Algo mudou no interior de Coralina com os acontecimentos recentes. Talvez ela tenha somente notado que o que se passou com Lídia poderia se passar com ela; talvez tenha visto que a vida não é, de fato, uma festa. O fato é que ela sentia-se um pouquinho mais amadurecida. E esse pouquinho significava muito.
Passava mais tempo na companhia de suas irmãs, em casa. Diminuiu o número de fotos publicadas no instagram. Bebia um pouco menos, estudava um pouco mais. Não que tivesse mudado sua personalidade ou algo do tipo. Coralina tinha, na verdade, se recolhido em sua concha e percebido que havia mais, que ela queria mais. Que só ela própria poderia tomar as rédeas de sua vida. E que a maioria dos homens não valia um real, também.
Nesse quesito em particular ela sabia que tinha um assunto inacabado que queria tirar a limpo - um assunto chamado Bruno.
É fato que ela sentia falta dele. E sentia-se inquieta por ele ter sumido de sua vida tão rápida e inesperadamente. Doía-lhe o coração imaginar que ele tinha a julgado por um punhado de fotos e comentários no Facebook. Bruno não podia ser tão frívolo... ou podia? Bom, não importava. Ele era um assunto inacabado, e Prudência vivia aconselhando-a a finalizar as coisas. Coralina começava mais projetos do que era capaz de concluir. Mas não é assim com todos os sonhadores?
Pois era hora de partir para a realidade. Coralina pegou o celular, encontrou o contato de Bruno. Escreveu:
[14h30] Oi Bruno, vamos marcar um almoço? Dividir um beirute e falar da vida... aliás, como vão as coisas? Você está namorando? Ainda está trabalhando no mesmo lugar? Dê notícias, sumido. Bj.
Algumas horas depois, Coralina checou o celular. Os dois tracinhos azuis estavam, indubitavelmente, acesos. Contudo, nada de resposta.
[20h31] Bruno, eu sei que o Danilo andou falando coisas sobre mim. E, olha, eu queria apenas falar com você sobre isso. Eu nem tive a chance de me defender!
Coralina suspirou. Seus olhos pareciam opacos, seu olhar distante. Fechamento, encerramento. Chega. Seus dedos, apenas, se moviam.
[20h32] O Danilo não me conhece bem. Você sim. Você dizia que eu era especial pra você. Dizia que adorava sair comigo. E uma mísera fofoquinha do seu amigo fez você fugir. Você tem vergonha de estar com alguém que seguia as próprias vontades?
Os tracinhos azuis apareceram.
[20h33] Eu te respeitaria mais se você tivesse me confrontado. Perguntado. Mas você é medroso. Preferiu sumir a enfrentar o que era preciso para sua própria felicidade.
[20h35] Só saiba que eu te desprezo. Muito. Até mais e obrigada pelos peixes.
Não sabia o que significava o lance dos peixes, mas Prudência falava tanto aquilo que tinha virado uma expressão familiar. Talvez estivesse passando vergonha. Mas quer saber? Sentia-se liberta. Começou a cantar um lerigou, mas sua mãe mandou que calasse a boca em prol dos pobres nervos da senhora.
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Prudência e Conquista - fanfic Orgulho e Preconceito
FanfictionPrudência vivia tentando por juízo na cabeça de sua irmã, Coralina. Que, de tanto correr atrás dos topzeras, ganhou por alcunha Conquista. Prudência não gostava de apelidos. Conquista gostava de sonhos, daqueles bem doces (os reais e os figurados)...