Miguel Petrov - Máfia vermelha 6

Prólogo

Miguel

Conhecer Marina trouxe a tona um lado meu, que acreditei estar morto há muito tempo. Minha vida não foi fácil, tomar as decisões que deviam ser tomadas, foi ainda pior. Quando jovem, meu pai sempre me disse que mostrar piedade, era o mesmo que oferecer a mão para uma cobra venenosa, pronta para dar o bote. Se você virar as costas para ela, e você não respirará para lamentar o erro cometido.

Saber disso, não me fez mais espero!

Dizer a um jovem que ele não deve fazer algo, é o mesmo que dizer para ele fazer!

Todos sabem o resultado final!

Meu pai não foi um bom pai, ele não me deu outra escolha a não ser aceitar a vida que ele tinha, e viver dentro de suas regras.

Aos meus treze anos, eu já era um assassino. Aprendi a conviver com a culpa pelos meus atos e logo parei de ter sentimentos, me casei com Dalilah, a pedido dele, mas com o tempo ela me mostrou o que o amor era.

Ela se tornou minha melhor amiga e quando meu pai morreu, ela se tornou o que muitos chamam de "A Primeira-Dama", ela estava ao meu lado em todos os momentos e perdoou os meus erros. Com o tempo e os filhos, nos tornamos amigos e eu lamentei o dia que ela saiu da minha vida, e tudo isso, por causa do meu ato de piedade.

Meu irmão mais novo sempre foi um garoto problemático, alguém que matava simplesmente pelo prazer de matar.

Mesmo meu pai, o que eu considerava um monstro viu esse lado dele e decidiu que era melhor ele se afastar. E foi ai que a merda bateu no ventilador, a Guerra tornou meu irmão algo muito pior do que já era, e quando ele voltou, pronto para me desafiar e assumir a Família, eu o afastei, mostrei piedade e esse foi o meu pior erro.

Ele voltou para destruir tudo e todos, e isso começou pela minha família.

Ter errado com os meus filhos, quando eles ainda eram crianças, foi o que me fez tomar essa decisão!

— Se você sair por aquela porta, não vai mais me encontrar! — Marina diz. — Entendo que precisa ajudar os seus filhos, mas você está me afastando, e isso eu não posso aceitar. Achei que eramos um casal, e casais enfrentam tudo juntos!

— Você pensa que isso aqui é conto de fadas fodido, — zombo, sabendo que ela odeia quando uso esse tom de voz. — Não é! Pessoas do meu mundo não se misturam com pessoas do seu mundo.

Ela me olha magoada, e imediatamente sei que entendeu tudo errado.

— Não foi isso...

— Quer saber? Eu quero que você se foda, vá embora. — Ela fala com raiva. — Só que se sair por aquela porta, não precisa mais voltar.

— Você sabe que não foi isso o que eu quis dizer! — Grito.

— Eu não sei de mais nada. Você não me conta nada, a maior parte do tempo desvia do assunto. Acha que não sei o que a sua família é? Ou o que ela faz? Acorda pra vida, Miguel. Eu te aceitei como você é, não escolhi pequenas partes que me eram boas ou ruins. Eu quero estar ao seu lado a cada passo do caminho, não apenas nas vitórias! — Ela grita e vai em direção ao quarto, batendo a porta.

Eu fico parado no meio da sala, olhando para a casa que comprei para começarmos um futuro, lado a lado. Marina está apenas com raiva, já passamos por isso antes, e ela sempre esteve aqui, me esperando de braços abertos.

E é com essa certeza, que eu sei que preciso ir sem fazer muito alarde. Quando mais brigarmos agora, mais vai ela vai ter para me perdoar. Ando até o quarto e me deparo com a porta trancada, mas isso não me impede de dizer o que preciso dizer.