Capítulo 39

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O som do chicote estalando e arrancando a carne, o debater do corpo, enquanto a cabeça era mergulhada no tanque, os gritos dos ossos sendo quebrados, das marcas de queimaduras e dos objetos perfurantes, martelavam em minha cabeça

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O som do chicote estalando e arrancando a carne, o debater do corpo, enquanto a cabeça era mergulhada no tanque, os gritos dos ossos sendo quebrados, das marcas de queimaduras e dos objetos perfurantes, martelavam em minha cabeça.

A cada seção eu vomitava do lado de fora, meu estômago se embrulhava e doía. Reina segurava meu cabelo enquanto eu passava mau, apesar deu infligir a dor, eu odiava cada segundo daquilo, e os homens percebiam.

Reina falava que eu não podia demonstrar essa fraqueza, se não eles iriam explora-las, que eu tinha que fingir que gostava daquilo, ou pelo menos, colocar uma máscara de indiferença.

Já estava fazendo seções de tortura a quinze dias, estava esperando o meu psicológico quebrar a qualquer momento, e o monstro surgir, estava alternando as técnicas de tortura entre física e mental, junto com chantagens, conforme as orientações de Reina.

Quatro homens foram minhas vítimas, dois deles tinham confessado o seu segredo, os outros dois, chegaram num ponto que se continuássemos eles iriam morrer.

Hoje seria a minha quinta e última vítima, eu não podia demonstrar fraqueza, tinha que esconder todos os meus pontos fracos, ela seria o meu teste de final. Enquanto caminhava sozinha pelos túneis, penso numa forma de tentar achar aquilo prazeroso.

Reina já está a minha espera do lado de fora da sala, ela me impede de entrar, me afastando um pouco da sala. Ela sabe que este indivíduo vai ser o teste definitivo.

- Eu não vou interferir e nem te aconselhar hoje, você terá que fazer tudo sozinha, eu apenas vou observar.

Assenti com a cabeça, enquanto vinha para esta, sala percebi que tinha uma forma deu passar neste teste, e com certeza o meu pior lado viria a tona.

Entrei na sala, senti minha postura mudar, sim, eu senti o monstro tomar conta de mim. Provavelmente Reina teria que me fazer parar, pois naquele momento, eu não estava vendo um homem encapuzado na minha frente, eu estava vendo o Raruk.

Eu estava sendo bem criativa com este homem, a cada grito de dor, a cada corte, ou osso quebrado que eu provocava, um sorriso se formava em meus lábios.

Minha voz estava fria e calma, como nunca antes esteve, o homem não durou dois dias, e cantou como um passarinho. Mas para a minha surpresa, eu teria que pegar um outro refém. Reina me disse que eu passei na parte de interrogatório, mas que eu não tinha ido nada bem, na parte de prolongar a dor.

Ela ficou admirada com esta última seção, não teve críticas a fazer, na verdade, ficou até desconfortável. Eu não tinha remorsos do que fiz, não fiz nem um terço do que passou pela minha cabeça, essas ideias estavam guardadas para o Raruk de verdade.

Dois dias se passaram, e lá estava eu novamente na sala, estava sozinha, o torturado ainda não estava ali. Eu polia as ferramentas enquanto esperava.

Reina abriu a porta, dando uma ordem para alguém do lado de fora, fechou a porta atrás de si e veio na minha direção. Olhou o que eu estava fazendo com um ponto de interrogação.

- Esse teste e sobre como prolongar a dor, este homem tem que durar pelo menos uma semana, você não poderá infligir ferimentos muito graves.

- OK.

- Outra coisa, ele não tem um segredo, essa seção vai ser somente torturar por torturar, é para você aprender a controlar a dosagem de força que tem que ser aplicada sem matar alguém, o deixando a beira de um colapso, boa sorte.

Os guardas trouxeram o homem, ele era alto. Eles o amarraram na cama de pedra como eu instrui, mal o olhei, eu não era a Lia que estava passando mal por ter que fazer essas atrocidades, mas também não era o monstro, eu estava no meio termo, e isso ia servir perfeitamente para mante-lo vivo durante uma semana.

Assim que os guardas saíram, comecei um meu trabalho, resolvi começar essa seção da mesma forma que Reina começou a minha. O homem era resistente, eu tinha que admitir isso, relutava ao máximo demonstrar a sua dor.

O último dia da semana tinha chegado, eu tinha encontrado uma forma de mante-lo vivo e útil as seções, sempre que eu infligia dor de mais, ou seu corpo ficava muito quebrado, eu fazia seções de curas, para logo em seguida recomeçar todo processo de novo.

Estava aplicando uma das seções curativas, quando olhei pela primeira vez nos olhos dele, seus olhos castanhos me encaravam com uma intensidade fora do normal. Aquele momento me perturbou, e me afastei do homem, sem desviar do seu olhar.

Reina entrou na sala, e ao constatar que eu tinha feito tudo que ela pediu, disse que eu tinha passado, continuou dizendo que agora eu poderia descansar e me preparar para a próxima etapa.

Eu não conseguia parar de olhar para o homem, que estava amarrado na cadeira de madeira, com a camisa aos trapos. Reina falava alguma coisa que eu não prestava atenção, me aproximei devagar dele e então num gesto veloz retirei o seu capuz.

Arregalei meus olhos e arranquei o meu capuz também, eu não estava acreditando que era ele.

- Lia! Você não deveria ter tirado os capuzes, vamos solta-lo e tirar vocês dois daqui. – a voz de Reina estava tremula com a cena que se desenrolava.

Eu me afastei lentamente até a porta, um misto de culpa, raiva e satisfação, brigavam dentro de mim entre si. Reina cortava as cordas que o prendiam.

- Você não tinha o direito de se intrometer nisso.

- Eu posso explicar... – eu ri ironicamente

Me virei para sair pela porta, quando senti ele me segurar pelo braço, olhei com raiva para sua mão que me prendia.

- Me solta.

- Não.

Ele não tinha o direito de me segurar, e seu aperto estava me machucando, tentei puxar mais uma vez meu braço, mas foi em vão. Lhe dei uma joelhada no meio das pernas, o fazendo se dobrar e me largar, e então sai em disparada pelo corredor.

Rosa Negra - A Ordem da RosaOnde histórias criam vida. Descubra agora