa mentirinha por mais tempo, talvez um mês, e sua reputação estará salva e intacta novamente. Além disso, agora que seu rosto está aparecendo como luzes florescentes diante dos holofotes e longe de todas essas matérias negativas, acho que é bem provável que alguém de sua família ou algum conhecido apareça, o que nos permitirá entregá-la sã e salva e inventar uma mentira qualquer sobre o término do namoro de vocês. Algo que te beneficie é claro. Nos livraríamos de duas coisas ao mesmo tempo, não é perfeito? Quero dizer, conheço uma pessoa oportunista quando vejo uma. Tenho certeza de que ela e quem quer que esteja com ela por trás disso sabia exatamente onde estava se metendo. Mas de certa forma, o jogo esta a nosso favor também, não esta?

Sua voz excitada me gerava uma sensação de desconforto. O tamborilar dos seus dedos no volante do carro não melhorava em absoluto a sensação estranha que eu vinha sentindo durante toda aquela frustrante tarde de compromissos no dia seguinte apos o programa.

— Não acho que devemos seguir com isso.

Tirou os óculos e me fitou intrigada. Não pôde tragar o que estava prestes a dizer então soltou tudo de uma vez.

— Collin Hill não ouse colocar tudo a perder novamente. Isso eu não vou permitir.

Coloquei o boné sobre o rosto e encostei a cabeça no banco fechando os olhos em seguida. Eu não entraria naquele joguinho. Conhecia Marcela bem demais para saber que terminaria perdendo.

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Sentia-me massacrado. Havia passado mais de dez horas na gravadora e havia aturado toda e cada indireta de Lucas, respondido toda e cada pergunta sobre a entrevista para o programa no dia anterior e sorrido para toda e cada pessoa que cruzasse meu caminho.

Guiado por passos mecânicos sabia que ali dentro algo mais gritava lutando por poder finalmente ter uma oportunidade na minha vida, mas esse não era o momento, embora eu soubesse que ele chegaria.

Abri a porta do apartamento e a luz frágil do abajur da sala me recebeu. O cheiro a pizza me recebeu fazendo-me voltar ao passado. Mamãe costumava pedir pizza sempre que se encontrava ocupada demais fazendo planos para a minha carreia. E o momento em que nos sentávamos na mesa para comer uma e cada fatia da maior pizza que podíamos pedir era o único momento em que nada parecia haver mudado. Era o momento em que uma esperança ingênua me dominava dizendo que poderíamos voltar no tempo e que tudo poderia ser como era antigamente.

Antes que eu desapareçaOnde histórias criam vida. Descubra agora