26 - Escuridão

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— Miguel, acho que ele conseguiu! — disse Sophia calmamente.

— Sim, conseguiu. Não achava que ele seria capaz de tal coisa nesse curto período de tempo, parece que escolhi bem meu parceiro — Miguel falou. — Sophia, vamos colocá-lo na cama, já está amanhecendo!

— Vou fechar as cortinas! — Sophia percorreu todos os cômodos da casa, fechou uma a uma todas as janelas e cortinas. — O que vamos fazer agora, Miguel? Por que ele ainda não despertou?

Sophia parecia aflita. Miguel tocou em seu ombro tentando a acalmar.

— A batalha dele ainda está acontecendo, ele tem


que descansar. Não se preocupe, ele vai voltar.

— Eu espero que sim, meu querido, vamos precisar de todas as habilidades dele.

Não conseguia entender porque eu não ouvia nada. Mas agora eu já sentia meus membros. Minhas mãos e pés estavam amarrados.

Onde eu estava?

Será que eu havia vencido Danov? E o que será que havia acontecido com Sophia e Miguel?

Estava tudo escuro.

Eu não conseguiria mais voltar.

Então finalmente comecei a ouvir algumas vozes. Eram familiares. Mas ainda estavam muito longe de mim.

— Miguel, já se passou muito tempo desde que Alexander terminou com Danov, e até agora ele não...

— Acalme-se! Agora temos que nos preocupar com o que vem a seguir.

— O que você quer dizer com isso? — Sophia perguntou com uma voz de preocupação.

A porta fez um barulho.

— Uau! Eles chegaram mais cedo que eu esperava.

Eu ainda estava muito distante, mas consegui ouvir o que parecia ser um tiro. Droga! Por mais que eu tentasse, ainda não conseguia me mover.


— Miguel! Você está bem? — escutei Sophia per- guntando em pânico. — Adryelly?

Adryelly estava ali? Ela havia efetuado o tiro?

— Por que fez isso? — perguntou Sophia. — Olha o que fez com o Miguel!

— Não tenho que dar satisfações a uma estrangei- razinha qualquer, estou aqui para eliminar vocês de uma vez por todas!

— Está o quê?!... Mas a mando de quem?

Ouvi um gemido de dor, que percebi ser de Miguel, pois logo depois escutei Sophia pedindo em um sussurro que ele tentasse se levantar.

— Gerald, você também?! Por que está fazendo isso? Ele é seu amigo! — disse Sophia. Pelo visto, ela também não estava entendendo absolutamente nada.

— Neste nosso mundo não existe amizade, minha cara — disse Gerald com uma risada sarcástica.

Meu corpo estava começando a me obedecer no- vamente, meus esforços para tentar sair daquela escuri- dão tão profunda estavam finalmente surtindo algum efeito.

— Nunca... Nunca pensei que você se uniria a Zarovick.

— Gerald... — Acho que era a voz de Miguel agora. Ele parecia estar ficando cada vez mais sem forças. Sophia, por sua vez, não entendia o porquê.

Um tiro não o deixaria naquele estado, a não ser


que...

— Seu maldito! Essa bala estava envenenada?!

Como pode ser tão baixo?

— Ora, ora! Demorou a perceber — disse Adryelle. Ainda não conseguia me mover ou falar, mas con-

segui abrir um pouco meus olhos e virar um pouco meu resto para enxerga-los.

Adryelle apontava a arma na direção de Sophia e Miguel. Não esperou muito antes de disparar nova- mente.

Sophia tentou proteger Miguel, mas ela não conse- guiu. O tiro atingiu o peito dele. E nem mesmo um vampiro tão poderoso como Miguel poderia suportar a mais uma bala daquela.

Miguel desabou.

Eu queria gritar. Queria matá-la. Mas ainda não conseguia me mover.

Sophia correu em direção a Adryelle com toda fúria que possuía.

— Sua traidora maldita! — Ela agarrou Adryelle e ambas acabaram no chão. Ambas eram extremamente rápidas e fortes.

— Cuide dela, Adryelle. Eu vou atrás do nosso amigo. — Gerald já ia saindo quando alguém o segurou pela perna. Era Miguel, que mesmo com suas forças quase esgotadas ainda não havia desistido de lutar.


— Você não vai durar muito mais, meu caro. Acho melhor acabar logo com isso. Me largue, Miguel!

— Mesmo que você me mate aqui e agora — Miguel gaguejou — não será tão fácil. Você pode conse- guir acabar comigo, mas não sabe o que te aguarda.

— Fala de seu adorado pupilo? — ele perguntou com deboche. — E por que eu deveria ter medo daquele garoto? — Gerald não se preocupou nenhum pouco com as palavras de Miguel, ele apenas sacou um punhal. — Também tem veneno neste aqui, Miguel. Chegou o seu fim!

Eu tentava me mover, mas ainda não conseguia. Esforcei-me o máximo que pude, mas comecei a sentir uma dor terrível. Estava insuportável, mas eu não pode- ria parar de tentar.

Com muito esforço, consegui mover um pouco mi- nhas mãos e, pouco depois, com ainda mais empenho, os pés.

— Veja o que vai acontecer ao seu querido Miguel. Aprecie. — Adryelle havia conseguido imobilizar Sophia e a apontava para a direção de Miguel e Gerald.

Miguel também não conseguia mais se mover.

Gerald ajoelhou-se perto dele.

— Você vai cair, Gerald, assim como Zarovick... Ale... Alexander... vai acabar com você.

— Ainda insiste nessa história?! — disse Gerald descrente.

— E... Ele não é o mesmo... Agora tudo vai mudar.

— Isso já está me cansando, Miguel! Por favor! Você


mesmo sabe que ele não pode comigo, o único que tem tal proeza era Danov!

— Você está vendo Danov em algum lugar? — Miguel deu um breve sorriso, já quase sem forças.

Isso aparentemente deixou Gerald preocupado. Ao ouvir aquilo ele segurou com fúria Miguel pela camisa e perguntou o que ele havia feito.

— Agora... a alma de Danov pertence a Alexander Bogardan!

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