Capítulo 1

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Marina

Sete meses depois

Tem sido estranho passar esse tempo longe do Miguel, a cada dia, é como se eu perdesse um pedaço de mim, e eu odeio essa sensação. Paro em frente ao espelho no meu quarto e observo a minha barriga arredondada, com a nossa filha.

Será que ela vai ser um pouco parecida com o pai?

Sei que devia ter contado pro Miguel que estava grávida, no momento em que descobri, mas depois da nossa briga e de fugir dele como se minha vida dependesse disso, o tempo tornou as coisas mais complicadas e eu temo a reação dele quando descobrir. E eu tenho certeza que ele vai descobrir, cedo ou tarde, o Miguel vai bater na minha posta e eu vou ter que confrontar e dizer toda a verdade.

Me afastando do espelho, pego minha bolsa e saio do meu apartamento; hoje acordei com uma vontade maluca de comer os doces que vendem na padaria da esquina. Pego o elevador e logo estou saindo do meu prédio e indo em direção a padaria, quando estou quase virando chegando, uma mão forte segura o meu braço e sou puxada em direção a um corpo quente.

— Então é aqui que você esteve todo esse tempo? — Miguel pergunta, sua mão indo direto para a minha barriga, quando ele sente a elevação, seu corpo fica tenso e ele se afasta e me vira de frente para ele. — Que diabos...Marina?

— Surpresa? — Pergunto sem saber o que fazer.

— Surpresa? Sério? Você some, e quando te encontro ainda descubro que estava grávida de um filho meu? — Pergunta irritado.

— Filha, estou esperando uma menina. — Respondo. — E aqui, — gesticulo em volta, — não é o lugar apropriado para essa discussão.

— Vamos para o seu apartamento. — Ele começa a me puxar, mas me liberto e volto a andar em direção a padaria.

— Vá e me espere, eu estou com fome, — Não paro para ver se ele está me seguindo ou não, conhecendo o Miguel, ele não só está me seguindo como está me olhando de cara feia. — E pare de me olhar assim, não estou com saco pra aguentar seu show hoje.

Miguel acelera o passo e segura minha mão, ele me aperta contra o corpo dele enquanto andamos, e por mais irritada e nervosa que eu esteja, senti falta dessa proximidade.

— Por que você sumiu? — Ele pergunta, em voz baixa. — Eu estava tentando te proteger...

Espero um pouco antes de responder, entrando na padaria e indo direto para a minha mesa, ou melhor a mesa onde tenho comido quase todos os dias.

— Me mantendo longe de todos? Me tratando como seu segredo sujo? — Pergunto, me sentando e esperando a garçonete vir nos atender.

— Você não conhece a minha família e os problemas que nos cercam. — Ele se defende.

— Claro que não os conheço, você sempre me manteve longe de tudo o que envolve eles e até mesmo você. Por mais que eu te ame, não quero estar do lado de alguém que me mostra apenas pedaços de quem realmente é. Toda vez que você saia da nossa casa, eu não sabia nem se você voltaria vivo. Eu trabalhei para os seus filhos, estive por perto deles e sei exatamente o tipo de coisa que acontece, vi como eles mantinham suas mulheres por perto, mesmo que tudo estivesse a ponto de explodir, e isso é como eles mantinham elas protegidas. — Nesse momento eu não dou a miníma para o que ele pode pensar de mim, eu vou falar tudo o que tenho guardado pra mim mesma. — Mas você? Não, na sua tentativa de proteger as pessoas, você as afasta e isso machuca muito. Olha seus filhos, Ahmar e Alex, nós dois sabemos o quanto de ressentimento que suas atitudes criaram, quase destruiu a amizade e o amor dos irmãos. Então se você acha que vou deixar você fazer isso comigo e com a minha filha, está muito enganado. Eu quero um homem que mantenha ao lado dele e que compartilhe TUDO comigo.

Miguel Petrov - Máfia vermelha 6Onde histórias criam vida. Descubra agora