O Fazendeiro - Capítulo 16

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Escrito por: Adriele Lima

Versão da Isabella:

Chegamos à fazenda por volta das treze horas e almoçamos. Logo depois, Johnny precisou sair para cuidar de questões na fazenda com os peões. Aproveitei a oportunidade para descansar e tirar uma soneca, pois tinha dormido pouco na noite anterior.Acordei por volta das cinco da tarde, já próximo ao pôr do sol. Gostava de passar um tempo na varanda apreciando a vista magnífica que se revelava. No entanto, como ainda faltava algum tempo para o evento do pôr do sol, decidi ir até o celeiro e cuidar da pelagem do meu cavalo, Relâmpago. Ele apreciava quando eu o escovava, e eu também passei a apreciar esse gesto de carinho que lhe proporcionava.
O sol começava a se pôr sobre a vasta fazenda, tingindo o céu de tons de laranja e rosa. Eu ainda estava no celeiro, escovando o Relâmpago , quando ouvi o som distante de um carro se aproximando. Meu coração disparou ao reconhecer o ronco característico do velho caminhão de meu pai.
Abandonei a escova no chão e corri para fora do celeiro, a poeira levantando-se atrás de mim enquanto meus passos apressados me levavam em direção à entrada da casa. Meu pai, um velho de semblante sério e olhos cruéis, estacionou o caminhão na entrada da propriedade e saltou para fora, não me dando tempo de adentrar a casa.
Meu coração disparou de medo quando ele apertou meu braço com brutalidade. Senti como se todo o meu mundo de conto de fadas estivesse prestes a desabar.

- Para onde pensa que está indo, sua cadela arquerosa?( gritou com um sorriso sádico no rosto).

Meu pai sempre foi um homem cruel, com olhos gelados que escondiam qualquer traço de compaixão. Por mais que minha mente gritasse para eu me sacudir e correr dali o mais longe possível, meu corpo congelava em sua presença. O medo consumia todo o meu ser, eu não conseguia reagir. Mesmo sabendo que de nada adiantaria, eu tentei implorar;

- Por favor, não me leve daqui. ( disse com lágrimas escorrendo pelo meu rosto)

- Você é apenas uma mercadoria, Isabella, e vou entregá-la ao velho Bastião, como pagamento de uma dívida. Não importa o que você queira. ( falou enquanto me arrastava até o caminhão rindo de maneira sinistra )

Suas mãos ásperas apertavam meu braço com força, enquanto eu soluçava de desespero. Só então notei que dentro do caminhão estava um velho barbudo, gordo e fedido.

- Veja, Bastião, se essa aqui não será a melhor recompensa que você terá, hum? ( disse meu pai enquanto me jogava com força dentro do caminhão e o velho nojento me puxava para o seu colo).

A sensação de horror se aprofundava, e eu me encontrava presa naquele pesadelo aterrador. Olhei pela janela, vendo que estava vindo a caminhonete do Johnny em alta velocidade no horizonte.

- Me larga! Você não pode fazer isso, me solta! ( Gritei ofegante, lágrimas descendo em meu rosto).

- Ela é bravinha, gostei dessa danadinha. Vou domá-la assim chegarmos em casa. ( O velho fedido falou enquanto apertava meus seios brutalmente, causando-me dor e intensificando meu tormento ).

De longe, pude ouvir as buzinadas da caminhonete do Johnny. Meu pai, percebendo que ele tentaria impedir, arrancou o caminhão e dirigiu em alta velocidade, aumentando ainda mais o meu desespero diante daquela situação angustiante.

- Esse infeliz falou que a traria para servir de escrava, e você está aqui vivendo a vida de princesa. Aposto que já deu para ele, não foi, sua vagabunda? ( Meu pai gritava enquanto tentava controlar o caminhão, sua raiva demonstrando irá em seus olhos). A situação tornava-se cada vez mais difícil, enquanto a caminhonete de Johnny se aproximava rapidamente.

- Você falou que ela seria virgem, vai ficar me devendo ainda! ( Disse o velho ao ouvir as palavras do meu pai).
A tensão no caminhão era insuportável, e eu me sentia presa em um pesadelo do qual não conseguia escapar. A caminhonete de Johnny estava cada vez mais próxima, e a esperança de ser resgatada aumentava a cada segundo.
Meus olhos saltaram mais ainda de desespero, quando meu pai sacou uma arma e começou a disparar tiros em direção à caminhonete de Johnny. O medo de que ele pudesse ser ferido aumentou minha angústia. Infelizmente, para minha tristeza, meu pai conseguiu acertar o pneu da caminhonete, causando uma derrapada coberta por poeira. Todas as minhas esperanças se dissiparam, e ali eu sabia que minha vida estava perdida. Ao lado, meu pai festejava, selando meu destino cruel.
O caminhão sacudia violentamente pela estrada, e eu me segurava desesperadamente, temendo que a qualquer momento tudo pudesse desmoronar. As palavras do velho repugnante continuavam ecoando em meus ouvidos, sua mão áspera ainda me machucava, e as lágrimas não cessavam.

 O fazendeiroOnde histórias criam vida. Descubra agora