O que tem de mais valioso

357 97 36
                                    

                                                   ⋅⋆⊱╌╍╌╍╌⋇❬✛❭⋇╌╍╌╍╌⊰⋆⋅

                                                                        POV: Megan

Corri ate que meus pulmões queimassem. Ultrapassei todos os limites que um ser humano poderia ultrapassar e me neguei a parar, por mais que já não pudesse respirar, por mais que meu corpo desse sinais de alerta.

As pessoas passavam por mim como um borrão acinzentado, exatamente como a tarde de céu nublado sobre nossas cabeças. Elas não puderam me reconhecer e as que o faziam não eram capazes de deter-me. Tudo o que eu podia fazer era correr em sua direção.

Passei pela multidão parada na porta do hospital e um grupo de repórteres me cercou, tentando obter qualquer palavra minha antes que eu entrasse, mas tudo o que eu podia ver eram as portas de vidro alguns metros a minha frente. Eu precisava vê-lo.

Desvencilhei-me com dificuldade do grupo cada vez maior ao meu redor e passei por um grupo de garotas chorando que se acumulava bem diante das portas automáticas, impedidas de entrar por alguns seguranças do hospital.

Senti o ar frio do ar condicionado arrepiar meu corpo no momento em que meus pés pisaram nos corredores. Uma enfermeira fitou-me com tristeza enquanto me indicava um corredor em particular e caminhei por ele como se, de repente, estivesse fora do meu corpo. Meu coração batia na garganta e o medo ameaçava me paralisar.

"Por favor Deus... Eu farei qualquer coisa. Qualquer coisa..."

Nora fitou-me alguns metros a frente, segurando a mão de Pedro que chorava irrefreavelmente em seu peito ainda com o uniforme da escola.

Sentada em uma cadeira em silêncio, Barbara Hill parecia haver-se perdido em um mundo longe dali. Seus olhos estavam vermelhos e a maquiagem havia escorrido enquanto ela fitava o vazio sem reagir em absoluto.

Dei um passo curto em direção a porta do quarto e minhas pernas falharam. Apoiei-me firmemente na parede e me obriguei a continuar embora meu corpo não quisesse me obedecer.

Então já não pude ver. Meu rosto estava molhado e o gosto das lagrimas era salgado. Meu coração apenas pulsava dentro do meu peito e parecia querer sufocar-me. Meu corpo todo estremecia enquanto eu escutava minha própria voz quebrar o ruido mecânico dos aparelhos conectados a ele.

Escorreguei a mão sobre seu rosto e afastei os fios de cabelo dos seus olhos, mas Collin não se moveu. Durante todo esse tempo, jamais havia imaginado que ele jamais voltaria a mover-se novamente. Nem quando ele se afogou anos atras porque naquela época eu era alguém diferente. Alguém feita para estar ao seu lado para que coisas assim não acontecessem. E agora eu era totalmente inútil. Agora eu sentia um medo totalmente diferente. Um medo que eu jamais havia sentido antes. 

— Ele passou por uma operação de emergência. Uma parte do vidro do carro penetrou fundo em sua costela. Ele perdeu muito sangue. — A voz de Nora era serena, mas senti o medo incrustado nela. — Os médicos dizem que ele pode despertar a qualquer momento ou... — Respirou fundo mantendo os olhos fixos nos meus. — Nunca. — Completou com cuidado. — O choque na cabeça foi muito forte. Eles disseram que teremos que esperar o resultado dos próximos exames.

Minha cabeça dava voltas a mil por hora. Isso não podia acontecer. Não podia ser assim... Algo estava errado. Algo estava terrivelmente errado...

— Marcela está em choque. — Continuou. — Ela quebrou um braço e está em observação.

Assenti desviando meus olhos dos dela enquanto lutava por respirar.

Antes que eu desapareçaOnde histórias criam vida. Descubra agora