Capitulo II - 300 anos depois

42 6 0
                                    

Tarde fria em Vahzya.
Trabalhando desde o amanhecer as pessoas trabalham arduamente, William Shin não se abstem de suas obrigações com a família de seu único amigo, Aria Senko, filho primogênito de comerciantes...
- Está ficando tarde Shin, você não acha que sua família está preocupada? - disse Aria meio ofegante por ter passado o dia carregando carnes, pedras e couro para a venda.
- Realmente, logo o Sol vai se pôr, mas eu já avisei meus pais... De que eu estaria com um amigo...
- Um dia, me apresenta, se não eles não vão acreditar em você hehe, mas se você quiser ir, não se preocupe, quando começa a escurecer as vendas reduzem muito, e minha família possui um feiticeiro, ele pode me ajudar com as carnes, mas muito obrigado Shin - Disse surpreendentemente animado, Shin se surpreendeu e segurando a risada respondeu, - Certo, já que me expulsou com educação eu vou embora haha, até amanhã Senko...
- Até logo Shin!

William pegou um caminho que embora fosse vazio e estreito, o que o preocupava sempre que passara alí, era o mais rápido para chegar à sua casa, e caminhar por Vahzya a noite, não era uma boa idéia... E para seu infortúnio, o sol se pôs... Discretamente ele começou a andar mais rápido, e mais rápido, pouco a pouco estava quase correndo, quando ouviu um barulho vindo de trás de si, virou-se bruscamente, cambaleando de cansaço quase caiu, mas ao recobrar o equilíbrio não viu nada além de um pequeno cão... Aliviado virou-se para seguir caminho, porém... Havia algo bloqueando sua passagem, havia alguém parado em sua frente... Quebrando o escuro da noite as chamas místicas que iluminam as cidades a noite se acenderam, e aquela luz avermelhada iluminou o rosto da pessoa, quase duas vezes o tamanho de William, tanto em altura quanto em largura, era ele, Lieven Mirthal, um brutamontes que o importunava desde a infância...

- O que faz aqui orelhas curtas? Não te disseram que os becos de Vahzya são perigosos? - Disse Lieven olhando de cima com arrogância e deboche transbordando pelos cantos da boca.
- Minhas orelhas têm um tamanho perfeitamente normal, por favor, eu só quero ir embora, isso é pedir demais?
Num empurrão de Lieven, William foi ao chão...
- Pedir demais?? Você estar vivo já é motivo para me agradecer! - num aumento de tom repentino disse quase como num rosnado - Gente como você só é boa abaixo de 7 palmos!
- AFINAL O QUE EU TE FIZ?? - William gritou e se desesperou por ter o feito, se levantou...
- VOCÊ NASCEU SAHEL! E FINGIR SER DE OUTRA FAMÍLIA NÃO VAI MUDAR QUEM VOCÊ É!! - Gritou Lieven que com um chute certeiro com a sola do pé jogou William de encontro à parede, o peito do garoto logo estava dormente e sua visão turva... Foi aí que se deu conta de que estava no chão, Lieven não estava mais lá, ele sentia o sangue quente escorrer em seu rosto frio enquanto se sentava com as costas contra a parede não se lembrava de ter batido com o rosto em lugar algum, mas o ferimento se fazia presente com um incomodo pertinente... Seus olhos lacrimejaram... Ele dizia para si que era o vento frio... Mas sabia que não era... Que também não era a dor física... Mas sim por Lieven Mirthal ter mexido naquela antiga ferida... William só conseguiu um amigo após mentir seu nome...

Chegando em casa William tentou não fazer barulho, apesar de as lamparinas estarem acesas, não parecia haver alguém acordado... Por um instante ele parou de caminhar, nunca antes havia percebido, sua casa era tão simples comparada às casas do resto da cidade, ela possuia apenas um longo corredor que levava ao seu quarto, a cozinha e a sala à direita e o quarto do ser irmão Axey e de seus pais Thavis e Eliz Sahel à esquerda, o banheiro em uma pequena porta ao lado da de seu quarto nos fundos... E enquanto isso outras casas com 2, 3, 4 andares, famílias enormes...  ignorou os pensamentos, voltando a se esgueirar pelas paredes foi surpreendido por uma voz vinda da sala, voz doce e suave, porém, não parecia feliz, era sua mãe, esquecendo-se do que acontecera foi ao encontro dela...
- Mãe? - disse olhando fixamente para ela... Os longos cabelos ruivos escorridos com as pontas tocando o chão enquanto sua cabeça baixa demonstravam sua infelicidade, sem levantar os olhos ela respondeu...
- Axey está doente, eu procurei os médicos, nenhum deles soube responder...
- O que aconteceu? Como ele está?
- Ele está inconsciente, uma mancha negra surgiu hoje sob a sua pele... - disse ela olhando devagar para cima - Pelo amor, Will, o que houve com você? Eu te disse que esses garotos não são seus amigos...
- Nada mãe, calma, foi apenas um acidente...
- Um acidente? - ao dizer isso se levantou rapidamente e foi até ele envolvendo-o num abraço - Que tipo de acidente?
- Eu estava correndo destraído, tropecei e me bati numa parede... Não foi nada demais...
- Como nada de mais? Tome cuidado, eu não suportaria perder os dois filhos... E quem dirá no mesmo dia... Vá se banhar, eu vou aquecer a comida...
- Não, você precisa descansar, e, além do mais, eu comi na casa do meu amigo... Vai dormir, quando acordarmos vamos ver o que é possível fazer, eu vou ver o Axey...

Ao entrar no quarto do irmão mais novo, William viu algo que o surpreendera, as veias de Axey estavam negras até o pescoço saindo de uma mancha no lado esquerdo de seu abdômen... E o que mais o assustara, é que ele já havia ouvido algo sobre uma doença semelhante... Uma lenda... Segurando as lágrimas virou-se e fechou a porta... Não é possível... Pensou ele enquanto ia para o seu quarto... Deitou-se, só lhe restara dormir mas isso lhe custou tempo, levantou-se e foi para a cozinha, lá, comeu um pão, tomou um copo d'água e voltou ao seu quarto, seus pensamentos bagunçaram sua mente até que seus olhos não aguentaram... Dormiu perturbado... A noite foi longa e se dividiu entre pesadelos e crises...

SELYTRIA - O renascer das erasOnde histórias criam vida. Descubra agora