Meu lugar (Final)

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                                                                            POV: Megan

Dois dias antes de eu desaparecer...

Fitei minhas mãos sentindo o coração estabilizar. Havia despertado como quem estivera finalmente sonhando depois de muito tempo, mas o os ponteiros do relógio me diziam que o tempo seguia correndo e que eu devería me render, embora eu soubesse que lutaría ate o ultimo segundo.

Mas eu não precisei lutar.

Quando me assustei o bastante para correr do seu lado sentindo-me desvanecer, ele finalmente me achou.

Ele me encontrou de verdade e eu soube que o tempo finalmente havia parado.

Já não havia o que temer.

Fitou-me com o rosto molhado enquanto dava um passo incerto para dentro do quarto. Seus olhos me diziam mais do que suas palavras embargadas podiam dizer. Abaixou-se ao meu lado e segurou a minha mão enquanto me puxava lentamente de encontro a si.

— Eu sinto muito. — Tocou meu rosto com ambas as mãos e apoiou a testa na minha, os lábios rocando nos meus. — Eu sinto muito amor.

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Um ano mais tarde...

— Pedro devolve isso aqui!

Corri pela sala, mas estanquei quando Collin me fitou com interesse fazendo com que Marcela me lançasse um olhar reprovador por atrapalhar sua reunião.

Dei meu melhor sorriso de desculpa enquanto caminhava lentamente por trás do sofá, sabendo que tinha perturbado completamente o que quer que eles estivessem fazendo ali.

Estreitei os olhos quando algo moveu-se embaixo do balcão da cozinha e bufei, caminhando decidida em sua direção, mas Pedro saíu correndo em direção ao quarto, fechando a porta atrás de si antes que eu pudesse alcançá-lo.

— Castigo por vinte anos! Sem TV e sem... — Pensei por alguns segundos e conclui orgulhosa de mim mesma. — Sem Nutella!

Escutei o riso contido de Collin no sofá e dei de ombros, pedindo desculpa novamente enquanto Pedro abria a porta do quarto com o semblante derrotado e se arrastava na minha direção, entregando a carta da diretora onde dizia claramente que ele havia levado uma advertência por perturbar a paz da instituição de ensino por formar um grupo de Hip Hop quando deveria estar estudando. 

— Eu só estou tentando expressar meu lado artístico Meg. — Argumentou enquanto me seguia até o quarto. — Você deveria entender! Está casada com um músico...

— Seu lado artístico precisa aprender a ser mais discreto na escola.

— Isso é uma ofensa ao meu direito de expressão.

Revirei os olhos e sorri, vendo como ele lutava por não sorrir de volta.

— Que tal se você chamar seu grupo para ensaiar aqui em casa? Isso seria bom?

— Seria genial! Mas você acha que o Collin vai concordar?

— Concordar com o que?

O fitamos em silencio enquanto ele parava a nossa frente e estreitava os olhos.

— Vamos comer? — Propus escapulindo em direção a cozinha. — Eu estou faminta! E vocês ainda têm que ir ao hospital visitar seu pai, não é mesmo?

Então um ano havia se passado. Como se o tempo tivesse simplesmente voltado no momento em que Collin me recuperou, tudo o que havia acontecido se converteu em um lapso no tempo do qual somente nós podíamos lembrar. Como se tivéssemos atado o nó onde a recordação de todos se havia rompido, como se o fato de ninguém lembrar antes jamais tivesse acontecido.

Eu achei que não tivesse escolha. Achei que minha existência estava destinada a observá-lo de longe. Achei que não tivesse o direito de permitir que meu coração pulsasse da maneira que pulsava. Achei que estava feita para um destino onde sentir não estava permitido.

Mas então ele me viu.

Certa vez me perguntei para onde os anjos vão quando são esquecidos. Bom, pude ler muitos livros e jamais encontrei a resposta. Eu já não preciso dela.

Havia encontrado meu lugar.

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Seus dedos entrelaçaram-se com os meus e ele sorriu. Seus olhos pousaram nos meu lábios e senti seus lábios roçarem os meus suavemente enquanto meu peito esquentava e eu era invadida por aquela sensação de pertencer que havia descoberto desde o primeiro momento em que Collin pode me ver. Por muito tempo achei que apenas deveria ser quem era. Contudo, poderia seguir sem jamais descobrir o que era ser o que realmente queria ser?

Senti seus lábios deslizarem suavemente pelo meu pescoço e pude ver seu sorriso em minha mente, mesmo que meus olhos estivessem fechados. Suas mãos pressionaram minha cintura e Collin me ergueu levemente. Cruzei as pernas em volta da sua cintura e seus olhos encontraram os meus.

— Amo você.

Sorri enquanto o abraçava e sussurrava entre seus lábios.

— Eu também.  

— Meg! 

Escutamos com uma mescla de dúvida e espanto a voz de Pedro vinda da sala. Collin me colocou no chão no exato momento que seu irmão apareceu no corredor.

E atrás dele um grupo de mais ou menos seis garotos da sua idade, todos com mochilas e uniformes da escola e um sorriso inocente nos lábios.

— Hey Meg! — Pedro caminhou na minha direção e tentei dissimilar o torpor no qual me encontrava. — A mãe do Hugo trouxe a gente. — Disse jogando a mochila no quarto. — Achei que poderíamos começar o ensaio hoje. Não será o máximo? — Seus olhos brilharam na minha direção com entusiasmo. — Quer ser nossa representante? Você não vai se arrepender, está no sangue. — Desviou os olhos para pousá-los sobre Collin, que ainda tentava entender como um bando de garotos havia invadido seu apartamento em apenas alguns segundos, e piscou cumplice.

Collin me fitou e seus olhos estreitaram-se enquanto eu sorria nervosa e começava a caminhar com Pedro para longe dali. 

Ops!


Antes que eu desapareçaOnde histórias criam vida. Descubra agora