Início da tarde

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Nota da autora:  Deveriam escutar essa musica (e tem a tradução também) porque ela eh taoooo Collin e Megan!                               

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                                                                      POV: Megan

Marcela o fitou com o semblante pesado, como se realmente estivesse passando por um mal momento ao pedir-lhe isso. Limpou a garganta e mordeu os lábios, afastando-se da mesa onde estivera apoiada na sala e sentando-se a sua frente no sofá.

— Eu não estaria te pedindo isso se...

— Não fosse o melhor para a minha carreira? — Fitou-a com resignação, as mãos apertando as minhas em uma tentativa vā de manter a calma.

— Se não fosse o melhor para você Collin. — A representante completou com tristeza, os olhos fixos nos dele. — Você precisa resolver isso para poder seguir em paz consigo mesmo.

Seu clamor foi seguido pelo silêncio e mesmo quando uma hora depois Collin passou por ela dizendo que deveriam ir, não foi possível prever o que ele faria a seguir.   

Dei voltas e voltas pela sala, roendo as unhas enquanto observava o relógio com ansiedade. 11am. Eles haviam saído duas horas atras. O silencio me atormentava, enchendo-me de perguntas que eu não poderia responder. Aquela manha, depois de deixar Pedro na escola, encontrei Marcela em casa sem maquiagem e com uma noite de sono perdida. Algo a parecia consumir e pela expressão no rosto de Collin, isso parecia muito pior para ele. O fato era que seu pai havia piorado. O Alzheimer havia começado a tomar conta do seu corpo relativamente jovem e o vinha consumindo aos poucos submetendo sua vida a simples lapsos de realidade. Marcela queria que Collin se despedisse enquanto ele ainda estava ali. Ela queria que Collin tivesse a oportunidade de falar com o pai enquanto ele ainda podia compreender.

Collin não estava seguro de querer esclarecer as coisas. Ele tinha medo das respostas.

Observei o relógio marcar as 12hs enquanto olhava pela janela e sentia os raios mornos do sol tocarem meus braços. Se não estivesse tão intranqüila seria uma sensação confortável. Sempre pensei em como seria poder sentir o sol tocar a sua pele. Sempre que estava ao lado de Collin e ele não podia me ver, gostava de sentar ao seu lado com o rosto direcionado para aquela janela, exatamente como ele fazia, imaginando que podia sentir o toque cálido que entrava pelos vidros e que eles refletiam também no meu rosto, exatamente como fazia no dele.

Suspirei fundo, deixando o ar sair lentamente enquanto dava mais um passo em direção oposta, refazendo meu ciclo em direção a lugar nenhum quando a porta se abriu. Estanquei diante da angústia que o invadia. Seus olhos brilhavam entre as lagrimas e elas escorregaram lentamente até seus lábios. Deu um passo em minha direção enquanto eu parava em sua frente, sabendo exatamente agora onde ir.

Apoiou a cabeça no meu ombro, apertando-me o máximo que pode contra si e desejei que eu fosse o suficiente. Desejei que pudesse compartilhar um pouco do que ele estava sentindo para que ele não tivesse que passar por isso sozinho.

— Ele nem sequer... — Sussurrou com a voz embargada. — Durante a maior parte do tempo ele nem sequer se lembra de quase nada.

Afastei-me um pouco para que pudesse encara-lo. Escorreguei os dedos pelo seu rosto e limpei suas lagrimas lutando por manter meu próprio coração em marcha por vê-lo assim.

— Como se supõe que ele me explicara porque desapareceu durante todo esse tempo se ele nem mesmo lembra de que ano estamos?

— Você pode tentar de novo.

— E se eu só quiser esquecer também?

— Eu sei que não é verdade.

Sorriu levando a mão ao meu rosto e seus olhos encontraram os meus. Deslizou os dedos sobre meu rosto, acomodando meu cabelo atras da orelha e pude ver o sol refletido no verde escuro dos seus olhos. Seus lábios encontraram os meus e senti que o calor morno dos raios que incidiam pela janela tocavam minha pele. Senti seu coração acelerar junto com o meu quando minhas mãos escorregaram incertas pelo seu peito. Engoliu em seco, afastando-se apenas alguns centímetros para pousar os olhos sobre os meus novamente. Não desviei os olhos dele. Como poderia? Não me cansaria de olha-lo jamais. Não havia conhecido nada mais incrivelmente lindo do que Collin Hill em toda a minha existência. Suas mãos escorregaram suavemente pela alça do meu vestido, traçando uma linha lenta ate o zíper nas minhas costas, fazendo meu corpo lançar sinais de alerta ao desconhecido. Senti o coração na garganta quando o tecido escorregou ate meus pés, caindo sobre o tapete macio da sala.

— Às vezes ainda não acredito que você é real. 

Pousei as mãos trêmulas sobre sua cintura. Apertei o tecido da sua camisa entre os dedos sentindo o ar faltar quando seus lábios encontraram os meus novamente. Suas mãos puxando-me delicadamente pela nuca enquanto meus dedos deslisavam incertos sobre sua pele, por baixo da tela macia. Deslizei o tecido suave por sua cabeça e senti como se todos os sentimentos do mundo estivessem eclodindo dentro do meu peito enquanto deitava-mos no tapete macio e o sol coloria tudo de dourado. Seu corpo movia-se lenta e suavemente sobre o meu e não pude deixar de sentir que algo havia estado errado comigo antes. Como seria passar toda a minha existência sem conhecer aquela sensação? Como seria jamais sentir que pertencíamos exatamente a momentos como esse? Suas mãos apertaram as minhas sobre o tapete e senti sua respiração entrecortada enquanto seus lábios roçavam os meus. Tocou meu rosto e sorriu quando meus olhos encontraram os seus e meu pulso acelerava também sob a pressão cadente do seu corpo contra o meu. Beijou meu rosto, meus olhos, a ponta do meu nariz e me abraçou forte enquando minha respiração falhava e meu corpo estremecia. Senti meu pulso desacelerar lentamente enquanto uma sensação de paz me invadia. Fitou-me ainda um pouco agitado e relaxou quando minhas mãos tocaram seu rosto, afastando os fios de cabelo dos seus olhos.

— Obrigado por estar aqui. — Sussurrou entre meus labios.

Assenti sorrindo enquanto ele apoiava a cabeça no meu ombro e seu coração voltava a bater ritmicamente sob o sol morno do início da tarde. 

Antes que eu desapareçaOnde histórias criam vida. Descubra agora