Capítulo 55

2.4K 344 210
                                    

Estava quase chegando ao portal, coloquei o capacete na minha cabeça, destampei uma garrafa de bebida com líquido verde, que tinha um cheiro extremamente forte, joguei um pouco na armadura e bebi um gole

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Estava quase chegando ao portal, coloquei o capacete na minha cabeça, destampei uma garrafa de bebida com líquido verde, que tinha um cheiro extremamente forte, joguei um pouco na armadura e bebi um gole.

A bebida desceu queimando por minha garganta me fazendo ter uma crise de tosse, olhei com repulsa para o frasco e fiquei imaginando como as pessoas conseguiam beber aquilo.

Jogando a garrafa fora, respirei fundo e tomei coragem para ir em direção ao portão, já era tarde da noite e o número de guardas apesar de não serem poucos tinha diminuído. Não se via mais os guardas montados e somente quatro ficaram no portão, com os dois arqueiros um em cada torre.

Comecei a andar meio tropeçando e arrastar o andar, os guardas do portão notaram minha presença, mas não se alarmaram como se fossem me atacar.

Saudei eles com uma voz embargada e num tom um pouco mais alto que o necessário, um deles revirou os olhos enquanto que os outros riram e sacudiram a cabeça em sinal negativo.

Ao chegar perto dos guardas fingi tropeçar no meu próprio pé e me apoiei em um deles, este torceu o nariz para o cheiro de bebida forte que exalava de mim.

- Sabe meu amigo, a noite foi ÓOOOOOOTIMA!

- Estou percebendo, pelo seu cheiro alguém vai precisar de uma armadura nova enquanto limpa essa aí.

- Que nada! Estou Ótimoooo!

- O que quer aqui soldado?

- Estou voltando para casa. – Dei um sorriso bêbado e travesso, além de fingir que estava desequilibrada, fazendo ele segurar meu cotovelo. – Sabe, uma das meninas da Miss Rouge me deu uma baita canseira.

O soldado riu da minha declaração, ele sabia de quem e da onde eu estava falando. Pelo visto o bordel era conhecido entre os soldados.

- Você poderia me axudar? – Embolei a língua de propósito.

- O que você precisa? – Ele estava se divertindo com um bêbado que quase caia no chão de cinco em cinco segundos, provavelmente já pensando em como me atormentar no dia seguinte.

O chamei mais para perto diminuindo o meu tom de voz.

- Você sabe que se eu chegar assim em casa a patroa reclama, pode me levar até o estoque de armadura pra eu trocar de roupa, tomar um banho antes de ir para a prisão?

O soldado deu uma risada alta, eu abanei as mãos e coloquei um dos dedos no lábio dele.

- Shiuuuu!! Ela não pode saber.

Ele passou um braço por cima do meu ombro rindo, mas agora sem fazer barulho, então me disse.

- Vou te ajudar meu caro amigo bêbado, mas vai ficar me devendo um favor.

- Fesado!

Ele avisou aos companheiros que já voltava, me conduziu para dentro da muralha, eu estava saltitante com meu sucesso. Primeira parte do plano deu certa.

Durante o caminho eu tropecei de propósito algumas vezes e sempre via o guarda rir, mas não me deixava cair no chão segurando um dos meus braços.

O armazém onde as armaduras ficavam não era tão longe da passagem da muralha, ele abriu o cadeado e me indicou o interior, não era muito grande, mas me surpreendi com a arrumação do lugar.

Bustos, caneleiras, luvas entre outras partes de armaduras, eram enfileiradas por tamanho e tipos em prateleiras ao longo do armazém. O soldado me indicou uma porta do outro lado do armazém, me dizendo que lá eu poderia tomar um banho e achar alguma roupa que servisse em mim, me disse para deixar a armadura em cima do balcão de lustração que alguém viria pegar amanhã.

Dei um tapa mais forte do que deveria no ombro do homem, abri um sorriso largo e agradeci a sua ajuda. Ele disse que me esperaria do lado de fora do galpão, pois a noite estava quente e ali dentro estava muito abafado.

Assim que ele fechou a porta atrás de mim disparei para o lugar onde ele tinha indicado, eu precisava de um banho para me livrar daquele maldito cheiro de bebida.

Joguei uma água no corpo muito rápido e como o soldado tinha dito, atrás da porta tinha diversas calças e blusas que iriam me servir. Peguei uma calça e blusa pretas sem nenhum adorno, mas que eram exatamente do meu tamanho.

Ao sair do lugar comecei a procurar pelas peças de armadura, tinham armaduras de diversas formas, materiais e cores. Voltei para onde tinha largado a que vestia para ver qual era o tipo dela, para pegar uma igual.

A vestimenta era toda prateada, mas tinha o brasão de Dakar em vermelho e dourado estampado, comecei a catar esse tipo de busto, quando finalmente estava com a armadura completa fui em direção a porta do armazém.

Aproveitei para colocar a espada que estava guardada na minha bolsa numa bainha preta simples que peguei, ao abrir a porta vi que o soldado estava me esperando, ele foi muito solicito mas precisava me livrar dele agora.

- O cheiro está bem melhor agora, tenho certeza que sua patroa não vai reclamar tanto.

- Voxe me salvou! Obrigado, agora vou seguir meu caminho para casa.

- Melhor eu te acompanhar até lá.

- Não precisa, se ela me ver chegando com você estarei enrascado.

Fiz uma cara de pavor e implorei com os olhos para ele não insistir em me levar. Ele concordou em seguirmos caminhos diferentes, mas antes de ir colocou uma das mãos em meu ombro e me olhou nos olhos.

- Não esqueça capitão, que está me devendo um favor e eu irei cobrar.

Apenas assenti, então quer dizer que eu estava me passando por capitão, bom, isso facilitaria a minha entrada na torre real, já que terei mais acesso por causa da minha patente.

O homem trancou a porta do armazém e seguiu seu caminho, um tolo que tentou chantagear um homem que nunca mais verá na vida. Fui andando lentamente e cambaleando, com medo do soldado olhar para trás e desconfiar.

Quando andei uma distância que me dei por satisfeita, aumentei o ritmo, observei a cidade ao meu redor. Uma muralha gigantesca cercava as casas e eu não conseguia ver o seu fim.

As casas eram feitas de pedras e cimentos, com telhados em tons de vermelho e branco, as ruas eram de paralelepípedo e postes com chumaços de pano com querosene queimavam ao longo das ruas principais.

As lojas da cidade se encontravam fechadas, mas já se podia sentir o cheiro das padarias fabricando os pães e as tavernas expulsando os últimos bêbados para poder fechar.

No canto da rua uma água escura e fétida escorria, era ali que as pessoas jogavam suas necessidades e lixos. Em alguns becos se via homens bêbados ou moradores de rua dormindo.

Andava desviando da água que escorria da rua, seguindo sempre em direção ao segundo muro que ficava no centro da cidade, onde dentro dele se encontrava o castelo de Dakar.

Rosa Negra - A Ordem da RosaOnde histórias criam vida. Descubra agora