16 - Arrependimento

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Já estava ficando preocupado, quando de repente ouvi o grito de Carlos vindo da sala ao lado.

— Por favor, meu senhor, me poupe! Juro que não farei mais isso!

Mary, que também tinha ido para a sala, suplicava para que aquilo, seja lá o que estivesse aconotecendo, parasse.

— Não!!! Por favor, faço qualquer coisa, mas poupe-o senhor Louis! Não faça isso! Tenha misericórdia!

Mary tapou os ouvidos, e Nickolas estava paralisado de tanto pavor. Eu me dirigi à porta, forcei a maça- neta, estava aberta; assim que entrei, me deparei com


uma cena realmente grotesca! Horrível!

Louis estava torturando Carlos, que estava preso a grilhões, com o corpo todo cortado; estava se esvaindo em sangue. O olhar de Louis refletia apenas ódio, nenhuma gota de pena. Assim que nos viu, ele parou e se dirigiu a mim.

— Eu invejo Miguel por ter alguém como você, que se dedica a procurar por ele, enquanto eu... Tenho um que quer acabar comigo na primeira oportunidade que surgir!

Carlos urrava de dor; quando percebi, as garras de Louis estavam cravadas em sua barriga.

— Eu tenho certeza que ele não quis dizer aquilo lá fora, dê mais uma chance a ele. — Tentei amenizar a situação, mas Louis continuava irredutível.

— Não, ele deve pagar por tamanha audácia! Eu dei a ele essa oportunidade, lhe ensinei a lutar, lhe dei abrigo, e é assim que ele demonstra sua gratidão? Eu agora sou motivo de piada para esta casa, Carlos não passará desta noite!

Louis estava realmente decidido a dar um fim em Carlos. Mary e Adryelle ficaram horrorizadas com a crueldade de Louis, eu também não imaginei que pudesse chegar a tanto. Para piorar, fazia tempo que eu não me alimentava, e ver todo aquele sangue... Louis, percebendo que eu estava ficando um pouco fora de mim, se aproveitou da minha fraqueza.

— Vejo que está com fome. Por que não se ali- menta? Deixo Carlos para você, o que acha? — Louis se aproximou de mim e falou perto de meus ouvidos: — Pode sugar até a última gota! Já provou o sangue de Adryelle uma vez, deve ter sentido a uma sensação inigualável, estou certo?

— S... Sim — balbuciei. Eu via a expressão de pavor de Carlos. Ele mal conseguia falar, apenas disse:

—N... Não... Faça isso... Meu Senhor... Por favor!

— Ora, cale-se!

Louis mais uma vez o golpeou com suas garras; quando as retirou, o sangue veio em minha direção, atingindo meu rosto. Eu já não aguentava mais, a pro- posta de Louis começou a me parecer muito tentadora. Minha consciência estava abalada, meus instintos come- çavam a me comandar.

— Vamos, o que está esperando? Faça-o! Eu o autorizo, você não terá repreensão alguma, acabe com ele!

Fui me aproximando de Carlos, que tentava inutilmente escapar dos grilhões.

— Alexander, não faça o que ele diz — Carlos suplicava. — Nós somos amigos, não somos? Não ceda.

Já era tarde, minha fome era tanta que aquelas palavras já não faziam sentido para mim; quando me aproximei de Carlos, tudo o que foi ouvido em toda casa era o seu último grito de dor antes de sua morte final...

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