T3ddy ON* Absolutamente nada.

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Quando eu olhava para ela o meu coração doia. Minha mente dizia para mim mesmo diversas vezes, que eu era o culpado por aquilo tudo. E eu era. Eu sabia que era.

Porquê? Porquê aconteceu isso com ela? Porquê ela não me reconhece mais? Porquê ela carrega medo nos olhos quando me olha?

Eu sabia. Sim. Eu sabia que dali pra frente seria tudo tão complicado. Eu tinha medo tanto quanto ela tinha. Mas a dor era maior. A dor ultrapassava o medo. A dor de saber que ela não me reconhecia, e a dor da culpa eram extremamente maior.

*Flashback ON*

—A ambulância já está nos fundos da delegacia a espera dela. Nós vamos levá-la para um hospital, é urgente. -Avisou o delegado que estava nervoso e apressado. Eu me identifiquei com ele no mesmo momento em que ele largou essa bomba de palavras.

Pedro e o pai de Laura estavam sentados ao meu lado no banco de espera em meio ao corredor principal da delegacia. Eles não gostavam nenhum um pouco de mim, muito menos da minha presença. Mas eles estavam ali ao meu lado, sentados em silêncio com o olhar cravado no chão igualmente a mim. Até que de repente o delegado saiu e soltou a "bomba".

Nos levantamos juntos em sincronia e logo seguimos apressadamente o delegado que seguia dois policiais. Ambos carregavam Laura nos braços em direção a ambulância. Ela havia desmaiado.
Assim que vi aquela cena eu parei. Parei no tempo e no meio do corredor. Eu simplesmente não conseguia mais me mexer. Aquele parecia ser o fim para mim. Me senti em um filme, onde as pessoas circulavam ao meu redor e eu ficava parado sem fazer absolutamente nada enquanto tudo acontecia lentamente, em câmera lenta.
Por um minuto eu também me senti em um dos meus vídeos onde eu editava e colocava um efeito lento e tudo acontecia devagar. Mas ali era diferente. Ali cada gesto e cada ação era como se uma faca cravasse em meu coração.

—O QUE ACONTECEU COM ELA, RICHARD? ME DIZ, AGORA! -Gritou o pai de Laura para o delegado. Ele não tinha culpa daquilo tudo, mas ninguém mais ali tinha controle sob si.

—Calma. Tenha calma! -Pediu o delegado enquanto pausava seus passos e se virava de frente para nós.—Ela desmaiou. O corte que ela tem na cabeça é muito profundo e provavelmente está infeccionado.

—VOCÊ DEVERIA TER LEVADO ELA PRA UM HOSPITAL. MAS NÃO, VOCÊ PREFERIU FICAR FAZENDO PERGUNTAS. -Gritava o pai de Laura novamente, colocando junto de suas palavras toda sua raiva.

—Eu quero ir junto. -Disse Pedro que após dar alguns passos foi impedido pelo delegado de prosseguir.

—Você é de menor, preciso que um adulto vá... -Disse o delegado olhando diretamente para Pedro e ignorando o pai de Laura. —POR FAVOR, ALGUM POLICIAL PODE ACALMAR ESSE HOMEM ANTES QUE ELE ME AGRIDA E EU TENHA QUE PRENDE-LO. -Concluiu o delegado ignorando também toda amizade que algum dia ele teve com o pai de Laura.

Em seguida, os policias que acabavam de estabilizar Laura na ambulância retornaram para perto do delegado e foi no mesmo instante que um deles segurou o pai de Laura, e o outro o algemou. Aquele dia realmente era um dos piores da minha vida inteira.

—ME SOLTA AGORA. EU EXIJO QUE VOCÊ ME SOLTE OU... -Dizia o pai de Laura até ser levado pelos policiais para uma sala.

—E-ele vai ser preso? -Questionei preocupado.

—O que? George? -Questionou o delegado e eu assenti. —Ah, não. Ele só precisa se acalmar um pouco.

—Será que dá pra vocês pararem de dar atenção pro meu pai e finalmente focarem na Laura? Ela não está nem um pouco bem. -Disse Pedro fazendo com que nossa atenção se voltasse para ele.

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⏰ Última atualização: May 10, 2018 ⏰

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