Um Novo Eu

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— Ei, você, acorde!

— Onde... Onde estou? — Consegui abrir um pouco os olhos. — Que lugar é esse?

Eu estava atordoado, todo meu corpo estava do- endo. O que aconteceu? O que havia acontecido comigo?

Pensei que eu estivesse morto, mas... de repente, eu olhei para trás e vi a pessoa que tinha me atacado.

Agora que não entendi mais nada mesmo. Eu pen- sei que tivesse passado dessa pra melhor. Então ele co- meçou a falar.

— Resolvi poupar sua vida.

— Mas... por quê? Onde eu estou? O que está havendo?

Eu estava num quarto enorme, muito bem deco- rado, móveis caros, candelabros de cristal, tudo bem ornamentado.

– Por que me trouxe aqui? Quem é você?

— Calma, rapaz! — disse ele com uma voz tran- quila, uma pergunta de cada vez. — Eu me chamo Miguel, eu resolvi trazer você para meu abrigo.

— Você chama isso de abrigo? Um quarto desse tamanho? Pelo tamanho deste quarto, você deve morar numa mansão ou algo assim.

— Você é bem observador, foi por isso, que eu de- cidi trazê-lo para cá.

Mas qual era o objetivo dele, afinal? O que ele que- ria de mim?

Só neste momento percebi que meu pescoço doía... muito.

— Você está no Cerqueira Lima, aqui é minha

casa. Agora você é um de nós.

—Ahn?! Um de "nós"? Como assim? — perguntei confuso.

Se seu objetivo era me acalmar, falhou. Fiquei mais espantado ainda, afinal, o que ele quis dizer com isso?

Ele começou a me explicar.

— Simples! Você foi mordido por mim, e agora você é um vampiro!


— Eu um... Vampiro? — comecei a rir. Então me recordei de tudo que havia presenciado. — Co-como? Por quê?

— Era isso ou eu teria que matar você, afinal você me viu matando aqueles outros vampiros.

— Eles também eram vam... Vampiros? Mas como? Isso não tem cabimento algum, eu um vampiro!

— Duvida? — perguntou ele com um sorriso nos lábios.

— Claro que sim, onde já se viu tamanha brinca-

deira de mau gosto.

— Então, faça um teste — disse ele com um tom de sarcasmo. Mais sério agora, completou: — Olhe-se no espelho. Tem um banheiro aqui no quarto.

Eu me dirigi para onde ele apontou ser o banheiro.

Assim que me coloquei em frete ao espelho, gritei

— O QUE É ISSO? Meu Reflexo?! Onde está? Ouvi o homem rindo alto.

— Você não duvidava? Pois aí está a prova. Você não tem mais reflexo, esse é um dos "sintomas"— disse ainda rindo.

— Mas o que significa isso? Por que fez isso?

Estava completamente atônito, nessa hora, fiquei desconcertado, confuso, minhas emoções estavam num turbilhão de pensamentos confusos.

— Já disse para você ter calma.

— Como terei alma? Olha o que está acontecendo comigo.

— Eu sei como é isso, foi assim comigo também no começo. E, na verdade, não está acontecendo, já aconte- ceu... Sua "não vida" começou, pelo menos é assim que chamamos.

— Uma não vida? Mas e agora? O que vai ser de mim? Minha família, meus amigos...

— É melhor eles não saberem de nada, ou estarão em apuros, meu caro... Como se chama mesmo?

— Meu nome é... ou, seria melhor era, Alexander.

— Você, agora, sendo o que é, tem algumas coisas que deve saber.

— Como o que, por exemplo?

Como isso podia estar acontecendo? Por que fui transformado dessa forma? Eu não entendia mais nada...

— Calma, não fique assim afinal não é tão ruim ser um vampiro.

— É mesmo? Eu, por acaso, vou poder andar de dia, passear normalmente, ver minha família todos os dias?... Então como isso pode ser uma coisa boa? Me diga, COMO!

Eu estava com muita raiva, então dei um soco na parede e abri um rombo na mesma.

— C... Como eu fiz isso? — perguntei atônito.

— Essa é uma das coisas boas, você está muito

mais forte.

— É... Mas... Eu não entendo.

— Sua força é mais uma habilidade, precisa de mais alguma coisa para fazer você acreditar? Faça um teste! Corra! Corra o mais rápido que puder.

— Mas pra que? Perguntei totalmente pasmo.

— Apenas corra, cara!

Comecei a correr, sem nem olhar por onde passava, quando dei por mim, eu estava perto da minha casa!

— Como isso é possível?

— Você está um pouco mais rápido também, não acha?

— Um pouco? — olhe para ele chocado e ele ria.

— É, mas... Eu ainda não entendo!

— Vamos voltar para minha casa, tenho que expli- car uma coisa para você. Agra, como vampiro, você também tem alguns "deveres" para comigo e outras pessoas.

— Outras pessoas? Como assim?

As coisas tinham fugido totalmente ao meu con- trole, o que eram esses "deveres", quem eram essas ou- tras pessoas?

Abaixei a cabeça e o acompanhei.

—Eu não tenho como fugir disso? — perguntei, totalmente sem esperança de uma resposta agradável.


— Você faz perguntas demais, Alexander. Se quiser fugir desses deveres, você tem que arcar com as consequências ou então ser morto! E então? Qual será a sua escolha?

— É... Não sou de fugir assim dos problemas, eu vou aceitar esses deveres!

— Fez uma boa escolha, agora vamos, já está ama- nhecendo.

E, assim, começou minha jornada como vampiro.

Mal sabia eu quais e a quantidade de perigos e aventuras que me aguardavam.

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