Capítulo 8

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Os dias seguintes não foram muito movimentados, fiquei basicamente no quarto, onde Ani vinha duas vezes ao dia para me examinar e trocar os curativos das queimaduras, que saravam num tempo muito mais rápido do que eu esperava

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Os dias seguintes não foram muito movimentados, fiquei basicamente no quarto, onde Ani vinha duas vezes ao dia para me examinar e trocar os curativos das queimaduras, que saravam num tempo muito mais rápido do que eu esperava.

Estava me sentindo exausta, e como Ani ainda parecia estar com o humor de poucos amigos, praticamente não conversamos. Queria saber como aquele teste maluco, vai me ajudar a controlar a magia e porque diabos eu tinha que aprender essa arte, pois até agora, tudo que sei é que ela quase me matou, e que se alguém for pego a praticando é condenado a morte.

Em uma manhã acordei com barulhos de coisas sendo empacotadas, ouvi Ani resmungando com si mesma, troquei a camisola de linho branca que estava, por uma calça de algodão preta e uma blusa de manga curta verde escura.

Quando fui ver o que estava acontecendo, me deparo com uma sala cheia de objetos voando, pergaminhos, livros, penas, tinteiros, algumas roupas, comidas e alguns potes que não sei o que tinha dentro. Todos os objetos estavam sendo colocados dentro de uma bolsa, que para mim parecia que ia explodir de tanta coisa que já tinha ali.

Ani ficava falando que não acreditava que teria que ir, ou no que elas estavam pensando, para mim eram mais frases sem sentido que ela estava dizendo, quando percebeu a minha presença, terminou de arrumar a bolsa e mandou eu esperá-la no jardim.

Ani demorou quase uma hora para sair da casa, estava trazendo a mala que tinha arrumado, o manto de minha mãe, uma bolsa de couro velho e minhas botas marrons.

Mandou eu calçar os sapatos e me entregou a bolsa, dentro tinha algumas mudas de roupa, carne seca, água, queijo, frutas e alguns remédios que serviam para queimaduras, dores e febre.

Perguntei se íamos viajar, mas tudo que ela disse é que eu precisava ir embora da ilha, que meu tempo ali já tinha se esgotado, principalmente com os últimos acontecimentos na clareira, ela disse que ia ter que ir para uma reunião mais cedo do que esperava, e que se as irmãs dela descobrissem que eu ainda estava na ilha, bom ela não concluiu a frase, e por isso falou que eu tinha que partir.

O seu tom de voz transmitia urgência e seriedade, portanto não discuti com ela, já estava mais que na hora deu seguir meu caminho, mas para onde eu ia, ainda não sabia.

Ani me guiou através de uma trilha de mata bem fechada, onde mal entrava luz solar, até uma praia que era formada por cascalhos. A praia tinha águas bem calmas e a uns duzentos metros oceano a dentro, uma névoa começava a se formar, ficando cada vez mais densa conforme a distancia aumentava, o dia apesar de estar sol não estava muito quente.

Após chegarmos na praia, Ani colocou o manto de minha mãe envolta dos meus ombros, me entregou um pergaminho, onde disse que ali explicava todas as razões do meu treinamento e quais foram os resultados.

Me entregou um mapa de Nerdeth e disse para eu seguir em direção a Dakar, onde eu encontraria mais respostas na biblioteca real do castelo, por fim, me deu o livro dos contos que eu estava traduzindo, dizendo para eu não deixar de ler essas histórias.

Quando terminei de guardar todos os itens na bolsa de couro, encarei o mar, e pela primeira vez pensei em como diabos eu ia sair dali, a nado seria impossível, ainda mais que deve ter tubarão nas redondezas e sabe-se lá mais o que.

Ani parecendo ler os meus pensamentos, me puxou até um conjunto de rochas do lado direito da praia, onde avistei um pequeno barco, tiramos ele das pedras e o colocamos na beirada da praia, me virei e encarei a senhora.

Quem era aquela senhora tão misteriosa e maluca, que sabia mais de mim do que eu mesma, provavelmente nunca saberei. O longo tempo que passei nessa ilha fora do mapa, fez com que eu aprendesse tanta coisa que nunca imaginei saber, além de fazer com que eu me sentisse acolhida e amada novamente, como se minha mãe estivesse presente aqui comigo.

Meus olhos se encheram de água, eu sei que tive momentos bons e ruins nesse lugar, e que apesar de Ani ser louca, eu iria sentir muita falta dela.

Me dei conta de que eu talvez nunca mais a visse, ou a essa ilha magnifica, coloquei minha bolsa dentro do barco, o contornei e dei um abraço bem apertado nela, o gesto a surpreendeu, mas ela logo cedeu e retribuiu o abraço.

No meu ouvido, Ani falou que eu estava destinada a coisas muito grandes, e que se algum dia eu precisasse de alguma aliada, para eu não hesitar em chama-la.

Falou para eu escrever uma mensagem ao vento dizendo o nome dela, se quisesse lhe chamar, me desejou sorte na minha jornada e assim nos despedimos, embarquei no barco e naveguei em direção a névoa.

Rosa Negra - A Ordem da RosaOnde histórias criam vida. Descubra agora