Capítulo 50

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Quando estava saindo do celeiro com a minha bolsa nas costas, me deparo com o imbecil do Enner na minha frente, bloqueando a passagem

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Quando estava saindo do celeiro com a minha bolsa nas costas, me deparo com o imbecil do Enner na minha frente, bloqueando a passagem. O sino de alerta de que eu tinha escapado soava alto pelo lugar, e o desgraçado sabia exatamente onde me encontrar.

- Sai da minha frente Enner, não estou com paciência para lidar com você agora.

- Não saio, a Torre inteira esta te procurando, além do mais você não me assusta o franguinho, acha mesmo que é páreo para mim?

Respirei fundo, coloquei a bolsa no chão o que fez com que minhas costas reclamassem, eu não queria pensar no estrago que tinha sido feito ali. Não podia deixar meu corpo esfriar, se não a dor me consumiria e eu estaria perdida.

Conforme vinha para o estábulo, usei o meu poder de cura para diminuir o o inchaço do meu rosto, fazendo com que eu conseguisse enxergar nitidamente de novo.

O imbecil a minha frente já empunhava a sua espada, joguei o chicote no chão e desembainhei a minha, ele veio para cima de mim, dei um passo para o lado, fazendo com que ele passasse por mim desequilibrando.

Dei um chute em sua bunda, o que fez com que ele caísse de cara no esterco de cavalo. Eu ria da cena, ele se levantou uma fera, limpou o rosto e dessa vez veio mais cuidadoso me enfrentar.

Enner se destacava por ter tido um bom treinamento e força, mas sua postura era falha e sua agilidade péssima, além de que, ele provavelmente nunca enfrentou alguém como se sua vida dependesse disso, essa experiência faz toda a diferença numa batalha e eu a tinha de sobra.

Apesar de estar me divertindo humilhando o homem, não podia ficar ali mais tempo, quando ele investiu verticalmente contra minha cabeça, me abaixei e passei por debaixo de seus braços indo para trás dele.

Chutei o seu joelho, que junto com o movimento que ele tinha feito para me atacar, o levaram a cair de rosto no chão, montei em suas costas e apliquei o golpe de mata leão até ele desmaiar.

Recoloquei a bolsa nas costas e sai pelas sombras no pátio da Torre, uma correria frenética estava acontecendo para tentarem me achar, alguém gritava que o comandante estava morto e que eu tinha escapado.

Fui me esgueirando até a parte norte da Torre de vigilância, para minha sorte, na escada que dava para a muralha só tinha um guarda, me aproximei silenciosamente por trás dele e cortei sua garganta, apoiei seu corpo no chão sem fazer nenhum barulho.

Ao me aproximar da beirada da muralha, retirei da bolsa a corda com gancho de escalada, foi uma descida fácil até o pé da muralha, mas a parte complicada estava por vir.

Com um puxão, o gancho se soltou, guardei a corda na bolsa a prendendo bem nas minhas costas, o que me fez gemer de dor. Eu tinha uma única saída, me embrenhar no mato que ia em direção as montanhas Kalur, o caminho até a cobertura das árvores era grande e sem nenhuma proteção.

O sol estava escondido entre as nuvens, mas a visão do campo era limpa, contudo, assim que eu começasse o meu trajeto até a floresta, não poderia parar até estar segura.

Respirei, uma, duas, três vezes, olhei para a mata ao longe focando no meu objetivo, dei um impulso e me coloquei a correr que nem um raio na campina aberta até as árvores.

Não tinha percorrido vinte metros quando escutei a trombeta soar, não demorou muito para uma chuva de flechas cair do céu. Comecei a fazer minha corrida em ziguezague, para dificultar a pontaria deles.

Eu focava nas árvores a minha frente, a cada fôlego que eu dava, mais flechas caiam do céu e mais perto ficava o meu destino, acelerei até meus pulmões quase explodirem.

Dez metros até as árvores, uma flecha passou de raspão no meu braço me fazendo desequilibrar, mas não cai e continuei correndo. Cinco metros, comecei a sentir dor na costela por forçar um ritmo descomunal para o meu corpo.

Quatro metros, meu ritmo diminui e sinto minhas pernas começarem a fraquejar. Dois metros, mais flechas passam, dessa vez estão mais perto do que eu gostaria de mim.

Um metro, tropeço num buraco e caio de joelhos, me levanto rapidamente, pois mais flechas estão caindo do céu, e então finalmente, chego na proteção das árvores.

Não paro de correr, pois não sei se guardas estão vindo atrás de mim, me embrenho na mata, uma vez que seguir a estrada principal facilitaria muito, para me acharem.

Após percorrer um bom trecho, encosto numa árvore e respiro, escutando para ver se tem algum barulho de alguém atrás de mim, não escuto nada.

Respiro aliviada e continuo adentrando a mata, mas numa caminhada bem lenta, para eu poder recuperar o meu fôlego. Ao encontrar uma árvore grande e de tronco largo, paro e começo a escala-la.

Preciso cuidar dos meus ferimentos e descansar, não posso acampar no chão, não sei se mandaram alguém durante a noite para me procurar, pelo menos no topo da árvore estarei fora de vista e mais protegida.

Quando cheguei numa altura que julguei fora de perigo de que me achassem, que estivesse troncos largos e firmes para me deitar, retiro a bolsa das costas e gemo de dor, ao sentir o tecido descolar das feridas feitas pelo chicote.

Retiro da bolsa algumas ervas medicinais e um cantil com água da fonte de Matmata. Ao puxar a blusa, mordo meu lábio para não gritar de dor, a faixa que cobria os meus seios, eu somente a puxo pela frente, pois já esta partida.

Abro o cantil de água e num movimento rápido o jogo nas minhas costas, sinto o liquido passar pelos talhos do chicote, fazendo com que ardesse muito.

Fecho meus olhos e me concentro na água que esta no meu corpo, estou quase esgotada, não posso abusar da magia, a uso somente o suficiente para fechar os ferimentos os fazendo parar de sangrar, mas o local ainda esta dolorido e sensível, a cura não foi completa.

Passo a parte limpa da camisa destruída, para limpar a sujeira e o sangue seco antes de recolocar uma nova. Está quase anoitecendo, retiro da bolsa pão e queijo que tinha pego da Torre de Vigilância e os como.

Estou tão exausta que não estou sentindo fome, mas precisava de alimento para repor minhas energias, guardo todos os meus suprimentos e armas na bolsa, deixando somente uma adaga em minha bota.

Recosto no tronco, apoio a bolsa no meu colo e aos poucos vou sentindo meu corpo relaxar, cada músculo dolorido, cada ferida que eu tinha, começam a ficar esquecidos quando o cansaço e o sono me atingem. 

Rosa Negra - A Ordem da RosaOnde histórias criam vida. Descubra agora