SELYTRIA - O renascer das eras

Capítulo IV - Wakuben

Dois jovens Elfos caminhando pela noite... As luzes avermelhadas das chamas místicas que dançavam e se balançavam dentro de lanternas eram a única coisa que iluminava seus caminhos... O medo de encontrar ladrões ou assassinos era muito grande, principalmente com as lendas que rodeiam as noites da cidade... Ninguém jamais sai durante a noite, dizem que há um grupo de criaturas que levam de ti tudo o que tem, incluindo sua vida... Os Wakuben... Naquela pequena cidade é estritamente proibido o porte de armas por moradores ou estrangeiros sem a permissão do líder, o Sr. Nollan, e era muito difícil conseguir entrar em contato com o mesmo, por isso dizem que Wakuben trabalham a noite, e por isso, assim que o sol se põe, após muitos desaparecimentos, são poucas as pessoas que saem de casa inclusive os guardas...

Correndo com longas passadas, Aria estava guiando William, estavam muito perto da rua na qual reside a família Mirthal... Ao longe perceberam que havia alguém na rua, e esse alguém não estava sozinho, William assustado se escondeu em um pequeno vão entre as duas casas ao seu lado, e do outro lado da rua Aria fez o mesmo, tentando se comunicar por gestos chegaram a duas conclusões. Primeiro; nenhum deles reconheceu as pessoas. Segundo; Eles não são bons se comunicando por gestos.
Aria pensou um pouco, resolveu olhar para ver se conseguia reconhecer pelo menos uma pessoa, se fossem Wakuben, a única escapatória seria correr na direção contrária e apenas parar quando trancar todas as portas e janelas de casa... Com cuidado, foi se aproximando da beira da parede, não havia nenhum som, nem mesmo dos animais ou do vento, ele era capaz de ouvir detalhadamente cada batida do seu coração, cada respiração ofegante mesmo que tentasse controlar... Ele viu... Todas as pessoas eram altas e estavam todas de preto... Não enxergou seus rostos... Mas uma coisa ele percebeu... Assim que ele os viu... Eles também o viram... O silêncio foi rompido pela marchada infernal daquelas pessoas... Aria travou, não conseguia pensar, falar, se mover... Ele sentia a morte se aproximar a cada passo daquelas pessoas... Ele olhou para William, que não estava entendendo o que ocorrera... De repente a figura atravessou sua visão impedindo que enxergasse qualquer coisa além daquela robusta silhueta negra... Aria sentiu a mão daquela pessoa próxima do seu pescoço, puxou-o pelo colarinho jogando-o na rua... Ficou nítido, haviam 5 pessoas naquele grupo... E uma delas perguntou.

- Mirthal, esse garoto que você jogou no chão não é um Senko?
- Sim, ele é o Único filho dos Senko... - Então Mirthal se virou para Aria e continuou - EI!! Você está envolvido com a Wakub ou é impressão minha?... Senko...
- Não, eu não estou, eu não vi nada eu juro, não me espanca, eu faço qualquer coisa.
- O que você faz andando pelas ruas uma hora dessas?
- Eu estava indo até os médicos, ver um amigo doente...
- O Sahel está envolvido?
- Bem... - Respondeu Aria com o desejo de mudar de assunto.
- Responda a minha pergunta seu lixo! - Mirthal rosnou por entredentes enquanto levantava o pequeno Senko pelo colarinho novamente...
- Sim! Está! Agora me deixa em paz por favor!
- Não fique brincando pela noite com algum Sahel... Você pode acabar se machucando sabia?... - Disse sorrindo de canto de boca. Um sorriso de deboche. Enquanto soltava o pequeno elfo... - Vamos, temos que ver a rua dos Dema...

Esse desejo incessante de Mirthal sobre se tornar um soldado de Stendam surgiu quando ele era criança, e a partir daí, passou a se dedicar a isso... Aria estava atordoado, sentado no meio da rua... Seu olhar estava fixo no nada... William saiu do esconderijo.
- Você está bem Senko?
- ...
- Não se preocupe com ele, ele não quer realmente te machucar, você fez o seu melhor...
- Obrigado hehe... - respondeu tremendo enquanto estendia sua mão para William lhe ajudar a se levantar... - É melhor nós irmos, eles viraram para a rua dos Dema, ela também tem ligação com a Rua dos Amtara, que é onde fica a casa dos médicos... E isso não seria uma boa coisa...
- Por onde vamos?
- Acho melhor virar na próxima rua, se sairmos direto em frente a casa onde ficam os médicos e o Mirthal estiver lá não vai ter escapatória...
- Certo. - Disse já alguns passos a frente de Aria, Que não ficou para trás por muito tempo.
Após uma longa corrida chegaram à esquina da Rua dos Amtara, uma grande família de Artistas, era muito comum vê-los tocando alguma música em tavernas ou fazendo decorações para alguma casa... Aria e William pararam antes de entrar na rua... Não queriam ser notados novamente... Isso se Mirthal e seus companheiros realmente estivessem ali...

- Acho melhor você seguir sem mim... Eu com certeza não me sentiria bem encontrando o Mirthal de novo...
- Eu entendo, sem problemas pequeno Senko, mas antes de eu ir, me diga como é a casa...
- É uma grande casa azul com os portões de grade vermelha... Não há como se perder...
- Okay hehe, mas já que você não vai junto, volta pra sua casa e se certifique de ficar bem...
- Tá, toma cuidado...
- Vou tomar - Respondeu já de costas.

Com cuidado William se aproximou mais da esquina, de canto de olho, tentou ver o máximo da rua que podia... Lá estava a casa Azul... E para o seu infortúnio... Lá estava Mirthal...
Não havia como prosseguir sem que algum dos "Capangas" de Mirthal o visse. Haviam se dividido, dois virados para cada lado da rua, enquanto o líder olhava fixamente para a rua que desagua em frente a casa, que Aria havia comentado anteriormente.
Estava preocupado. Mas afinal por que não estaria? Mirthal o queria morto e até o nascer do sol poderia o fazer, ainda saindo ileso... O clima pareceu começar a esfriar, talvez porque só agora estava parado, ao invés de correndo desesperadamente.
Uma idéia!
William pensou rápido, seus pensamentos não pareciam ter sentido e quanto mais pensava, pior pareciam suas chances ... Correu então na direção contrária em busca de Aira.
Ao encontrá-lo, não repensou, pediu calmo porém descaradamente...

- Senko, Antes de você voltar para casa, teria como fazer um favor pra mim? Eu fico te devendo uma...