Capítulo 38

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Apesar do meu corpo está curado, eu ainda tinha pesadelos sempre que fechava meus olhos, não conseguia apagar as luzes e sempre que alguém entrava pela porta do quarto, eu gelava esperando ver uma figura mascarada

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Apesar do meu corpo está curado, eu ainda tinha pesadelos sempre que fechava meus olhos, não conseguia apagar as luzes e sempre que alguém entrava pela porta do quarto, eu gelava esperando ver uma figura mascarada.

Não sai dele desde que me tiraram daquela sala, apenas comia, dormia e ficava encarando o nada. Kuana tentou conversar comigo, mas eu não conseguia prestar atenção, só me vinha a cabeça as cenas horrorosas que eu passei.

Na última tentativa que ela fez de se aproximar de mim, tentou me dar um abraço, minha reação foi tão negativa que ela se assustou. Eu me encolhi e sai de seus braços, qualquer toque em minha pele me fazia ter flashes das torturas.

Estava sentada olhando pela janela do meu quarto, Reina apoiou sua mão em meu ombro me despertando do meu devaneio. Me mexi na cadeira fugindo do seu toque, eu sabia o porque dela está ali, a hora tinha chegado, mas eu não queria, eu não estava pronta.

A lembrança do que eu quase fiz no dia que ameaçaram Kuana, me assombrava em cada canto, aquele monstro que surgiu de mim, eu não queria vê-lo de novo.

Suspirei balançando a minha cabeça e olhei para Reina, como que implorando para ela adiar mais uma vez essa parte do treinamento. Ela estreitou os olhos e fez sinal de negativo, ela já tinha prolongado de mais.

Não sei se essa concessão de prolongar o meu tempo veio de Kuana, ou se Reina de alguma forma se sentia culpada ou com pena de mim, seja qual for o motivo, o meu tempo acabou.

Apesar da mulher ter me torturado, não sinto raiva dela, muito pelo contrário, a admiro por conseguir fazer o que fez com uma pessoa que ela conhece, sem deixar que suas emoções interferissem.

- Está na hora Lia, ou você faz essa parte ou será reprovada.

- Não sei se consigo.

- Você consegue, eu vi como você olhava para a mulher, você seria capaz de qualquer coisa...

- Exatamente, eu virei um monstro ali. Eu não sou assim, eu não quero ser assim.

Reina olhava bem fundo nos meus olhos, apesar de não ser alta a sua presença era sepulcral.

- Para protegermos quem amamos e para sobreviver, somos capazes de virar os piores monstros, e ele vai aparecer de novo tenha certeza. Agora você tem que saber se quer aprender a controla-lo ou não.

O que ela disse me atingiu bem fundo, mas eu ainda tinha receio, ainda tinha medo e se eu não conseguisse controla-lo!

- Eu não quero aprender a matar um inocente. –falo me lembrando do homem que foi brutalmente assassinado na minha frente.

- E não vamos te ensinar isso.

- Mas e aquele homem que ela...

Reina levanta a mão me interrompendo, respira fundo, sua paciência está acabando.

- Aquele homem não era inocente, tudo que ela te disse é mentira, bem, quase tudo.

- O que?

- Aquele homem realmente tem uma esposa e dois filhos, um casal. Ele era um bêbado que batia na mulher todos os dias e abusou dos seus filhos, eles têm menos de dez anos.

Eu a olhava chocada, ele não parecia ser uma pessoa ruim, mas quem ver rosto não vê coração.

- Quando soubemos o que ele fazia interferimos, a esposa morria de medo de abrir a boca, pois ele ameaçava matar ela e as crianças. Ele foi julgado e condenado a morte.

Fiquei pensativa com o que tinha acabado de escutar.

- Como será essa etapa, eu vou ficar sozinha?

- Não. Você terá um instrutor.

- Vai ser você?

- Se você quiser, sim.

- E quem eu vou ter que, você sabe.

- Primeiro, não tenha medo de falar a palavra torturar, segundo, são soldados voluntários, não faremos nada extremo que os leve a morte.

Levantei da cadeira e acenei para ela, saímos do meu quarto e seguimos rumo a masmorra. Aquele corredor escuro me dava arrepios, e conforme me aproximava da sala, tremores percorreram o meu corpo.

Reina sinalizou que para as seções de torturas, por questões de segurança, tanto o torturador como o torturado iriam usar um capuz. Pelo menos assim eu não saberia quem estaria ali, poderia fingir que era um boneco.

Paramos antes de entrar na sala, ela me passou o capuz e me instruiu a como entrar pela porta, qual postura eu teria que usar, qual tom de voz....

- Você vai escolher o que vai querer fazer, talvez tenha objetos que você não saiba o que são, me pergunte que te falarei no final de cada seção para que serve e como usa-los. Eu recomendo você utilizar algo que fizeram com você.

Engoli em seco, eu saberia exatamente a dor que a pessoa ia sentir, mas também iria saber como manejar e controlar cada situação. Reina me passou a pergunta que eu teria que fazer para ele, afinal eram técnicas de interrogatório.

Ela não me disse qual seria a resposta correta, quem teria que julgar se ele falava a verdade ou não seria eu, e isso era uma avaliação, pois ela saberia a resposta para a questão.

Respirei fundo e abri a porta da sala, o cheiro de sangue e mofo me atingiram instantaneamente. O homem estava com as mãos amarradas com cordas atrás das costas, meu olho percorreu todo o ambiente e sempre que via algo que foi utilizado em mim, um tremor passava pelo meu corpo.

Reina ficou afastada de mim, estava encostada na porta como um cão de guarda, eu não sabia por onde começar. Olhando a bancada, vi um chicote de espinhos, o peguei, seu peso era mais leve do que pensei e então me decidi, seria aquele o meu primeiro ato de tortura.

Rosa Negra - A Ordem da RosaOnde histórias criam vida. Descubra agora