Antes que eu desapareça

Alguém que se lembra

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                                                              POV: Megan

2 semanas depois...

Juntei as roupas do chão e as dobrei, colocando-as sobre uma pilha dentro do armário. Desviei das modelos e maquiadores que corriam em todas as direções e atendi a todos os pedidos de água, chá, xerox e capuccinos enquanto sentia minhas pernas protestarem.

Eu não me importava. Precisava manter minha cabeça ocupada. E eu queria pagar a Fátima e a seu marido de alguma forma por me deixar ficar em sua casa durante todo esse tempo. O trabalho que ela havia conseguido para mim na agência não me permitia sentar, eu mal tinha tempo para comer e talvez mal tivesse tempo para respirar, mas o que mais eu poderia fazer? Eu tinha apenas mais dezesseis dias para retribuir de alguma forma tudo o que ela vinha fazendo por mim.

Nós havíamos tentado de muitas maneiras encontra-lo. Havíamos tentado de todas as maneiras que nossos caminhos se cruzassem novamente, mas suponho que deve mesmo ser difícil topar com uma pessoa como Collin quando você já não faz parte das pessoas que o rodeiam.

Havíamos fracassado de todas as formas possíveis, mas eu não pensava em desistir.

Até aquele dia.

Foi quando pensei, pela primeira vez, que deveria parar.  

A agitação nos corredores me distraiu. Fui empurrada por um grupo de modelos eufóricas enquanto caminhava com um monte de roupa em direção a um dos camarins. Mordi os lábios quando uma delas pisou com o salto no meu pé e tentei recuperar o equilíbrio inutilmente enquanto eu via todas as peças que tinha nos braços caírem no chão.

— Ai meu Deus! Como ele pode ser tão perfeito mesmo depois de tudo o que aconteceu?

Observei um grupo de meninas afastar-se cochichando enquanto eu juntava as roupas do chão.

— Ordem por favor! — Escutei a voz de uma das encarregadas soar fortemente pelos corredores. — Collin ainda não se sente bem e esse contrato é muito importante para a agência!

Senti meu coração parar. Minhas mãos tremiam e eu já não tive certeza se poderia mover-me.

Abracei o bolo de roupa que havia juntado e me levantei lentamente sem saber, de pronto, aonde ir. 

— Tem certeza que quer fazer isso? — A voz de Marcela me paralisou. — Sei que já se sente bem Collin, mas deveria estar em casa descansando. Pelo amor de Deus você tem noção da sorte que tem?

— Sim eu tenho. E não vamos demorar ok?

Senti sua presença mesmo antes de vê-lo. Não pude mover-me no momento em que ele entrou no corredor, caminhando na minha direção enquanto Marcela o seguia contrariada com o braço engessado e um óculos escuro para esconder o cansaço, ainda que estivéssemos dentro da agência.

Senti o coração falhar com cada passo dele na minha direção e me forcei a respirar fundo. Aquela era a melhor oportunidade que eu tinha tido depois de tudo. E talvez fosse a única.

Coloquei as roupas em cima de uma cadeira e dei um passo em sua direção sentindo meu corpo todo estremecer sob o nervosismo que havia me dominado.

— Megan! — Escutei uma das coordenadoras chamar, apontando irritada para o monte de roupa sobre a cadeira. Virei-me para desculpar-me enquanto implorava em silêncio por alguns segundos e senti o choque seguido por uma eletricidade pacífica que percorreu todo o meu corpo.