Capítulo 5

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Acordo atordoada porque esqueci em ligar o despertador, o hábito de Clara sempre me acordar fez com que eu esquecesse que preciso de um despertador. Corro para o outro lado do quarto para apanhar o celular no carregador e examinar o relógio. Ufa, são apenas oito da manhã, ontem quando Clara veio até aqui eram sete, não é uma grande diferença.

   Tomei banho e vesti roupas confortáveis para passar a manhã em casa já que não tínhamos combinado o lugar de hoje. Arrumo a cama e arrumo o cabelo antes de descer as escadas e encontrar, como de costume, uma repleta mesa de café da manhã.

   Antes de sentar fui até a cozinha para agradecer as meninas sobre as minhas roupas.

- Hey meninas, bom dia –eu disse enquanto parava na porta da cozinha –eu queria agradecer a quem arrumou minhas roupas ontem.

- Espero que não tenha se importado –disse a Lia

- Oh, claro que não, eu só não quero incomodar. –respondi.

- Não está atrapalhando, o David gosta que seus hóspedes sejam bem recebidos aqui –Lia abriu um simpático sorriso.

- Estão fazendo um ótimo trabalho então... –elas riram –Vou mesmo voltar para o Brasil mal acostumada.

- Fique a vontade, aqui também é a sua casa.

- Obrigada dona Lurdes –ela era um amor. A mais velha do trio e obviamente parecia ser quem ditava as ordens.

   Voltei para a mesa e encontro Clara sentada e mexendo no celular. “Olha só quem vive no celular” pensei, mas ao invés disso falei bom dia e sentei. Coloquei minhas mexas castanhas com californianas (um tom a menos da cor original do meu cabelo) para trás e abri a garrafa de café. Este era cappuccino além do café puro, mas não tinha problema contando que fosse algo que me espertasse para o dia.

- Acha que das roupas que tem alguma vai servir para o show de amanhã¿ -Clara pergunta.

- Sim... –penso um pouco- São todas novas.

- Tem alguma em mente¿

- Não, ainda não pensei nisso. Porque tantas perguntas¿ -dou um gole do meu café e pego alguns pedaços de torrada para comer com geleia de morango.

- Você sabe quem verá amanhã, não é¿

- É eu sei. –meu estômago estremece em ser lembrada sobre o que tento esquecer desde ontem a noite, estou uma pilha de nervos em relação a isso.

   Mariana e David descem para tomar café e depois vamos à sala de jogos que ele tem em seu apartamento. Vários jogos legais que se deixasse eu passaria a tarde inteira lá. Logo a hora do almoço chega e depois David levantou-se para ir ao treino.

- Vamos jantar fora hoje, certo¿

- Aonde vamos¿ -perguntou Mariana.

- Tipo que um bar francês.

- Com gatinhos franceses¿ -brinco.

- É talvez... Achei que já estivesse com o seu inglês na mira, moça –ele jogou seu guardanapo de pano no meu rosto, Mariana e Clara riram.

- Eu não sabia que ele estava “na mira”, moço. –ele revirou os olhos e foi embora.

- Quando vai falar com ele sobre o Bernard¿ -Clara pergunta a Mariana entre sussurros.

- Não pressiona, Clara. –repreendo-a

- Não estou pressionando, na verdade estou bem calma, só quero saber a oportunidade que vamos falar.

- Relaxa, deixa comigo que eu desenrolo –responde Mariana bebendo outro gole do seu suco de laranja.

- Ele está sendo tão gente boa, não quero que ele pense que estamos nos aproveitando dele... –Clara baixa seus olhos para o seu prato ao terminar a frase... E ela está certa, sinto o mesmo em relação a não querer que ele pense que estamos tirando proveito de algo. Certo que planejamos isso à anos, mas está indo tudo de uma forma tão natural e deliciosa aqui em Paris que não queremos quebrar nossa amizade com uma pessoa tão incrível como o David, e agora namorado da Mari.

- Por isso temos que dar um tempo antes de falar sobre ele. –Mariana diz.

- Certo... Para onde vamos hoje¿-pergunto.

- Nem precisa disfarçar, Letícia. O que você planejou pra gente hoje¿ -diz Mariana com ironia e eu riu.

- Pensei na Catedral de Notre Dame e Jardim de Luxemburgo¿

- Parece bom... –disse Clara.

- Queria tanto que David fosse com a gente. –Há lamentações na voz da Mari. Percebo e tento fazê-la sentir-se melhor.

- Ele não pode sair mais cedo do treino¿

- Acho que sim.

- Liga pra ele então. Não sei nem porque ele treina, ouvi dizer que não há concentrações de futebol para o treino dele aqui. –eu digo.

- Também disse isso a ele, mas ele falou que não tem concentração oficial. Não entendi direito.

- E nem vamos tentar. Vamos nos vestir e sair. –diz Clara batendo palma e levantando-se da mesa.

   Vou até o guarda-roupa e pego um sobre tudo que parece um vestido estilo militar de cor azul escuro, calça preta e bota cano longo de couro preto. Maquiagem básica com aplicação de batom vermelho e cabelos apenas ajeitados com babyliss. Coloquei a boina vermelha na bolsa caso eu precise dela e vesti as luvas.

   Fui até o corredor e bati na porta da Mariana e da Clara para apressá-las. Surpreendemos-nos quando Mariana que além de sair do seu quarto de hóspedes ela desce a escada do quarto do David, eu e Clara cruzamos os braços e fazemos cara de “hum...”.

- Esqueci minha mala de maquiagem no quarto do David ontem, só gosto de usar o banheiro dele além da suíte deste quarto –ela aponta para o quarto que era suposto ser o dela- Estou quase me mudando para o quarto dele.

   Ela rir-se junto comigo e Clara.

- Mas você já deveria está completamente instalada lá –Clara estala.

- Eu sei, mas vou esperar ele me convidar, não quero ser intrometida. –Ela sai do quarto com a bolsa e fecha a porta do quarto de hospedes e do David.

- Será que o motorista está lá embaixo¿ - pergunto enquanto descíamos as escadas.

- Ah ele está sim, David me avisou quando saiu do banho hoje cedo.

   Pensei em como estava sendo incrível o que a Mariana estava vivendo. Dividindo o mesmo banheiro e a mesma cama com a pessoa que ela mais amava no mundo. Esperava viver algo assim com alguém um dia... Acordar e alisar seu cabelo, dormir em seu peito e jogar a toalha de banho em seu rosto enquanto ele tentava me ver enquanto eu vestia as roupas. Sorrisos bobos brotam do meu rosto e tenho o cuidado em examinar se Clara e Mariana perceberam, mas elas estavam conversando sobre algo mais interessante para reparar nisto.

   Apesar do H ser o suposto garoto que estava “na mira’’, como disse o David, na verdade ele não passava de um simples cara de quem sou fã e quero apenas uma foto pregada no meu mural. Não era amor o que eu sentia por Harry Styles, apenas admiração pelo seu trabalho e atração pela beleza fora do comum que ele carregava apenas pelo fato de andar. Amor era algo mais que isso. Não era só sobre dinheiro e beleza, o rapaz tem que ser inteligente, engraçado e descontraído... Tem que rolar a química entre os dois, e então depois vem o amor.

   Não posso amar alguém que nunca conversei. Ele é simpático nas entrevistas e no palco, mas quem ele era por trás disso¿ Ele seria alguém que a conversa fluiria¿ Seria alguém que iria fazer-me rir com algo¿ Não sei nenhuma dessas respostas, então a única resposta para tudo isto é: não, eu não amo Harry Styles.

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