Ao sair da casa Argus refletiu profundamente em o que faria, saiu por pura raiva e não gostaria de voltar até se acalmar. Colocou a mão direita no bolso e tirou seus óculos, após colocar eles olhou ao redor e espreguiçou-se. Ao faze-lo ouviu um som peculiar, o som de vozes, muitas vozes falando simultaneamente, um som alto, passos, gritos, sons de euforia que o interessaram profundamente. Colocou as mãos nos bolsos e caminhou seguindo esse som... Chegando lá viu algo que não via a muito tempo...
- Uma feira... - Disse sorrindo
- HEY! JOHNATHAN! - Gritou uma voz no meio da multidão... Argus seguiu com os olhos até ver uma vendedora abanando a mão convidando-o a se aproximar...
- Posso te chamar de John?
- Bom... Por que não?! Hehe
- John, ouvi boatos de que você é o melhor ferreiro que já caminhou por essas terras...
- Bom, não o melhor mas eu faço o possível...
- Eu estava precisando de ajuda com um...
- Eu ajudo.
- Mas você nem sabe o que eu ia dizer...
- Não importa, eu ajudo... Mas também preciso da sua ajuda.
- Com o que?
- Eu preciso de umas plantas que... São um tanto raras. Eu te ajudo com o que você precisar se você me trouxer um punhado de berthelothii, o máximo que você conseguir de Tacca Chantrieri, no mínimo 12 videiras jade e um pote de pelo menos meio litro de pasta de Erythrina pura.
- Eu posso encontrar essas plantas, mas isso levaria um tempo e...
- Cinco horas. Eu preciso disso em cinco horas...
- ISSO LEVARIA PELO MENOS DOIS DIAS PARA ENCONTRAR!
- Irrelevante, cinco horas, ou nada feito.
- Certo, em cinco horas te trago suas plantas, anote em um papel exatamente o que você precisa...
- Já está anotado, tome.
- Te trago em cinco horas, e nesse mesmo prazo eu preciso que você aprimore o meu estande, ele não é muito grande, mas com a sua habilidade creio eu que pelo menos ele fique chamativo.
- Sem problemas, você vende apenas pratarias?
- Fico grata. Sim, apenas isso.
- Farei o meu melhor. Você tem algum tecido escuro que seja maior que o seu estande?
- Não, mas posso providenciar.Argus analisou as pratarias do estande e percebeu que os talheres, bules, colares e todos os outros eram adornados com pequenos cristais e pedras preciosas e semipreciosas. Passados alguns minutos, a vendedora já havia saído do estande e conversado com pessoas para que elas se espalhassem para encontrar as plantas para Argus que havia coberto o estande com o tecido, ao entrar em baixo do tecido Argus começou a pensar no que fazer, colocou as mãos no chão e analisou a qualidade do solo, percebeu que havia areia na rua e isso poderia ser útil...
~ Você não tem força o suficiente para fazer o que você está pensando. ~ Sussurrou Nab...
Argus começou novamente a sussurrar, dessa vez um pouco preocupado, pensava se havia alguém ouvindo atrás do tecido...
- Claro que não, mas eu poderia fazer uma versão reduzida... E se você me emprestar sua força eu posso aumentar a potência e melhorar esse estande em tempo recorde. Assim, creio eu que os danos que isso acarretaria ao meu corpo seriam reduzidos...
~ Meu poder é seu, use-o com sabedoria.
- Agradeço.
Argus colocou as palmas da mão no chão e fechou seus olhos. Por baixo de suas pálpebras eles moviam freneticamente, sua boca começou a se movimentar no mesmo ritmo sem produzir som algum... A pele de seus braços começou a se rachar e essas rachaduras eram iluminadas de dentro por uma luz azul esverdeada, o sangue escorria por elas e antes de tocar o chão ele se evaporava... O rosto de Argus Já começava a se deformar numa careta de dor quando ele parou de falar, as rachaduras perderam a luz mas os ferimentos continuavam alí... Argus lambeu os machucados de seus braços e olhou para o estande que havia aumentado de tamanho... O que antes era uma mesa com quatro colunas de madeira e um teto de lona agora havia sido substituída por quatro colunas espirais com seus capitéis adornados com formatos aleatórios de vinhas e de folhas, a lona ainda estava alí e a mesa estava também forrada pelo mesmo material das colunas... Coisa que poderia ser surpreendente para as pessoas que vissem, era tudo, areia. Estou tonto, pensou Argus tentando esvaziar sua mente. Seus olhos passaram novamente a ficar vermelhos... Ele se concentrou e colocou a palma de sua mão esquerda em uma das colunas e disse em alto e bom som...
- Edo!
Ele sentia que sua voz havia se sobresaído ao som das vozes dos outros feirantes, as chamas acesas na região viajaram pelo ar atravessando e queimando o tecido que cobria o estande, quando ele se queimou por completo exibiu um estande de vidro, vidro o qual estava vermelho de tão quente... Argus Já não se encontrava mais alí, com a comoção dos feirantes e dos compradores ele já havia se escondido no telhado da casa atrás do estande... De lá ele sussurrou...
- Ūrabe - E após esse sussurrou o vidro se tornou transparente como cristal, lascas de madeira e pequenas peças de prata adornavam seu interior, era repleto de rachaduras mas isso o tornava mais atraente, isso chamou muito a atenção das pessoas, porém, a única coisa que não fazia sentido, era que o estande simplesmente apareceu ali, sem ninguém tomando conta, simplesmente em cima de um buraco raso no chão, isso confundiu as pessoas até a vendedora retomar seu lugar em questão de segundos... Suas vendas nunca foram tão bem sucedidas...
Lá em cima, Argus estava deitado inconsciente, seus braços já não tinham nada além de alguns arranhões e uma vermelhidão intensa, seu corpo dormente tremia devido ao esforço ao qual foi submetido... Após aproximadamente quatro horas Argus acordou e desceu até a feira, tocou o ombro da vendedora, que distraída com suas vendas não notou que ele estava alí até que tocasse seu ombro novamente...
- Eu terminei meu serviço, você terminou o seu?
- Sim. - Respondeu ela com um sorriso radiante - Eu mandei alguns conhecidos meus vasculharem a cidade atrás das plantas, eles chegaram ha alguns minutos e eu os mandei levar todas as plantas para a sua casa.
- Obrigado. Vou indo então.
- Espere!
- Sim?
- Eu tenho uma dúvida... Bom, muitas...
- Pergunte.
- Se você é Ferreiro por que o estande é de vidro? Onde você conseguiu essas colunas e essa mesa? Quanto foi? Como você construiu tão rápido? Como você juntou as colunas com a mesa sem quebrar o vidro?
- Eu sou um mestre, ao olhar ao redor percebi que a maioria dos estandes é de metal e madeira, você queria alguma coisa que chamasse a atenção dos clientes, então, realizei seu desejo...
- Mas como? - Perguntou ela, entretanto, Argus apenas sorriu e acenou deu as costas e saindo andando...
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SELYTRIA - O renascer das eras
FantasySelytria é um dos países do vasto mundo de Ashea, foi em Selytria que se iniciou a guerra de divisão de raças, assim, levando à extinção de algumas espécies e originando impérios à outras. Um jovem elfo chamado William, cuja família apóia a união da...