O Fazendeiro - Capítulo 1

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"O Fazendeiro" (Capítulo 1)

Autora: Adriele Lima

Meu nome é Isabella, tenho 18 anos e vivo em uma pequena fazenda com meu pai. Minha mãe faleceu no parto quando nasci; ela teve que fazer a escolha entre sua vida e a minha, e optou por me dar a chance de viver. Desde então, meu pai nunca nutriu afeto por mim, desde o momento em que nasci, devido à trágica perda de minha mãe. Ele me culpa pela morte dela. Cresci sob os cuidados das empregadas, que não conseguiram suportar por muito tempo as atitudes autoritárias do meu pai. Nunca experimentei afeto de ninguém; fui criada com dureza, forçada a trabalhar em tarefas árduas na fazenda. Apenas posso tomar banho uma vez por dia, minhas mãos estão calejadas do trabalho árduo e meu corpo carrega as marcas das surras que meu pai me inflige por qualquer deslize, por menor que seja. Permaneço isolada, pois ele não me permite conversar com ninguém. Atualmente, não temos mais empregadas, pois cresci o suficiente para realizar essas tarefas, mas há algo mais... Sempre tento fazer tudo do jeito que ele quer, pois tenho medo dele. Ele me agride por qualquer motivo, até pelas menores falhas, e essa hostilidade dele me destrói. É um ato desumano que um pai trate sua filha como uma escrava por algo que não está sob seu controle, por uma escolha que ela não fez.

Neste momento, estou sentada em uma charrete em frente a uma casa de chá, enquanto meu pai conversa com um jovem fazendeiro lá dentro. Ainda não compreendi por que estou aqui; ele nunca me levou a lugar algum com ele. Sempre que precisava de algo, ele me enviava a pé para fazer suas tarefas. Ele me pediu para empacotar minhas roupas, pois, se a oferta fosse vantajosa, ele não precisaria mais lidar comigo.

Estou aqui parecendo uma mendiga, toda suja, com roupas rasgadas e tentando entender por que meu pai está conversando com esse jovem. Olhando através da janela, posso ver os dois de longe, já se passaram cerca de 40 minutos desde que começaram a conversar. Nunca vi esse homem em nossa fazenda; ele é jovem e estou surpresa por ele ser um fazendeiro tão jovem. Normalmente, os fazendeiros com os quais meu pai lida são pessoas mais velhas, gordas, baixas e barbudas, assim como ele. Esse rapaz parece ter uns vinte e poucos anos, é loiro, alto, tem uma pele limpa e é musculoso. Ele é realmente muito atraente. Está com uma expressão séria na conversa lá dentro, parece bravo e arrogante, suas feições são um tanto rudes, assim como as do meu pai. Não é surpresa, pois para ser amigo do meu pai, você precisa ser tão ríspido quanto ele. E agora eles estão vindo em minha direção. Eles se levantaram, apertaram as mãos e pude ver a alegria no rosto do meu pai com essa conversa. Eles estão se aproximando de mim, meu pai olha para mim e, com alegria evidente, diz:

- Isabella, para minha alegria e sua desgraça, a partir de agora, você irá servir a este fazendeiro. (Ele está radiante, como se este fosse o dia mais feliz de sua vida.)

Eu não consigo dizer nada; meu corpo está paralisado, meus olhos se enchem de lágrimas. Nunca me senti tão humilhada. Meu pai está me dispensando como se eu fosse uma escrava que não lhe servisse mais. O rapaz não diz nada, apenas me encara de maneira séria. Neste momento, já estou com medo dele. Vou morar com alguém que nem conheço, e meu pai está me entregando a ele como se eu fosse um fardo.

- Vamos, garota, o que está esperando? Levante-se daí, não quero mais perder tempo com você. Meu tempo é valioso. - disse meu pai, ansioso para se livrar de mim.

- Mas pai, eu nem... (não consigo terminar a frase antes de ele me puxar brutalmente pelo braço e me empurrar na direção do rapaz).

Ele me segura com mãos grandes e lisas, que não se parecem com as mãos calejadas de um fazendeiro. Talvez ele seja jovem demais para que suas mãos tenham endurecido. Então, ele olha nos meus olhos e diz:

- Pegue suas roupas e vamos embora. Não temos tempo a perder. Temos um longo caminho pela frente. (Ele se afasta em direção a uma caminhonete estacionada ali).

Meu pai já está na charrete e joga minha bolsa no chão antes de partir com pressa. Ele não diz uma palavra, nem mesmo um adeus. Só me resta seguir as ordens. Pego minha bolsa com as poucas roupas que tenho e vou em direção à caminhonete, onde ele está me esperando.

Entro no banco do passageiro ao lado dele e evito olhar em sua direção. Estou aterrorizada e ainda não entendi por que estou aqui. De repente, sinto sua mão em meu ombro e olho para ele. Suas feições mudaram, agora ele está sorrindo. Ele não parece mais tão sério e diz:

- Desculpe se fui rude com você. Eu precisava mostrar firmeza na frente do seu pai...

Continua no Capítulo 2.

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