Nota da autora: Hey! Se quiserem conhecer um pouco mais do meu trabalho, além dos outros livros aqui no Wattpad, podem dar uma passadinha no meu Instagram também :) Conta: taylopesl
PS: Se quiserem conhecer a musica desse capitulo é só dar play ai em cima :)
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POV: Collin
3 semanas. Durante esse tempo simulei que estava tudo bem. Como se o fato dela ter desaparecido sem rastros não me rasgasse por dentro. Como se não significasse nada tê-la por perto um dia e vê-la desvanecer-se depois. Inventei uma família que ela não tinha então Marcela parou de perguntar por um tempo onde ela havia ido. Mas não pude evadir seu olhar intrigado quando os dias foram passando.
Por que ela não ligava? Por que não dava notícias? Havia acontecido algo que eu não queria contar?
Não pude responder a todas essas perguntas. Estava cansado de simular. Estava quebrado e estava sentindo tão fundo... Ainda que precisasse negar. Ainda que não tivesse direito de quebrar.
— Hey.
Matteo apoiou as costas na parede e abriu uma pequena barra de chocolate.
— Hey.
Fitou-me de soslaio enquanto mordia o chocolate e parecia ponderar.
— Você esta péssimo. — Esboçou um sorriso e tentei sorrir de volta, mas me dei conta de que não precisava fingir perto dele. Nossas vidas eram parecidas e não precisávamos esconder qualquer sentimento não permitido atras de um sorriso. — Nenhuma notícia?
Abaixei a cabeça e fitei o tapete no corredor e suas cores desconcertantes e antiquadas. Neguei em silencio enquanto ele assentia.
— Bem vindo ao clube. — Me entregou uma barrinha de chocolate. — Por ter seu coração partido realmente pela primeira vez.
— Achei que tivesse certeza que eu estava completamente louco pela Julia.
— Bom, a Julia não te deixou como um zumbi por três semanas.
Assenti com um meio sorriso e peguei a barra de chocolate da mão dele enquanto o via afastar-se em direção ao camarim. Aquele era o terceiro show em apenas duas semanas e estávamos exaustos. Mas de certa forma toda essa agitação me reconfortava. Voltar para casa e encontrar o apartamento vazio me aterrava porque a cada dia que passava me entrava a difícil certeza de que ela não voltaria.
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Escutei os gritos vindos do outro lado das pesadas cortinas a minha frente e senti a paz me invadir. Durante aquelas quase 2 horas tudo ficaria bem. Durante aquelas duas horas estava permitido ser eu mesmo. Era a minha voz e meus dedos sobre o violão. E se eu fechasse os olhos não haveria nada a perder. Durante aquelas duas horas...
A Lyrics entrou no palco entre gritos. O nome da banda ecoou entre mil vozes pela casa de show lotada e entre a escuridão que rodeava a platéia pude ver as luzes dos celulares brilharem.
Fechei o olhos.
Hora do show.
Senti meu rosto transpirar e meus dedos doerem sobre as cordas do violão. Uma hora sem intervalo e Matteo ainda entoava as notas na guitarra ao meu lado. Eu podia escutar o martelar da bateria de Julian ao fundo e as notas do baixo de Lucas. E de encontro a minha voz, o coro de todas aquelas pessoas que pareciam haver escrito todas aquelas musicas comigo. Como se uma parte de cada letra pertencesse a cada uma delas. Senti-me infinitamente grato por esse momento porque nele eu sabia exatamente onde estava e quem eu queria ser.
— Agora se não se importam, gostaríamos de fazer um cover. — Senti o silêncio apoderar-se de tudo, imerso entre as luzes brilhantes dos celulares na escuridão. — E com ele queríamos nos despedir e agradecer a todos vocês pelo apoio hoje.
Sentei-me no banco ao meu lado e coloquei o violão no colo sob o olhar atento de todas aquelas pessoas. Fitei a escuridão a minha frente, quebrada pelo o que parecia ser mil vaga-lumes e por um momento senti meu coração falhar. Por um momento titubeei e a falta que ela fazia ameaçou levar minha paz mais uma vez. Mas ela havia partido não havia? E não havia maneira de encontra-la.
"I got a girl crush. Hate to admit it but I got a heart rush Ain't slowing down. I got it real bad Want everything she has That smile and that midnight laugh She's giving you now..."
Fechei os olhos e traguei cada palavra daquela canção como se ela não doesse de verdade. Escutei a voz de Marcela na minha cabeça dizendo que eu deveria aprender a ser um bom ator se quisesse manter minha carreira nos trilhos. Tentei controlar o tremor em minha voz enquanto ela era acompanhada por mil outras vozes. Não sabia dizer se estava fazendo um bom trabalho. As vezes simular não é possível. Às vezes cada parte do seu corpo, mesmo que contra sua vontade, deixa escapar a verdade sem travas, por mais que você lute.
A primeira vez que escutei seu nome ele soava tão baixo como o ecoar suave de um grupo diminuto, lutando por fazer-se ouvir. Logo, todas aquelas vozes chocaram-se contra mim obrigando-me a abrir os olhos e fitar o mar de luzes diminutas a minha frente. Senti a dúvida invadir cada integrante do grupo enquanto a música agora parecia só um pano de fundo em meio ao inesperado burburinho na platéia. Estreitei os olhos sentindo a voz falhar em cada frase e lutei contra o breu que ecoava seu nome em minha direção.
Protegi os olhos com as mãos quando uma luz desconcertante iluminou o palco e o som dos instrumentos da Lyrics morreu lentamente. Permaneci estático enquanto a luz intensa de um holofote abria espaço lentamente sobre a platéia.
Minha voz morreu abruptamente quando seus olhos encontraram os meus. Um silêncio quase palpável acompanhou os olhares expectantes da platéia em sua direção enquanto ela parava no meio de um pequeno corredor que se abria ao seu redor.
Não pude mover-me. Quase podia escutar os alertas de Marcela atras das cortinas gritando para que eu agisse normalmente. Todos estavam olhando. Tudo o que eu fizesse teria repercussões imediatamente segundos depois. Tinha aprendido a simular, a sorrir quando não queria, a manter a calma quando desejava gritar. Senti os olhos de Matteo sobre mim, sua expressão tão insegura quanto a minha enquanto eu apoiava o violão no banco e me levantava.
Quase pude sentir a agitação da platéia e a dúvida que passou a dominar suas expressões enquanto um grupo de meninas empurrava Megan na direção do palco. Parou com passos incertos na minha frente e pude ver as lagrimas brilharem inseguras em seus olhos.
Abaixei ate que ela pudesse segurar minha mão e a puxei ate que estivesse parada a poucos centímetros de mim.
— Vim de muito longe e tentei de todas as maneiras encontrar o caminho de volta — Sussurrou tentando bloquear o fato de que inúmeros pares de olhos desconhecidos nos fitavam atentamente, sem conseguir escutar o que ela estava dizendo. — Porque precisava te dizer que acho que já não podererei voltar atras e já não poderei te proteger... Já não poderei ser quem eu era antes...Eu... Eu amo você.
Chega um momento na vida de todos onde simular se torna impossível, não importa em quantos tabloides seu rosto apareça, nem a quantidade de entrevistas ou quantas coisas teve que ocultar ao longo da sua vida.
Um passo e minhas mãos estavam tocando seu rosto, exatamente como eu havia imaginado e tentado esquecer durante as ultimas três semanas. Meus lábios encontraram os seus bem no meio de toda aquela gente e depois de todos esses anos aquele foi um dos momentos mais verdadeiros que aquelas pessoas puderam presenciar na minha vida.
Porque esse era eu de verdade.
Só um cara como tantos outros que amava uma garota que não se parecia em nada com todas as demais que havia conhecido antes.
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Antes que eu desapareça
FantasyTodas as pessoas nascem com um anjo da guarda ao lado. Permanecemos juntos durante boa parte da nossa existência. Não temos um nome, não podemos ser vistos, mas estamos ali. Cuidando cada passo, desde o começo e em alguns casos até o final. Foi ass...