Capítulo 67

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Mariana POV

- Não apaga a luz agora, estou terminando aqui ainda. –digo para o David quando ele sai do banheiro.

   Estou tirando as minhas roupas do closet e colocando na mala, adiei o máximo que pude para fazer a minha mala.

   É tão estranho, o meu espaço nas prateleiras vão ficando vazias e a mala cada vez mais cheia. As roupas do David reduziram muito de espaço a medida que fui tomando mais espaço com minhas roupas novas. Casacos, botas, bluas, calças...

- Não deveria levar todos os casacos. –David diz para mim na porta do closet.

   Estou sentada no chão com a mala e roupas com meu redor.

- É, acho que não vai dar tudo mesmo.

- Você vai voltar Mari, na sua primeira folga da faculdade vou comprar suas passagens.

- Porque você não compra passagens para o Brasil¿

- Porque vou estar trabalhando.

- E eu estudando. –rebato e me arrependo na mesma hora. Essa discussão agora não, por favor. –Vou embora e ainda não decidimos isso, não é mesmo¿

- Estou conformado que de qualquer jeito será tudo como você quer. –David diz e senta, mas um pouco distante de mim, encostando-se nas gavetas que ele guarda as toucas.

- Você já teve algum sonho¿ -pergunto depois de alguns minutos de silêncio.

- Sim.

- Qual¿

- Jogar em um time de futebol internacional, depois veio o Real Madrid, seleção brasileira, agora neste que estou em Paris...

- Foram muito sonhos realizados.

- Sim, eu tive que trabalhar muito e sempre entreguei a Deus. Mas não acabei ainda, falta você. –ele sorri e eu faço o mesmo, a luz do closet faz sombra no rosto dele da forma mais encantada possível. –Casar, filhos e etc... Quero me dedicar a isto agora.

- Então por que você não me entende¿

- Como assim¿ É claro que eu entendo você.

- Não. –baixo meus olhos para as minhas pernas cruzadas, eu não quero chorar. – Você pode dizer que me entende, mas não age assim.

- Isso não é verdade. –David diz com um pouco de impaciência e eu sinto mais vontade de chorar. Porque ele nunca me escuta¿

- Eu tive um sonho. –começo e engulo o nó na minha garganta. –Desde quando lembro das pessoas me perguntando o que eu queria ser quando crescer eu respondo que era ser médica. Nunca pensei em outra coisa, nunca me imaginei vestindo outra coisa além de um jaleco e luvas durante uma cirurgia. Consultório, viajar para lugares que precisem de médicos, tirar plantões, fazer exames... Eu nunca quis nada além disso.

- Mari...

- Não, eu ainda não acabei. –interrompo-o. –Você teve vários sonhos David, conquistou eles no tempo certo e tudo mais. Eu só tive um sonho na minha vida, e até hoje eu tenho o mesmo, que é ser médica. Eu sempre planejei a minha vida em cima disso, sempre estudei pra isso também.

   Faço o meu melhor para não chorar, mas é impossível, explicar para outra pessoa o quanto eu amo a minha área torna impossível de segurar qualquer lágrima.

- Eu nunca pensei em casar. –riu lembrando das vezes que disse isso repetidas vezes. –É estranho porque eu queria ter filhos e uma casa grande, mas imaginar meu marido era sempre um borrão no rosto dele, sabe¿ Eu tinha um perfil de rapaz, mas não era apaixonada por ninguém o suficiente para me fazer querer passar o resto da minha vida com ela. Eu imaginava que se um dia isso fosse acontecer seria após eu me formar porque eu só vivia da minha faculdade de medicina.

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