Capítulo XI - Puzzle

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- Então é verdade... - Disse Aria fascinado.
- O quê?
- As chamas são lindas não?
- Sim, Nunca vi nada assim.
- Dizem que cada Gate tem uma cor e um "Puzzle"... Um mais difícil que o outro...
- Eu nunca ouvi falar disso...
- Sério? Seus pais nunca contaram a história dos Gates para você?
- Não...
- Bem... A Família Gate era uma família de feiticeiros, eles ajudaram na construção do muro norte e contribuiram mais que ninguém com a proteção da vila, apesar de não haverem muros ligando os portões criados por eles, pequenos grupos de pessoas podem entrar, mas não podem sair sem passar pelos portões ...É um feitiço... Toda a família se sacrificou para que esse feitiço se mantivesse por toda a eternidade, e os 3 anciões da família se sacrificaram em três pontos cardeais... Leste, Oeste e Sul... Deixando fragmentos de suas personalidades como testes para permitir que pessoas saíssem desacompanhadas da cidade... Apenas o Líder tem liberdade para passar pelos Gates livremente... Levando alguém consigo ou não... Cada Gate recebeu uma das cores do brasão da família, Azul, Roxo e Dourado...
- O que eu tenho que fazer para passar por esse?
- Não você, Nós, e... Não sei...
- Como assim não sabe?
- Nem inventa de me cobrar porque para início de conversa nem dos Gates você sabia... Os desafios mudam de pessoa para pessoa ou grupo para grupo... Uma vez que alguém perde ou passa, o desafio muda...
- O que acontece se perder?
- Não faço a mínima idéia... Não conheço ninguém que tenha vindo, muito menos voltado daqui...
- Então já espero o pior...
- Não lhe tiro a razão...
Quanto mais próximos do portão era possível ver sombras se movendo... William mais do que ninguém queria sair dalí o quanto antes... Estava com medo... William e Aria pararam a alguns metros do portão circundado em chamas douradas... As sombras que tremulavam e dançavam com o movimento das chamas agora se focavam logo à frente dos jovens elfos... A cada segundo pareciam mais nítidas até que se tornaram duas figuras densas, apesar da forma humanóide, o cor escura das sombras e seus olhos não eram nada humanos... Eles tinham olhos de gato... E então, eles começaram a falar, sua voz era como milhares de pessoas dizendo de uma só vez as mesmas palavras...
- O que vocês buscam? - As criaturas perguntaram...
- Nós queremos sair daqui... O que teremos que fazer para isso?
- Respondam corretamente à minha pergunta... Se estiverem corretos podem prosseguir, caso errem... Se tornarão parte de mim... Serei justo... Já que estão em dois, elfos viajantes... Terão duas chances para responder-me...
William deu um passo à frente determinado a responder... Já Aria hesitante puxou-o para trás...
- O que pensa que está fazendo?!
- Eu vou responder...
- Não, digo... Você nem sabe a pergunta, há muito a perder... E... Você prestou atenção? Eles disseram que nos tornariamos parte deles caso errassemos...
- Sim... E?
- Você viu quantas sombras eles tem? Quantas vozes? Vieram muitos outros antes de nós... E muitos deles não prosseguiram...
- Então... É só não errar...
William voltou à posição... Para ele não havia o que perder, não havia uma casa para onde voltar...
- Qual a sua pergunta? - Disse Aria antes que William sequer cogitasse dizer algo... Ele queria parecer intimidador, mas sua voz trêmula remetia ao medo que obviamente sentia...
- Alimenta-me e eu vivo, eu respiro, eu cresço, ainda dê me algo de beber... E então eu padeço. - Disseram as criaturas enquanto olhavam cada uma fixamente para cada um dos garotos... Aria virou-se para William perplexo...
- Não há como responder isso...
- Como assim? - Perguntou William demonstrando sua inquietude...
- Não existe um animal que não precise beber nada...
- Deve existir, se não... Bem, não faria sentido um desafio que não possa ser concluído...
- Faria sentido se a meta for manter todos na cidade...
William não respondeu... Depois da história que Aria o contou, estava descrente de que isso de alguma forma pudesse acontecer... Porém, realmente não havia uma resposta sensata para aquilo, tentou olhar para as criaturas, porém Aria entrou em sua frente, obstruindo sua visão...
- Respondam-nos logo... Desperdício de tempo...
- NÃO HÁ UMA RESPOSTA PARA ISSO!- Gritou Aria por entredentes...
- Errado... - Responderam as criaturas aparentando estar mais calmas que antes...
- Mas que porra Senko... Tinha mesmo que jogar fora nossa vantagem? Achei que tinha um palpite!
- Que vantagem Sahel? Eles vão devorar nossa alma!!!
- Deixa que eu respondo agora...
Olhando ao redor William se deu conta de que a casa de ferragens da cidade estava alí... Keller era o dono e o ferreiro da cidade... Ele também não possuía uma família muito grande... Mas era um dos quase nulos que não rejeitava completamente a família de William... As paredes brancas reluziam o brilho dourado das chamas místicas que envolviam os portões... O que passou por sua mente poderia estar correto... Mas hesitou por indecisão, poderia perder mais que a própria vida se errasse... Poderia perder a vida de Aria... Se deu conta de que havia sim o que perder...
- Senko...
- O quê?
- Sai da frente... Eu vou responder...
Assim que Aria deu um passo para a direita... William ficou lado a lado com seu amigo e confiante disse em alto e bom som...
- Fogo... Você é o Fogo!...
Por um instante até mesmo o barulhos das folhas das árvores ao vento cessou... O silêncio era absoluto...
- Correto...
Os portões se abriram, porém, estava escuro demais do outro lado para enxergar ...
- Vamos logo Sahel!
- Espera... Tem algo de errado com isso...
- Nós acertamos, os portões se abriram e nós podemos seguir, o que há de errado com isso?
- Foi fácil demais...
- Fácil pra você que gosta desse tipo de pergunta...
O silêncio foi interrompido abruptamente por um som aparentemente distante... Mas era impossível não reconhecer... Era o som de ignição... De canto de olho William viu as chamas esverdeadas se aproximarem de Aira...
- ESTÁ CERTO! SOMOS O FOGO! E CONSUMIDO POR NÓS SERÁ O QUE ERROU! - Com a mente em branco completamente possuida pelo medo William puxou Aira para trás e com a mão direita sacou o facão de seu pai da alça da mochila... Uma gigantesca bola de fogo verde estava prestes à consumí-los quando...

SELYTRIA - O renascer das erasOnde histórias criam vida. Descubra agora