Eu já não estou fingindo

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PS: Com a música fica muito melhor (e tem a tradução também) :)

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                                                                        POV: Collin

Quando era menor e me assustava com a chuva costumava pensar que era muito pequeno em comparação com o resto do mundo. E se a tempestade me alcançasse? E se me visse ilhado e sem saída quem em todo esse mundo poderia ficar quando nem mesmo meus pais haviam ficado?

Apoiei a cabeça na parede fria escutando como as enfermeiras corriam pelo corredor e Marcela tentava deter a pequena aglomeração de curiosos que não podiam evitar acercar-se para ver de perto como tudo saia do controle. 

Escutei o celular vibrar no bolso e o atendi mecanicamente. A voz do outro lado me surpreendeu.

— Hey baby.

Sua voz quebrou algo dentro de mim. Algo que eu vinha guardando por muito tempo e que já não podia manter mais encerrado.

— Collin está me ouvindo?

— Sim. — Senti o gosto salgado das lágrimas antes mesmo de me dar conta de que estava chorando. Antes mesmo de ter tempo para tentar entender essa sensação de vazio que havia se apoderado de mim. O som cortante do que se estilhaçava dentro de mim fez doer e foi libertador.

— Como ela esta?

— Partindo.

— Precisa fazer algo Collin. Precisa se levantar e fazer algo.

— Por que eu deveria mãe? Você não entende... Não é o que parece... Tudo não passa de um tremendo erro.

— E é por isso que esta sofrendo tanto agora meu filho? Por que não é o que parece? Por que tudo não passa de um erro?

— O que quere dizer com isso?

— Eu vi o programa Collin. E acho que sabe do que estou falando.

— Onde você esta agora?

— Certamente não onde deveria estar querido. Eu sinto muito...

— Eu também. 

Permaneci escutando o som insistente do fim da chamada mesmo depois de minutos, desejando que de alguma forma ela deixasse de sentir tanto, desejando que de alguma forma ela pudesse me dar mais do que palavras e talvez um dia estivesse realmente ali.

É fácil perder-se no meio de pensamentos que você não pode explicar. É fácil dar voltas e voltas na sua cabeça e enlouquecer com equações que parecem não ter resposta. Horas se passaram, exatamente três, até que Marcela tocou meu ombro e com um sorriso frágil e cansado me disse que o susto havia passado.

Girei lentamente a maçaneta da porta e a mesma abriu-se dando-me passo aquele quarto frio.

Naquele quarto tão impessoal a única coisa que me parecia familiar era ela. Surpreendeu-me perceber que já não me sentia estranho ao seu lado embora ainda estivesse bem longe de alguma resposta a seu respeito.

Toquei a costa da mão dela com a ponta dos dedos, assustado pela inércia de quem em tão poucos dias havia entrado na minha vida como um furacão mudando tudo.

— Hey... — Sentei-me na cadeira ao seu lado e por um momento me senti inseguro. Sentia em cada parte de mim que não poderia deixa-la partir, mas não entendia o por que. Me aterrava não entender. Me assuntava estar vulnerável diante de algo que fugia totalmente do meu controle — Ainda me deve algumas respostas, mas agora mesmo nada disso importa por que já não farei perguntas ok? Eu... Sei que acha que lá fora não existe ninguém esperando por você. Sei que já tentou me dizer isso de mil maneiras diferentes, mas... E quanto a Marcela? Ela ficara furiosa quando descobrir que você quebrou o trato antes do primeiro mês. E quanto a Lyrics e todas essas pessoas que esperam que formemos esse casal pegajoso que fará com que a banda venda milhões e conquiste o planeta? — Apertei um pouco sua mão entre a minha sentindo que as palavras se atravancavam enquanto os segundos passavam como se ela já não estivesse ali. — E quanto a mim Megan? Acha que pode voltar e manter a sua promessa? Acha que pode voltar e ficar um pouco mais?

Antes que eu desapareçaOnde histórias criam vida. Descubra agora