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POV: Megan
Corri ate que meus pulmões queimassem. Ultrapassei todos os limites que um ser humano poderia ultrapassar e me neguei a parar, por mais que já não pudesse respirar, por mais que meu corpo desse sinais de alerta.
As pessoas passavam por mim como um borrão acinzentado, exatamente como a tarde de céu nublado sobre nossas cabeças. Elas não puderam me reconhecer e as que o faziam não eram capazes de deter-me. Tudo o que eu podia fazer era correr em sua direção.
Passei pela multidão parada na porta do hospital e um grupo de repórteres me cercou, tentando obter qualquer palavra minha antes que eu entrasse, mas tudo o que eu podia ver eram as portas de vidro alguns metros a minha frente. Eu precisava vê-lo.
Desvencilhei-me com dificuldade do grupo cada vez maior ao meu redor e passei por um grupo de garotas chorando que se acumulava bem diante das portas automáticas, impedidas de entrar por alguns seguranças do hospital.
Senti o ar frio do ar condicionado arrepiar meu corpo no momento em que meus pés pisaram nos corredores. Uma enfermeira fitou-me com tristeza enquanto me indicava um corredor em particular e caminhei por ele como se, de repente, estivesse fora do meu corpo. Meu coração batia na garganta e o medo ameaçava me paralisar.
"Por favor Deus... Eu farei qualquer coisa. Qualquer coisa..."
Nora fitou-me alguns metros a frente, segurando a mão de Pedro que chorava irrefreavelmente em seu peito ainda com o uniforme da escola.
Sentada em uma cadeira em silêncio, Barbara Hill parecia haver-se perdido em um mundo longe dali. Seus olhos estavam vermelhos e a maquiagem havia escorrido enquanto ela fitava o vazio sem reagir em absoluto.
Dei um passo curto em direção a porta do quarto e minhas pernas falharam. Apoiei-me firmemente na parede e me obriguei a continuar embora meu corpo não quisesse me obedecer.
Então já não pude ver. Meu rosto estava molhado e o gosto das lagrimas era salgado. Meu coração apenas pulsava dentro do meu peito e parecia querer sufocar-me. Meu corpo todo estremecia enquanto eu escutava minha própria voz quebrar o ruido mecânico dos aparelhos conectados a ele.
Escorreguei a mão sobre seu rosto e afastei os fios de cabelo dos seus olhos, mas Collin não se moveu. Durante todo esse tempo, jamais havia imaginado que ele jamais voltaria a mover-se novamente. Nem quando ele se afogou anos atras porque naquela época eu era alguém diferente. Alguém feita para estar ao seu lado para que coisas assim não acontecessem. E agora eu era totalmente inútil. Agora eu sentia um medo totalmente diferente. Um medo que eu jamais havia sentido antes.
— Ele passou por uma operação de emergência. Uma parte do vidro do carro penetrou fundo em sua costela. Ele perdeu muito sangue. — A voz de Nora era serena, mas senti o medo incrustado nela. — Os médicos dizem que ele pode despertar a qualquer momento ou... — Respirou fundo mantendo os olhos fixos nos meus. — Nunca. — Completou com cuidado. — O choque na cabeça foi muito forte. Eles disseram que teremos que esperar o resultado dos próximos exames.
Minha cabeça dava voltas a mil por hora. Isso não podia acontecer. Não podia ser assim... Algo estava errado. Algo estava terrivelmente errado...
— Marcela está em choque. — Continuou. — Ela quebrou um braço e está em observação.
Assenti desviando meus olhos dos dela enquanto lutava por respirar.
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Antes que eu desapareça
FantasyTodas as pessoas nascem com um anjo da guarda ao lado. Permanecemos juntos durante boa parte da nossa existência. Não temos um nome, não podemos ser vistos, mas estamos ali. Cuidando cada passo, desde o começo e em alguns casos até o final. Foi ass...