Amigas, romances e Paris.

Capítulo 63

Letícia POV

   A fraca luz do sol que entra no quarto não é o suficiente para me acordar, Harry volta a deitar comigo na cama e demoro um segundo para lembrar que é hora de levantar, parece que acabei de deitar.

   Abraço a cintura dele e suspiro. É hoje. É hoje que o resultado do exame sai e eu não dormi a noite passada.

- Que horas são¿ -pergunto.

- Nove.

- Muito cedo. –reclamo e ele ri. Sinto sua mão no meu cabelo, seus longos dedos brincando com as mexas do meu cabelo e eu pareço que nunca vou me acostumar com essa sensação, eu realmente amo.

- Pensei em sairmos para tomar café e depois passar na clínica, o que acha¿

- Eu... Acho que... –gaguejo. Estou sem coragem de ir até lá.

- O quê¿

- Não sei se quero ir Harry.

- Não vai dar positivo, Letícia.

- Mas e se der¿

- Não vai.

- Há uma possibilidade aqui, e estou com medo da minha reação.

    Harry não diz nada, ele suspira fundo, passa a mão no rosto e depois levanta da cama e veste a calça de treino e moletom.

- Vou preparar alguma coisa pra você comer. –ele vira e sai do quarto.

   Meu Deus, o que está acontecendo¿ Temos um longo e doloroso dia e é assim que começamos o dia¿ Quase discutindo um com um outro¿

   Outra coisa que não entendo estar acontecendo comigo é que eu preciso dar apoio a ele. Se o filho for dele ou não agora não importa, nenhum amigo ou outra pessoa sabe disso, eu não posso abandoná-lo, eu sou sua namorada.

   Preciso ser forte, Harry precisa de mim e eu quero estar aqui pra ele. E vou.

   Levanto da cama e nem visto roupas mais quentes para sair do quarto, mas  as minhas pernas e braços muito expostos recebem logo o frio do corredor, mesmo assim continuo andando descalça pela escada de pedra até a cozinha.

   Escuto o barulho da televisão ligada e Harry está fritando ovos. Paro um pouco para vê-lo trabalhando, ele nunca cozinhou pra mim. A minha presença nem é notada e eu adoro isso, poderia ficar aqui olhando pra ele até ele perceber, mas meus pés estão congelando.

- Harry. - digo.

- Hey, comecei agora. Porque não fica na cama enquanto preparo¿ Está frio aqui. –ignoro o frio congelante nos meus pés e as palavras dele, contorno o balcão e desligo o fogão.

- Me desculpe. –eu digo e o abraço. Quentinho como imaginei que estaria.

- Eu não te culpo, você estar aqui já é muito.

- Não, eu vou com você.

- Não precisa Letícia.

- Sem discussão, eu vou. –sorrio e ele faz o mesmo, orgulhoso de mim eu acredito. –E vamos sair pra tomar café também.

- Suspeitou que minha comida seria ruim hm¿

- Não. –riu mais ainda e ele me beija. –Mas sinto falta do café da manhã do Starbucks. Você está bem¿

- Sim. –ele mente.

- Tem certeza¿ -ergo uma sobrancelha e ele se apoia no balcão antes de continuar.