Capítulo X- Expulso pt. 2

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Após ela contar a lenda de Argus, William não pode conter sua dúvida:
- Mas... Isso não faz sentido.
- O quê?
- O deus de uma raça inteira estar vivo e deixar ela viver na miséria...
- Por isso eu disse "talvez"... Não há nenhuma garantia de que ele esteja vivo, você não seria o primeiro a procurá-lo, e os que foram antes de você não o encontraram...
- Onde, apenas me diga onde, e eu irei...
- Dizem, que o Deus dos mestiços estaria aprisionado por toda a eternidade na mansão dos Malekh, mas ela a muito tempo não existe mais...
- A avalanche...
- Sim... Ela destruiu a mansão e as rochas e escombros destruíram grande parte de Vahzya... Muitas famílias morreram...
- Minha família morreu...
- O fato é que, talvez, as masmorras tenham resistido à avalanche, e se resistiram e se o Deus Argus puder viver tanto tempo assim... Há possibilidade de ele ainda estar no topo das montanhas...
- Mas, então por que ele não fugiu? Houve tempo mais que suficiente...
- Ele pode estar soterrado... Eu não sei...
- Entendo... Obrigado, isso foi de grande ajuda...
- Você não pretende ir mesmo pretende?
- Talvez, não tenho certeza, mas agora eu tenho que ir embora, já nem lembro a quanto tempo estou aqui...
- Sim, até logo amigo de Lieven, volte sempre que quiser...
- Se Sarys permitir hehe... - disse já se arrumando para sair, ao olhar para a porta notou que Mirthal já estava lá abrindo-a, seguiu caminho e saiu da casa...
- Agora vá, e não volte mais.
- Sim, eu sei...
- Se eu te ver caminhando por Vahzya de novo... Eu te mato com minhas próprias mãos, e não me importa se vai estar de dia ou não...
- Não se preocupe com isso, já estou de saída de qualquer forma... Obrigado eu acho...
- vai se foder... - ao dizer isso, virou-se e fechou a porta, foi possível ouvir o som de diversas fechaduras sendo trancadas...
Após muito tempo de caminhada William chegou em casa, pegou uma das lamparinas, um pote de óleo em pasta e colocou-os numa sacola a qual amarrou na mochila que acabara de tirar do armário... ela estava cheia, até mesmo fora dela haviam diversas coisas... Era hora de sair... Pensou nos frascos que sua mãe lhe dera... Onde os colocou?? Procurou em seus bolsos... Nada... onde estariam??... Vasculhou a casa de cabo a rabo e não os encontrou... Os bolsos das roupas que jogara no chão... Ali estavam, com um suspiro de alívio pegou-os, colocou numa das bolsas de uma alça de sua mãe e pôs ela em seu ombro, pegou a mochila, apagou todas as lamparinas... Olhou para trás como em despedida, essa seria a última vez que veria a própria casa... Ela estava um caos, parecia que um exército a havia invadido... Mas não sentiu nada além de tristeza...
Ao abrir a porta para sair foi surpreendido por uma silhueta...
- Senko?! O que faz aqui?
- Eu vou com você oras...
- O quê?!
- Eu vou com você, sabe, eu também não tenho muitos amigos e... E também... Você vai precisar de mim...
- Não se preocupe comigo, eu me viro, fique aqui e viva sua vida...
- Não... Quer que eu prove que você precisa de mim?
- Você pode tentar...
- Nessa mochila inteira... Nessa bolsa... Nos seus bolsos... Em nenhum deles tem um mapa... Tem?... Uma bússola?... Como você pretende chegar em um lugar pelo qual nunca passou sem se localizar?
- Certo, mas isso não me convenceu a te deixar sair desse lugar, aqui você vai estar em segurança Senko...
- E desde quando eu preciso da sua permissão para fazer algo que eu queira? Agora vamos... - Disse Aira com um sorriso estampado no rosto enquanto vasculhava a própria mochila e retirava da mesma um rolo de tecido...
- O que é isso?
- O mapa de Selytria... Ele é meio antigo, mas tem a localização dos impérios e das maiores vilas...
Pegando o Mapa a primeira coisa que William viu foram as montanhas nas costas de Vahzya, e nelas, um ponto preto... "Malekh"... Esse era o seu destino, aquela mansão, não queria que Aria soubesse sobre... Mas muito menos queria deixa-lo o acompanhar... Analisando a posição da mansão viu que o caminho seria mais difícil do que esperava, Principalmente se tivesse Aira consigo... De qualquer forma, não conseguiria fazê-lo mudar de ideia... A determinação em seu rosto era revigorante... William não se segurou e começou a rir...
- Certo, vamos...
- Mas vamos para onde?
William ergueu o mapa aos olhos de Aira...
- Aqui.
- Mas a Mansão dos Malekh não existe mais...
- Será que não?! Você me conhece e eu te conheço, você não deixaria escapar a oportunidade de examinar ruínas como essas deixaria?
- Tá, eu concordo, mas o caminho é traiçoeiro, e faz muito frio no cume...
- É eu sei, tenho roupas pesadas comigo...
- O que pretende fazer agora?
- Vamos pelo sul, depois da avalanche muraram as montanhas... Vamos dar a volta nos muros e subir sentido norte...
- E você pretendia fazer isso sem mapa?
- Não... Mas... - Disse William com as bochechas avermelhadas...
- Hahaha calma, agora vai ser mais fácil... É melhor seguir ao sul e ao leste quando chegar ao centro, a vila é bem maior hoje em dia... Vai nos poupar tempo sair pelo East Gate... E o South Gate só se abre para Eruditas de qualque forma...
- Ok ... Então vamos para o East Gate...

Após muito tempo de caminhada o céu já beirava a escuridão... William sentia o medo de encontrar um grupo Wakuben começar a possuir seu corpo... Um arrepio o fez estremecer o corpo...
- Você está bem? - Perguntou Aria que também não se encontrava perfeitamente calmo...
- Sim... Bem... Eu acho...
- Já saímos à noite antes, e num passado recente, se não encontramos nenhum Wakub, tenho sérias dúvidas se encontrariamos algum agora...
William acenou com a cabeça em concordância... Mas isso não o acalmou muito, acabara de ser basicamente expulso do seu lar... Um som suave cortou o silêncio das ruas, as Chamas místicas acenderam... Já era noite... Conforme seguiam seu caminho era possível perceber que a luz vermelha das chamas ia mudando de cor... Ao Longe foi possível avistar o East Gate... As chamas místicas que o rodeiam são douradas, Chamas jamais vistas antes pelos jovens elfos... Aquele fogo realmente não era comum...

SELYTRIA - O renascer das erasOnde histórias criam vida. Descubra agora