Capítulo XXXIII - Johnathan

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Após finalmente encontrar alguém que fosse comprar e trazer-lhe comida, Argus se alimentou, sacolas e sacolas de enlatados, salgados, doces e agridoces se foram em minutos, ele comia quase que compulsivamente... Quando terminou foi novamente ao espelho, estava rejuvenescido, aquele rosto esquelético havia sido trocado pelo rosto de um homem saudável de não mais que 25 anos...
- Me sinto melhor agora... - Sussurrou
~ Você não deveria nem ter mais estômago, deveria estar feliz por conseguir comer... ~ respondeu-lhe a voz em sua mente
- Eu não disse que não estava feliz, na realidade disse o contrário imbecil, agora, vamos pro bar, devo anunciar minha chegada.
Calçou seus coturnos pretos, ajeitou o sobretudo, pegou uma bengala e foi em direção novamente à porta, colocou a mão na mesinha ao lado da mesma quase que inconscientemente...
- Era aqui que eu deixava minhas chaves... - Sussurrou amargamente para si mesmo... Olhou então para ela e ao lado de sua mão viu seus óculos... Estavam empoeirados... Pegou-os e com um simples movimento toda a poeira saiu voando...
- Não preciso mais usar isso...
~ Mas ficam bem em você...
- Você está certo... Vou usar.
Colocou então seus óculos e abriu a porta... Uma multidão estava em frente à sua casa...
- S-Sim?! - Gaguejou ele para todos aqueles olhos espantados
- Você é o fantasma que assombra essa casa? - Uma criança​ Perguntou pouco antes de sua mãe calar sua boca com a mão...
- Não, não sou. - com a resposta de Argus o olhar da criança de desapontamento ficou muito perceptível...
- Então quem é você? E o que faz aqui? - Perguntou uma senhora
- Meu nome? Meu nome é... Johnathan. Sou descendente do senhor que morava aqui, minha família cresceu ao norte e eu quis voltar para Vahzya.
- Ah sim. Mas quem morava nessa casa? Eu conheço apenas lendas sobre ela...
- Um senhor chamado Argus, ele foi um homem poderoso. Lendas são contadas sobre ele... Não acredito que sejam verdadeiras... - Respondeu​ um homem ao fundo da multidão...
- Errado. - Respondeu Argus... - Esse tal de Argus apenas construiu essa casa, ele não morou aqui, apenas meu tataravô. E como eu retornei, quero poder conhecer cada um dos meus vizinhos, há algum bar por aqui? CARNE E CERVEJA POR MINHA CONTA!! - Todos olharam perplexos para ele... - Gente... Animação?! Sou novo aqui! qual é?!
~ Você é um fracasso. ~ a voz em sua cabeça disse rindo.
- Calado. - Sussurrou Argus, todos continuaram olhando para ele, cada vez mais confusos...
Uma menina de cabelos curtos e escuros e que aparentava ter não mais que 6 anos então levantou a mão, todos olharam para ela...
- O que você faz? - ela perguntou. Todos voltaram seus olhos novamente para Argus...
- Sou... Ferreiro. - Disse contorcendo o rosto em uma careta de desgosto...
- Você não gosta da sua profissão?
- Emprego criança, eu era um soldado, um dos bons, mas meus tempos de glória já se foram...~ Assim como sua autoconfiança...
Certo tempo se passou, os moradores curiosos já haviam perdido sua curiosidade... Perguntas foram proferidas e respondidas com respostas simples... Argus se passou pela primeira vez em mais de 300 anos como uma pessoa normal... Todos foram embora, nem uma alma sequer levou-o ao bar, ele então entrou em sua casa e caminhou até a sala de estar onde estava um grande espelho de prata pendurado na parede, ele estava completamente coberto por poeira. Argus puxou as mangas do sobretudo e tocou-o com as palmas das mãos.
~ Você não está pensando mesmo nisso não é? Você ainda está muito fraco...
- Sei que estou. Mas acho que se você me emprestar um pouco do seu poder eu consigo...
~ Meu poder é seu, use-o com sabedoria.
- Agradeço.
Argus se concentrou olhando fixamente para o espelho e então disse em voz alta e firme:
- HANZO! - finas faixas de luz azul sairam de suas costas e se enrolaram em seus braços... Argus claramente não conseguia respirar... Disse então outra palavra...
- Khai... - as íris de seus olhos reluziram vermelhas e a poeira do espelho foi dissipada e duas marcas brilharam nos braços dele, no espelho Argus viu o maior bar de Vahzya e todo o caminho que precisaria seguir para chegar até ele... Ao terminar sua visão ele puxou os braços e instantaneamente as faixas se desfizeram... Argus caiu de joelhos, o sangue jorrando por seu nariz e ouvidos... Ele tossiu quase que compulsivamente, seus olhos arregalados olhando fixamente para o chão retornaram ao preto... Sua respiração estava desregulada, sentia seu corpo inteiro tremer... Acabara de escapar da morte por um triz...
~ Eu te disse que você está fraco... 300 anos não é pouca coisa... Tente ir mais devagar
- Tentarei...

SELYTRIA - O renascer das erasOnde histórias criam vida. Descubra agora