•| Capítulo 4 - Acho até que a solidão é algo bom.

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Luke Pov ON

Ela ficou a pensar no que haveria de perguntar. Coisa que me deixou nervoso, porque não sabia o que haveria de responder a qualquer que fosse a pergunta dela. Eu não tenho vida. Eu não estou vivo. Sou uma alma que reencarnou um corpo que já estava morto. Qualquer dia tenho fãs loucas a correr atrás de mim. Sim, porque eu era famoso quando era vivo. Não sei como ainda não deram falta do corpo. É que eu não fui enterrado, apenas colocaram o meu corpo numa daquelas capelas patetas num cemitério qualquer, por isso o meu corpo estava e está em bom estado, apenas precisei de um bom banho e de um bom perfume. Eu até que tenho casa. Eu estou a viver numa cabana abandonada no meio do mato. Os meus pais estão vivos mas tipo eu morri, não vou aparecer lá em casa assim depois de morrer não é? Amigos? Bem, eu amigos até tenho. Aliás tenho um amigo. O diabo. Mas de resto não tenho mais ninguém, para além da Maddy. Idade? Posso dizer-lhe que tenho 18 ou 20. Não sei. Que idade tinha eu quando morri? 20. A banda teve um acidente com o bus e apenas houve um sobrevivente, o Ashton. Talvez por ser o único que acreditava no diabo. Ele tentava convencer-nos, mas nós não acreditávamos nele, feitos estúpidos. Talvez ainda vá ter com ele e lhe conte tudo. Ele acreditava no que eu fiz. Já se passaram 5 anos desde a minha morte. Sim, 5 anos. Por isso se estivesse vivo teria 25 e o Ashton tem 27. Mas sem pressas, logo se vê.

– Mas vais-me responder? Vais ser sincero comigo?

– Sim.

– Porque estás aqui?

– Porque precisas de mim.

– Oh isso não é resposta para mim!

– Mas é para mim. Não disseste o que achavas correto eu responder ou não.

– O que fazes aqui? Para além de estares comigo.

– Habitualmente estou em casa. Mas porquê? 

– Porque das vezes em que te vi estavas sozinho. E sinto que estás sempre aqui, que nunca te vais.

– Já te disse. Estou aqui para te proteger.

– Será para me proteger? Ou será que me queres ver mal?

– Não tenho motivos para te querer ver mal…

– Também não tens motivos para me querer ver bem. Não te conheço de lado nenhum, Luke.

– Se esperares algum tempo e me deres uma oportunidade, passarás a conhecer-me melhor.

– Está bem.

– Esperas?

– Porque não? - pergunta-me sorrindo e eu simplesmente sorrio de volta - Tens horas para ir para casa?

– Não. Moro sozinho.

– Mas é porque queres ou não tens ninguém com quem ficar?

– Gosto de estar sozinho. Acho até que a solidão é algo bom, ajuda-nos a refletir nas coisas e a pensar se agimos corretamente respeitando a nossa forma de pensar.

– Também penso assim, sabes? Mas também gosto de ter companhia. É bom ter companhia, há coisas que não dão para se fazer sozinho.

– É verdade. Bem, eu se calhar vou indo. Estou a ocupar o teu tempo, deverias de estar a fazer outras coisas, não é verdade?

– Apenas devia de ter ajudado a minha mãe com as compras e tenho que ir fazer o jantar. Jantas connosco?

– Não, mas obrigado na mesma Maddy.

 

Posso ser mau, mas não deixo de ser bem-educado. Pelo menos aqui não posso não o ser, porque se deixo ela pode achar que sou um vagabundo que a vai levar por maus caminhos, mas isso não é verdade, apenas a vou ajudar a escolher o caminho certo. Despedi-me dela e saí de casa dela. Eu não queria, mas ela podia não gostar. Assim volto amanhã.


Maddy Pov ON


Tinha acabado de me sentar no sofá, após jantar quando ouço o som da campainha a tocar. Suspiro, levanto-me e vou abrir a porta. Eram aqueles olhos azuis de novo. Não era o Luke. Era o James.

– James?

– Olá, desculpa ter aparecido a esta hora, mas como disseste para aparecer depois eu apareci. Não vim em má altura? - ele desculpa-se sempre com o seu sorriso lindo estampado no seu rosto.

– Não, claro que não. Entra. - retribuo o sorriso e ele entra - Queres tomar alguma coisa? Café? Chá? Sumo? Leite? Água?

– Não, muito obrigado. - ele ri, tem um riso tão fofo.

– Senta-te… Então que fazes por aqui a esta hora? - pergunto após nos sentarmos.


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