Prudência e Conquista - fanfic Orgulho e Preconceito

Capítulo 28

O passeio foi marcado para o final da tarde. Danilo sugeriu um parque, pensando em quão romântico seria caminhar com Pru em meio às flores. Ele realmente gostava de programas diurnos: ninguém nunca conseguiria arrasta-lo para uma situação onde tivesse que beber, dançar e mostrar que poderia ser tão desengonçado como qualquer nerd de fanfic.

Encontraram-se direto no Ibirapuera (não no Hyde Park ou no Central Park, o que deixaria tudo mais chique, mas o romantismo BR também era tudo de bom). Quando viu Prudência, o olhar dele se iluminou. Ela tinha feito uma trança, usava tênis extremamente velhos, uma bermuda bem grande e uma camiseta da Corvinal, visual que lhe rendeu centenas de pontos para a Grifinória no coração do rapaz - não por estar especialmente bela, mas por estar... ela mesma. Alguém que não mudava para agradar, não ia ao parque com "cabelo solto de prancha" como no meme das rolezeiras. Pru entendia que a praticidade era importante e Danilo entendia que beijar Pru era importante.

Seguindo esse pensamento ele a recepcionou com um sorriso. Antes que ela tivesse tempo de dizer oi, segurou, bem de leve, o rosto dela, e a beijou nos lábios por alguns sublimes segundos até soltar uma vermelha, embasbacada e sorridente Prudência.

- Isso foi bom. - disse ela, envergonhada.

- É porque foi com você. - respondeu ele, com uma confiança vinda do além.

Caminharam em volta do lago, absorvendo a paisagem, conversando como amigos que se conhecessem há anos. Havia muito a saber, muito a descobrir, mas a conversa fluía tão naturalmente que Danilo se viu obrigado a ouvir uma minunciosa descrição do almoço em que Lídia afrontou a todas convidando para a refeição e também para sua vida alguém tão desprezível. Felizmente Danilo era versado na técnica "sorria e acene" e por isso era considerado um ótimo ouvinte.

O pôr do sol deixava a atmosfera perfeita para algo que Danilo queria muito fazer, e que envolvia perguntar a Prudência qual a opinião dela sobre anéis de compromisso. Ela já tinha desabafado e estava bastante calma, dando suas risadinhas de gueixa e falando sobre os livros que estava lendo naquela semana.

Algo o fez parar, contudo. Já havia sido magoado uma vez, ao contar seus sentimentos. Tinham saído poucas vezes, quantos encontros eram necessários antes de ser socialmente aceitável jurar fidelidade? Será que só poderia sugerir tal coisa depois que houvesse uma maior intimidade entre eles (no sentido literal e figurado)? Danilo tinha certa falta de habilidades sociais e isso o deixava muito confuso.

Decidiu apenas ouvi-la e não impor nada. Sua maior ousadia, depois do beijo ao se encontrarem, foi andar de mãos dadas com ela. Num mundo de matches e encontros casuais, andar de mãos dadas era uma coisa à parte. Algo grandioso. Nada mais ousado do que demonstrar afeição verdadeira.

Prudência, contudo, decidiu fazer jus à geração milennial e iniciou uma polêmica:

- Danilo, você tem visto o Bruno?

Por um momento o cerebro do rapaz bugou e ele simplesmente não entendia qual a importância de Bruno para Pru. E então ele lembrou-se da garota que costumava sair com Bruno... Coralina.

Às vezes ele sentia que Pru tinha irmãs demais para que ele pudesse se manter à par das confusões de cada uma. E repreendeu-se por esse pensamento, que notadamente irritaria muito Prudência se ela fosse capaz de telepatia.

Lembrou-se das vezes em que riu de Bruno pela escolha de crush. Aquela garota era bem estranha... mas comparada a Mary e Lidia, até que estava tudo bem com ela. Quer dizer, Bruno claramente ja tinha conhecido pessoas bem estranhas também. E se ele fosse bem normal ele não seria amigo de Danilo.

Repudiou esse pensamento também. Ainda bem que telepatia não existia como nos sci-fi... embora as mães tivessem um poder bastante similar em alguns momentos. Oh sim, ele precisava responder Prudência.

- Faz tempo que não falo com ele. Meu tempo livre tem sido dedicado a você. E eu adoro isso.

Pru sorriu. Danilo sorriu.

Não soltaram as mãos. Nem por um momento Danilo pensou nos Pokémon que deixava de pegar no lugar mais cheio de Pokémon da cidade. Só havia uma coisa que queria ter em sua pokebola: o amor de Pru.