- Qual o seu problema?
- Problema? eu? Nenhum!
- O que busca aqui?
- Não sei, o que buscaria?
- Qual seu nome?
- Shin... William Shin...
- Não possuímos registro de uma família Shin, está procurando um parente?
- Não não... Só estava caminhando e me perdi, desculpe o incomodo... E-eu já vou indo...
- Não possuímos registro de uma família Shin, Me dê uma amostra sanguínea para concluir o cadastro.
- Nem precisa, eu já estou de saída Senhor... Doutor?
- Me dê uma amostra sanguínea para a conclusão do cadastro. - Disse aproximando-se...
- Certo, mas apenas na triagem.
- Esse ambiente não é devidamente esterilizado.
- E este seria?
- Me siga.Tentando ao máximo esconder o corte na lateral de sua mão, William seguiu o médico, ao chegar um balcão próximo à entrada do prédio olhou para as mãos e bolsos do mesmo, que se encontravam ambos vazios.
- Você não deveria estar com o equipamento de extração? Não aceito que apenas me faça um ferimento.
- Não há necessidade de preocupação, primeiro você deve preencher sua ficha, aguarde aqui, necessito da documentação. Eu voltarei em aproximadamente 2 minutos.Sem nem sequer esperar o médico sumir no corredor William que já havia percebido a forma a qual os médicos interagem com os pacientes, virou-se e correu em direção à saída, mas não conseguiu alcança-la, outro médico já se encontrava ali... Um vento frio passou pelas cortinas...
- Ei! Você! Qual o seu nome? - Perguntou William ao médico...
- Meu nome não é importante...
- Certo... Mas... janelas abertas a noite podem causar resfriados... Sabia?
- Este ambiente é esterilizado.
- Ao que me disseram, essa sala não é... E... Pra ser mais preciso... Acho que já sinto vontade de espirrar... Você poderia ir fecha-las por favor?
- Não há necessidade de ...- Sua frase foi interrompida por um súbito espirro, não vinha de William, vinha de trás dele, um dos quartos, alguém estava acordado, talvez ajudando-o a escapar, em silêncio o médico pôs se a andar em direção ao quarto de onde viera o espirro. No momento em que os médicos retornaram, William já se encontrava na rua, retornando para a própria casa pelo mesmo caminho que fizera com Aria, chegou ao local onde encontrou Mirthal... Mas dessa vez ele não estava lá... continuou correndo... Ao chegar em casa não se surpreendeu com o escuro... Não se lembrava se havia apagado as luzes ou se o óleo das lamparinas já havia queimado por completo... Indiferente do quê após reabastecer todas, acendeu apenas algumas e começou a correr por dentro da casa pegando todas as facas, virando todos os colchões, vasculhando todos os armários e guarda-roupas, tudo que pudesse lhe servir de arma ele jogou na mochila do colégio, que agora já não possuía mais livro algum... Estava repleta de alimentos, salgados, doces, embalados, enlatados, engarrafados... Algumas facas de cozinha... na alça estava o facão de trabalho de seu pai, e no bolso menor, uma pequena faca bowie que achou na cabeceira da cama de seus pais... E toda a roupa que possuía, que não era muito, mas o suficiente para quase impedir a mochila de se fechar... Quando se deu conta, já estava correndo e chorando simultaneamente... Não conseguia acreditar que estava fugindo da cidade onde viveu a vida inteira... Onde pretendia viver até o final de sua vida... E por quê afinal??? Sentia que estava contaminado de qualquer forma, toda sua família havia sido, por quê ele não?... basicamente, só estava fugindo do tratamento... Mas viu o estado de sua mãe, seus longos cabelos vermelhos eram a única coisa que poderia chamar de saudável... Fora o medo de que ele sofresse o tratamento pelo qual ela passou... Finalmente parou de correr... Não havia mais o que colocar na mochila... Foi para o banheiro tomar banho... Estava dividido... Enquanto a água gélida batia em sua nuca... William analisou seu corpo em frente o espelho levemente embaçado pelo vapor de seu corpo... Era verdade... Ele estava com uma pequena mancha que durante sua infância não existia... Uma versão ínfima das marcas no lado esquerdo de Axey... Sem se secar saiu do banheiro, quase escorregando a cada passo foi até à mochila, tirou um rolo de atadura, envolveu seu tronco e vestiu de volta suas roupas, calçou os sapatos, se deitou por um tempo no colchão de seus pais, que agora se encontrava no chão rodeado de roupas... Olhava para o teto como se tentasse ver o céu através dele... Tomou as cobertas em mãos tentando limpar sua mente de pensamentos ruins, virou-se para o lado, cobriu-se e tentou dormir...
Não conseguiu... Tudo alí tinha o cheiro deles, tudo alí o fazia pensar no que ocorrera, o arranhão em sua mão começou a doer como quem quisesse dizer "Você não irá desviar seus pensamentos"... Se levantou e voltou para a cozinha, abriu os armários, pegou uma garrafa no alto, Rum... Lembrou-se de quando era pequeno, seu pai o encontrou com uma garrafa como essa em mãos... "Você não pode beber isso, é só pros mais velhos, um dia quem sabe você precise como seu avô precisava, ou como eu precisarei" ele disse rindo enquanto tirava a bebida das mãos do filho e guardava na porta mais alta do armário... William esboçou um sorriso triste...
- Talvez agora eu precise pai...
Sentou-se na mesa com os pés na cadeira, não se importou com copos... Bebeu diretamente no gargalo... após 5 goles consecutivos uma tosse quase infinita... Começou a rir para si mesmo... O que estava fazendo?... Conhecia bêbados, conhecia bebidas... Não gostava de nenhum dos dois, e acabou de descobrir que não gostava principalmente de rum... Colocou-se de pé e caminhou lentamente arrastando a garrafa praticamente cheia pelas paredes e indo para o seu quarto, colocou-a no chão, retornou o colchão ao seu lugar e deitou-se, desta vez não tentou limpar sua mente, apenas fechou os olhos...
- Está tudo bem... Eu estou bem...
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SELYTRIA - O renascer das eras
FantasySelytria é um dos países do vasto mundo de Ashea, foi em Selytria que se iniciou a guerra de divisão de raças, assim, levando à extinção de algumas espécies e originando impérios à outras. Um jovem elfo chamado William, cuja família apóia a união da...