Já em casa, Miguel começou a me falar de como um vampiro deve se comportar para não levantar suspeitas. Tudo era muito novo para mim, mas algumas coisas eu sabia, afinal eu gostava de tudo relacionado com o so- brenatural. Eu não acreditava que lobisomens, vampiros e magos, existiam nos dias atuais. Mas, segundo Miguel, assim como os humanos, eles se adaptaram aos novos tempos, afinal de contas, todos têm pelo menos um traço de humanidade que sempre se adapta a mudanças, pelo menos é o que eu acho.
— Estou me sentido estranho...
— Estranho como? — perguntou Miguel, sem estar surpreso.
— Eu estou com... Sede! Muita sede! Miguel, o que eu faço? — questionei alterado.
— Alimente-se, ora bolas!
— Alimentar? Como assim? Tenho que "Caçar"?
— Bom, se você não quiser ficar assim, eu acho que sim, vá logo! E experimente, sinta a sensação de sugar "vida" de uma pessoa! É uma sensação maravilhosa!
—Como pode dizer isso, e ainda por cima tão naturalmente? Eu não vou conseguir! Ah, não vou mesmo.
— Você tem que tentar, ou então vai ser muito de- sagradável para você,
— O que quer dizer?
— Vá agora! Não me dirija à palavra até voltar da sua caçada — disse rindo.
A agonia era insuportável.. Relutei o máximo que pude, mas não consegui por muito tempo. Sai da casa, a rua estava deserta, a sede falou mais alto. Fui como um louco a procura de alguma pessoa, ou qualquer coisa que tivesse sangue. Não demorou muito e achei um homem sozinho, sentado num banco. Olhei ao redor para me certificar de que ele estava mesmo sozinho; quando dei por mim, eu já estava com meus caninos enterrados no seu pescoço. Comecei a sugar seu sangue, bebê-lo.
Era tão quente, tão saboroso! Cheio de vida.
Nunca tinha sentido tanto prazer na minha vida, era incrível.
Eu estava ótimo novamente.
Muito mais que isso, na verdade. Finalmente, eu me sentia como se eu tivesse renascido.
— Bom. Muito bom! — Era a voz de Miguel atrás de mim.
— Não achei que se sairia bem logo na primeira vez. E então, o que achou?
— Nossa! — Limpei o pouco de sangue que havia escorrido dos meus lábios. — É incrível! Nunca senti nada parecido na vida!
— É uma sensação boa não é?
— É, sim, mas... e agora? O que eu faço com o corpo?
— É melhor sumir com ele se você não quiser pro- blemas para seu lado.
— Mas como? Onde vou escondê-lo.
— É melhor agir, e logo — disse pouco antes de desaparecer novamente.
— Miguel! Cadê você? Droga! O que vou fazer com isso?!
Eu estava aflito, não sabia o que fazer com o corpo
do homem, e tudo piorou quando comecei a ouvir passos em minha direção, fiquei desesperado.
—Vamos, pense, pense, Alexander!
Então me ocorreu uma ideia, arriscada, mas era minha única opção. Comecei a gritar por socorro, então chegaram algumas pessoas que saíram de suas casas.
— Ei, o que aconteceu, garoto? — Um senhor me perguntou.
— Eu encontrei esse homem caído no chão. Por fa- vor, me ajudem!
—Como ele está?
— Não sei, acabe de encontrá-lo.
Eu o coloquei no chão e fingi que estava procu- rando por algum sinal de vida, vida essa que eu havia tomado dele. Literalmente, tomado.
—E então? Sentiu alguma coisa?
— Ele não está bem.
— Vou chamar uma ambulância.
No instante que o senhor deu as costas, eu comecei a correr, só deu tempo de ouvir:
— Ele está morto!
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Histórias De Uma Não Vida
VampireO livro conta a história de Alexander Bogardan, um sujeito simples e pacato que trabalha como web designer que presencia um assassinato brutal, levado pela sua curiosidade ele tenta se aproximar da cena mas infelizmente é descoberto. Os assassinos n...