Numa tarde de domingo, enquanto sua mãe assistia o Faustão, aconteceu algo surpreendente. Prudência pensou em Danilo.
Talvez tenha sido o encontro não tão bom com William, o fato de que ela não teve bons encontros nos últimos tempos. Talvez tenha algo a ver com ela ter assistido animes shoujo demais na última semana. O fato é que, em um determinado momento entre uma videocassetada e um cantor mediano se apresentando com auxílio de playback, a imagem de Danilo apareceu na mente de Prudência.
Não como o rapaz ranzinza da padaria, nem como o grosso que fez pouco dela ao telefone, pensando que ela não tinha ouvido. Ele lhe apareceu como no dia em que ajudou sua irmã: gentil e belo, um cavaleiro em seu cavalo branco de quatro rodas e motor 1.3, que não demonstrou o medo que ambos tinham de que aquela gótica bêbada sujasse os bancos com bile e restos de vinho Cantina da Serra.
Não houve testemunha desse pensamento fugaz de Prudência: a mãe não desgrudava da TV, seus olhos opacos de quem não pensava em nada. Todas as outras irmãs tinham saído: uma no bar, uma em algum lugar escuro e bizarro onde as pessoas pensavam ser vampiros, outra no baile funk.
Prudência tentou fazer a imagem dele desaparecer, mas lá estava ele: Danilo sorrindo de leve, Danilo com cara de bunda, Danilo com cara de quem tava afim de comer sonho. Danilo sendo Danilo. Algo na conjunção das estrelas, dos signos, dos cavaleiros de Atena, fez Prudência sentir-se fisicamente pela lembrança dele – ou melhor, sentir-se consciente da beleza dele, que parecia apenas ela não notar.
Num impulso, pegou o celular e abriu o facebook. Digitou o nome dele. Observou as páginas que ele curtia e percebeu que eles tinham gostos muito parecidos. Foi olhar suas fotos de perfil, pois as outras estavam bloqueadas.
Sem perceber, Prudência curtiu uma foto dele. De 2012.
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Prudência e Conquista - fanfic Orgulho e Preconceito
FanficPrudência vivia tentando por juízo na cabeça de sua irmã, Coralina. Que, de tanto correr atrás dos topzeras, ganhou por alcunha Conquista. Prudência não gostava de apelidos. Conquista gostava de sonhos, daqueles bem doces (os reais e os figurados)...