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POV: Megan
Sua voz tremia. Pude sentir a frustração que percorria seu corpo e a ansiedade e impotência girando sem parar também em volta de Marcela. Desligou o celular sob o olhar atento de sua representante e Entregou o aparelho a ela abrindo um sorriso, um desses que ela poderia interpretar como um obrigado, ou como qualquer outra coisa. Não lhe importava. Não era um sorriso verdadeiro, mas ele havia aprendido.
Tomou o aparelho de suas mãos delicadamente e assentiu em silêncio. Ela o conhecia tão bem como para saber que ele não diria nada. Não agora. Não estava pronto.
- Vamos para casa Collin. - Sua voz era morna. Não se importou em esconder a preocupação nela, mas respeitou a resposta que não veio, e sem dizer mais nada, nos levou para casa.
Fechou a porta atras de si com um ruido quase inaudível. Permanecemos submersos na escuridão do apartamento, como se não houvesse ninguém ali em absoluto. Sentiu o toque das minhas mãos nas suas e por um instante congelou, como se ainda não tivesse processado a idéia de que realmente havia voltado. Apertei suas mãos contra as minhas sentindo seu corpo tencionar sobre meu toque. Suas mãos soltaram as minhas para logo pousarem em minhas nuca, puxando-me de encontro a si tão rápido que não pude assimilar. Seus lábios encontraram os meus de maneira urgente e tropecei, cambaleando na escuridão enquanto seus braços me sustentavam, devolvendo-me o equilíbrio. Seu coração batia agitado no peito e aquele sentimento de frustração pareceu dominar cada parte do seu corpo. Meus lábios ardiam. Escutei o som de papéis e metal caindo contra o piso no momento em que Collin me colocou sobre uma das baixas estantes da sala. Estava completamente perdida e senti meu peito agitar-se porque não o conseguia encontrar. Em algum momento, durante o caminho entre tudo o que havia acontecido, Collin havia se perdido dentro de si mesmo e essa versão mecânica e irracional havia assumido o controle. Estava no modo automático, como se não estivesse ali realmente.
Meus dedos escorregaram pelos fios do seu cabelo e tentei encontra-lo em meio ao breu, mas suas mãos puxaram-me sobre a estante, escorregando-me de encontro a sua cintura e senti o coração na garganta. O que eu deveria fazer? Eu nunca... Nunca... Senti que o ar me faltava. Estava respirando em intervalos curtos e rápidos demais e mesmo assim não era suficiente. Seus lábios voltaram a encontrar os meus. Aquele beijo não o pertencia. não havia nada de Collin nele. Me assustava, me machucava e tentei sussurrar seu nome buscando-o onde quer que ele estivesse. Senti suas mãos subirem pelas minhas pernas e congelei enquanto minha voz quebrava ao chamá-lo mais uma vez.
Afastou-se como se tivesse despertado de um transe. Acendeu a luz e fitou todos os papéis espalhados pelo chão. Seus olhos percorreram lentamente a desordem ate pousarem horrorizados sobre os meus. Meus lábios latejavam e inúmeros fios de cabelo espalhavam-se pelo meu rosto.
Fechou os olhos negando lentamente enquanto deixava-se cair sobre o sofá.
- Megan eu...
Sentei-me a seu lado e tomei suas mãos entre as minhas. Fitou-me perdido. A expressão presa entre a culpa e a vergonha.
- Vai ficar tudo bem. - O abracei e relutante, apoiou a cabeça no meu ombro. - Você me terá aqui pra sempre.
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Meu rosto estava nas revistas. Ele estava também nos jornais e na TV. A cena do beijo no show da noite anterior parecia repetir-se em todos os lugares e Marcela havia programado uma reunião de emergência. As pessoas queriam saber mais sobre mim. Quem eu era realmente? De onde havia vindo? Quem era a minha família?
Essa eram perguntas que eu jamais poderia responder, mas o tempo estava se esgotando e se eu não quisesse causar mais problemas a Collin precisava inventar algo.
Abri o microondas e tirei o sanduíche de dentro. Aquilo não havia ficado como na embalagem, mas meus dotes na cozinha não eram exatamente impressionantes então me limitei a sentar com o que quer que fosse aquilo na frente da TV, conferindo o relógio a cada segundo ansiando para que "volto logo" significasse já. Sentia a falta dele, mas Collin tinha saído antes mesmo do sol nascer dando uma resposta evasiva sobre onde tinha ido tão cedo.
O primeiro toque foi tão suave que mal pude ouvir entre o ruido do filme e o barulho do vento lá fora. Mas logo veio o segundo algo mais urgente e levantei-me intrigada do sofá caminhando descalça em direção a porta.
Seus grandes olhos dourados me fitaram expectantes. Ele era pequeno, tão pequeno quanto alguém da sua idade deveria ser, mas sua expressão me dizia que eu poderia esperar mais e que não o deveria subestimar pelo seu tamanho. Inclinou a cabeça levemente de lado, como quem analisa um quadro que somente havia visto de longe antes e abriu um sorriso que fez seus olhos brilharem ainda mais.
- Megan.
Sua mochila parecia pesar mais que todo o seu corpo. Segurou firmemente a alça da pequena mala de rodinha que tinha em uma das mãos e passou por mim, em direção a sala, sem titubear.
O segui em duvida enquanto não podia deixar de notar a áurea quase cegante e vivida que o rodeava. Deixou a mala no centro da sala e virou-se novamente na minha direção ainda sorrindo enquanto estendia sua pequena mão para mim.
- Deixe-me apresentar. - Jogou a mochila em cima do sofá e parou a minha frente, segurando a minha mão em um aperto já que eu não me movia. - Eu sou o Pedro, irmão do Collin.
Demorei um pouco para assimilar aquelas palavras porque Collin não tinha um irmão. Ou eu tinha plena certeza de que ele não sabia que tinha um.
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Antes que eu desapareça
FantasyTodas as pessoas nascem com um anjo da guarda ao lado. Permanecemos juntos durante boa parte da nossa existência. Não temos um nome, não podemos ser vistos, mas estamos ali. Cuidando cada passo, desde o começo e em alguns casos até o final. Foi ass...