Irmão imaginário

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POV: Megan

Fitou-me intrigado enquanto eu me movia inquieta, parada no meio da sala sem saber por onde começar. Fitei as bolsas nas mãos dele e abri um sorriso.

- Isso ai é para mim? - Corri em direção as bolsas e as tirei de suas mãos, observando com adoração o saco de camarões em uma e um pote de sorve em outra. Tinha desenvolvido uma paixão imparável por camarões desde que Collin havia feito para mim semanas atras, antes de eu desaparecer.

Vi quando pequenas linhas finas formavam-se em sua testa enquanto ele me encarava mudo, dando passos curtos na minha direção enquanto eu recuava sob seu olhar inquisitivo.

- Tem alguma coisa que não quer me contar.

Aquela não foi uma pergunta. Engoli em seco e coloquei as bolsas no chão, voltando ao meu estado caótico onde eu não tinha a menor idéia de como explicaria o que estava acontecendo.

- Megan?

Fitei-o com um meio sorriso nervoso e suspirei. Abri a boca disposta a explicar tudo, mesmo que minha cabeça fosse uma desordem, mas palavras não foram necessárias.

- Meg? - Virei-me rapidamente em sua diminuta direção e traguei em seco, sentindo os olhos de Collin cravados nas minhas costas. - Pode me ajudar com isso?

Quando seus olhos e os olhos de Collin se encontraram, emoções diferentes dominaram a expressão de ambos. Collin havia imerso em uma completa confusão. Sem entender o que estava acontecendo, seu olhar vagava entre mim e o menino de pijama a minha frente que havia paralisado com a toalha sobre os cabelos molhados. Por outro lado, a expressão de Pedro era de fascínio. Como se ele tivesse sonhado com aquele momento durante toda a sua vida. Como se Collin fosse fruto da sua imaginação e tivesse ganhado vida, de repente.

- O que... - Pousou os olhos sobre mim e apontou na direção do garoto, como se tivesse vendo um fantasma.

- Collin, acho melhor sentar-mos.

Nossos olhares cruzavam-se entre o silêncio, como se nos três estivéssemos em uma espécie de jogo onde o primeiro a falar fosse o perdedor. Resolvi que deveria ser a primeira a terminar com aquela estranha situação.

- Bom... - Pousei o olhar cautelosamente sobre Collin, sentado do outro lado do balcão da cozinha. Seus olhos encontraram os meus, esperando uma explicação com impaciência. - Isso vai parecer estranho, mas também é verdade.

- O que? - Passeou os olhos rapidamente entre o garoto sentado ao meu lado, que ainda o encarava com devoção, e eu. - O que é verdade?

- Collin o nome dele eh Pedro e ele veio aqui porque... Ele uhm... Porque ele...

- Eu sou seu irmão.

O menino soltou com naturalidade, indo em direção ao quarto de hóspedes e voltando logo em seguida com um envelope pardo. Colocou o envelope sobre o balcão e o empurrou na direção de Collin, que parecia haver perdido a habilidade da fala.

- Isso é absurdo. - Sussurrou estreitando os olhos na direção do menino, que manteve os olhos nos dele ainda com um sorriso nos lábios.

- Eu sabia que iria dizer isso. Faria o mesmo se estivesse no seu lugar. Sempre soube que éramos. - Seu sorriso estendeu-se ainda mais enquanto fitava o envelope sobre o balcão. É por isso que eu trouxe isso.

Seus dedos escorregaram sobre o envelope e ele o abriu com desconfiança. Dentro havia uma certidão e uma carta. Seus olhos percorreram atônitos os dois papeis uma e outra vez, como se esperasse que o significado daquilo mudasse. Colocou o envelope com os papéis de volta sobre o balcão e os empurrou na direção do menino.

Antes que eu desapareçaOnde histórias criam vida. Descubra agora