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POV: Collin
Tentei fazer o médico entender que eu não tinha como ser o responsável por aquilo. Seus olhos intimidados por baixo das grossas lentes dos óculos de grau pareciam bailar inconstantes em todas as direções, evitando focar-se em mim e na frustrante ira que dançava ao meu redor. Aquela situação toda era tão estranhamente ridícula que me faltavam palavras para expressar o quanto eu desejava poder deixar tudo aquilo para trás.
O timbre do celular vibrando e ecoando pelo quarto fez minha cabeça explodir. O que quer que eu tivesse em mente tinha sido destruído em apenas alguns minutos e agora eu precisaria dar muitas explicações.
— Senhor Hill — Ajeitou os óculos e me olhou atemorizado. A voz contida como quem fala com alguém que não pode compreender nenhuma palavra sequer — Tente me entender... O senhor a trouxe aqui... Como espera que nós...
— Que parte de "Eu não a conheço" você não conseguiu entender? — Minha voz era baixa e ponderada. Eu não podia me dar ao luxo de parecer irritado com toda aquela situação. Aproximei-me um pouco mais do temerário homem de jaleco branco parado a minha frente. — Eu não a conheço doutor. Ela simplesmente apareceu no meu caminho, tropeçou a bateu com a cabeça. O que eu deveria fazer? Deixá-la jogada lá no meio da noite e voltar para casa?
— Não. — Respondeu limpando a garganta e fitando a estranha que eu havia trazido nos braços, e que permanecia desacordada sobre a cama do hospital. — Eu não acho que deveria ter feito isso senhor. Mas tem que me entender. Ela não tem nenhum documento, não temos como identificá-la e já temos alguns repórteres lá fora. Nosso hospital é conhecido por manter um perfil baixo senhor Hill. As pessoas que freqüentam esse hospital não gostam de ter as vidas invadidas por repórteres. Como poderei explicar o fato de você ter entrado com uma completa desconhecida nos braços no meio da noite?
Soltei o ar pesadamente praguejando enquanto sentia a cabeça latejar de impotência. Assegurei-me de manter um sorriso cálido nos lábios quando uma das enfermeiras passou e respondi entre dentes tirando finalmente o celular do bolso.
— Isso não é problema meu.
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Marcela estava histérica. Eu podia ver pelas veias que saltavam em seu pescoço e pelas rugas em sua testa franzida. Colocou a pesada bolsa de marca que levava na mão direita em cima do banco de plástico no corredor e levou o indicador aos lábios me calando quando fiz menção de falar.
— Ohh vamos Roger isso é um absurdo! — Respondeu como se tivesse escutado uma piada sem sentido. — Eu acho tão incrível a quantidade de história que a mídia pode inventar em tão pouco tempo! — Fitou-me como se pudesse me fuzilar com a mirada e seus lábios formaram uma linha tensa. — Collin estava saindo do show quando se deparou com uma fã que se sentia mal e resolveu ajudar, como qualquer ser humano faria. — Levou a mão à testa e massageou enquanto suspirava e voltava a recuperar a voz firme e confiante. — Vocês deveriam parar de inventar histórias sobre ele, isso poderia colocar em risco o prestígio da sua revista...
A conversa seguiu por mais alguns minutos enquanto a impaciência dominava cada célula do meu corpo. A observei desligar o celular fitando-me como uma mãe cansada, prestes a repreender o filho problemático, mas foi interrompida por uma nova chamada. Suspirou e atendeu no segundo toque afastando-se alguns passos pelo corredor.
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Antes que eu desapareça
FantasyTodas as pessoas nascem com um anjo da guarda ao lado. Permanecemos juntos durante boa parte da nossa existência. Não temos um nome, não podemos ser vistos, mas estamos ali. Cuidando cada passo, desde o começo e em alguns casos até o final. Foi ass...