Prudência e Conquista - fanfic Orgulho e Preconceito

Capítulo 22

William estava em casa, sozinho. Por casa entenda-se a edícula que ficava no quintal de sua mãe. Ele fazia as refeições na cozinha dela, obviamente, em meio aos azulejos antigos, em tons de bege. A moradia separada (ou melhor, seu quartinho separado) servia a dois propósitos: não acordar a já idosa senhora quando ele voltava para casa tarde da noite, e permitia trazer visitas femininas. Bastava colocar o chinelo do lado de fora para a mãe entender que não devia incomodar com sua bandejinha cheia de lanchinhos (toddy e bisnaguinha com presunto e queijo) e água. Seu menino nunca se lembrava de tomar água.

Era uma tarde nublada de sábado, e William a desfrutava de bermuda, sem camisa, em sua cadeira em frente à televisão. O quarto era pequeno, e tinha apenas uma cama de casal encostada na parede, um criado-mudo e uma escrivaninha, onde ficavam tv, videogame e bagunças variadas. William assistia Rick e Morty enquanto acessava o tinder. Até aquele momento não tinha conseguido uma companhia para a balada da noite.

Estava distraído observando os perfis das moças e assustou-se quando ouviu duas batidas na porta, e a voz de sua mãe. Gritou um "já vai" e, ao abrir a porta, notou que havia duas moças com ela. Seu rosto perdeu toda a cor ao notar que as duas eram Lídia e Georgia, irmã de Darcy.

A senhora, porém, abriu um sorriso:

- Ah, aí está ele. Meninas, fiquem à vontade. Filhinho, adorei suas amigas!

As meninas sorriram para a senhora gentil. Um sorriso que desapareceu tão logo ela se virou. William, por sua vez, não dizia uma palavra.

Lídia, sem esperar convite por parte do moço, foi logo entrando na edícula, seguida pela colega. Entrou movendo os quadris como se fosse uma bond girl. Aquele rapaz não imaginava com quem estava lidando. Sentou-se na beirada da cama - estava desarrumada, mas ela sequer ligou. Georgia sentou-se ao seu lado, e William preferiu voltar para a cadeira onde estava antes de atender às batidas na porta.

Sua cadeira favorita ajudou-o a recompor sua máscara. Abriu um sorriso falso e perguntou:

- A que devo a visita de duas moças tão lindas?

Georgia sentiu algo que só pode ser descrito como "ranço". Lídia, assertiva, respondeu:

- Tenho uma boa notícia pra te contar, William.

- Boa notícia? - questionou, desconfiado. Seus olhos iam de uma para a outra freneticamente.

- Vamos ter um filho!

Lídia sabia ser extremamente cínica quando queria.

O rapaz olhou ao redor como se esperasse ver uma câmera escondida e um Youtuber saindo por debaixo da cama. Levou alguns momentos para digerir a notícia. Não conseguiu.

- Quê?

- Eu estou grávida, William. E o filho é seu.

William riu. Uma risada falsa e agressiva.

- Você nem tem como saber se é meu, Lídia - disse, cruzando os braços.

- Olha Georgia, agora ele lembra o meu nome. - Lídia esta preparando seu modo barraco. Era como virar Sayajin, mas sem luzes no cabelo.

Georgia decidiu intervir. Levantou-se.

- Nós viemos aqui apenas avisar que estamos entrando com uma ação para que você pague pensão à Lídia. Você terá que pagar já na gravidez, e o valor que pleiteamos leva em conta o seu... digamos... freela com senhoras mais velhas. Caso prefira, podemos contar os pormenores do caso à senhora sua mãe.

- Deixem a minha mãe fora disso - grunhiu William.

- Nossos próximos encontros serão em juízo. Estou ajudando Lídia em tudo que ela precisar. Na verdade, William... nós vamos te processar por tudo que for possível processar. Chegou o momento de se responsabilizar por suas ações - para com ela e comigo.

Ele nunca tinha ouvido Georgia falar daquele jeito. Era assustador vê-la tão séria. Ele bem que tentou dar um golpe nela. Talvez a garota não fosse tão boba como ele imaginava.

Decidiu, então, pisar no calo de Lídia.

- Eu não darei um real para essa mulher gastar com cerveja e pagode, fique sabendo.

A bile dentro de Lídia começou a ferver.

Georgia tirou a colega dali mais rápido do que Dona Florinda impedindo seu filho de se misturar com essa gentalha.