Capítulo V - Preso

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Lá estava William de volta à esquina a espera do "sinal" de Aria para que ele pudesse prosseguir...
Olhando novamente de canto de olho para o outro lado da rua percebeu um pequeno corredor feito de latas de lixo, caberia atrás delas? Essa era uma pergunta a qual ele queria que a resposta fosse sim... Voltou novamente sua visão para seus "oponentes" quando derrepente, rompendo o silêncio enervante em que se encontravam, uma lata de lixo foi derrubada no final da rua... Os dois capangas que já estavam virados para lá sairam correndo gritando que haviam visto uma mão quando a lata caiu... Mirthal se voltou para os outros dois restantes e disse alto e objetivo...

- Seus incompetentes! O que estão fazendo ainda aí parados?? VÃO LOGO ATRÁS DELE!!!

Sem hesitar correram tentando alcançar os outros e quando Mirthal virou para olhar para eles William correu para o outro lado da rua se escondendo atrás das latas de lixo... E em sua mente respondeu sua própria pergunta...
~ Sim. Eu coube.
Segurou o riso para não acabar sendo descoberto... Faltavam-lhe correr por apenas 4 casas para alcançar a que ele tanto queria, mas com Mirthal de guarda, isso parecia o caminho mais longo de todos, se deitou no chão, com a barriga virada para cima, e percebeu algo que não havia notado, enquanto as casas ao lado já tinham suas portas na calçada, essa ao seu lado não tinha, no lugar da porta era um murinho de aproximadamente um metro e meio de altura... Olhou para Mirthal, ele ainda estava focado na outra extremidade da rua... Rapidamente William se jogou para dentro da casa por cima do muro, se levantou e correu para o lado da casa, onde se situava um estreitíssimo beco, não acessivel pela rua na qual estava por conta do muro, era um pequeno espaço entre as duas casas, seguiu se esgueirando espremido até alcançar o outro lado, pulando um segundo muro chegou à rua atrás da rua dos Amtara, correu contando as casas tentando o fazer o máximo de silêncio possível... Passando as quatro casas, já tendo em mente que a quinta era a que ele buscava, viu novamente o corredor, ele estava ao lado de onde possivelmente seus pais estariam... "Possivelmente"... Ele não havia pensado por esse lado antes... E se eles não estivessem lá? E se todo esse esforço fosse em vão? Por mais que ele tentasse ignorar esses pensamentos eles continuavam a atormentar sua mente... Sem prestar muita atenção aos arredores, meteu-se naquele pequeno espaço, indo cautelosamente, tentando não fazer barulho algum, chegando do outro lado, parou enquanto ainda coberto pelas sombras, afinal, as chamas místicas não iluminam esses locais, seria um gasto desnecessário de magia, Observou Mirthal enquanto limitando seus movimentos e sua respiração abaixava-se, viu os portões abertos, levemente aliviado prosseguiu ainda abaixado e com os olhos fixados nas costas de Mirthal, a cada respiração daquele gigante o coração de William quase explodia com o medo de ele se virar, mas no fundo era como se ele já esperasse um "Eu estou te vendo, orelhas curtas" ou um "Acha que consegue se esconder de mim?"... Entrou, se levantou rapidamente e correu para as escadas que levavam à triagem. Com o coração batendo muito forte se jogou de costas contra a parede e deslizou-se até sentar-se no chão... Uma fina lágrima escorreu de seu olho esquerdo enquanto numa careta mordia o punho por nervosismo... Levantou-se e se recompôs, caminhou até o balcão, onde não havia ninguém, olhou por cima e viu uma prancheta, ao pegá-la deslizou o dedo desde o primeiro nome até um dos últimos... "Sahel"... Largou-a no mesmo momento e correu desesperadamente olhando para as portas... 1, 2, 3, 4, 5, 6... Os números pareciam infinitos... 12, 13, 14... Acabou o corredor, mais um lance de escadas... 25, 26, 27, 28... Outro lance de escadas, chegando ao próximo andar, já não corria mais, seus olhos estavam vidrados em uma porta, 32, e abaixo do número, o nome de sua mãe, Eliz Sahel... Bateu... Sem resposta...
- Eu estou entrando...
O quarto estava escuro mas William identificou uma maca, se aproximando reconheceu aquele tom de vermelho, reluzente a um pequeno feixe de luz vindo de uma fresta entre as cortinas...
- Mãe?...
- Will...
- O que houve? Por que você está aqui? Como está Axey? Eu também não tenho visto o pai e...
- William Sahel, o que faz aqui?? Você deveria estar em casa! Ou em algum lugar seguro...
- Como assim mãe?
- Nossa Família está doente Will, você é o único que não foi contaminado, pegue esse copo sobre a cabeceira...

Ao pegar o copo viu aproximadamente 12 frascos com um líquido vermelho e ao invés de tampas comuns, agulhas...

- Leve consigo Will! Se você pegar essa doença isso irá retardar os efeitos... Mas pelo que ouvi, não há cura...
- E você mãe? O que eu devo fazer?
- Você deve ir, e o quanto antes! Se os médicos te virem... Que a sorte de Sarys esteja a seu favor, eles iriam querer que você ficasse para ser tratado... E, quanto aos medicamentos, eles me trarão mais, então não se preocupe e suma daqui...
- Eu...
- Vá Will! - Vociferou ela como William jamais havia ouvido antes...
- Eu vou encontrar a cura...
- Saia pelos fundos e não volte Will, faça o nome da nossa família prosperar...

Jogou os frascos nos bolsos de suas calças e saiu sem olhar para trás, seus olhos estavam cheios de lágrimas e seu rosto ruborizado , olhou para a janela, o escuro do céu, a lua estava tão alta que já não se encontrava mais a vista, já era madrugada, tinha de sair dalí o quanto antes, foi exatamente aí que notou algo que não havia alí desde que chegara ... Ouviu passos... Vozes... Haviam outras pessoas agora alí... E as vozes não vinham dos quartos, não eram os pacientes... Vinham das escadarias ... "Os médicos" ... Foi a única coisa que se passou pela sua mente... Não haviam outras escadas além daquelas... Sussurrou...
- Como eu vou sair daqui agora??...

SELYTRIA - O renascer das erasOnde histórias criam vida. Descubra agora