Capítulo 61

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Clara POV

- Então você pensou em aceitar meu convite sobre irmos ao cinema¿ -Lukas diz pra mim.

   Ficamos bebendo até tarde no meu quarto e no final acabamos dormindo. Não juntos, calma. Ele foi para o sofá e eu para a cama, a questão é que estava muito tarde e agora não tenho Bernard para me incomodar.

- Eu não quero ir ao cinema, é tudo alemão.

- Ok, você escolhe outro passeio.

- Pode ser turístico. Tem algum lugar que você acha que eu iria gostar¿ -ele olha para mim e afirma com a cabeça. Fico grata que ele não tenha dormido só de boxer no meu quarto. Ele está vestido com a mesma roupa da noite passada.

- Vou me trocar e nos encontramos lá em baixo¿

- Claro, vou ligar para a Mari o David.

   Vou para o banheiro depois que Lukas sai do quarto. Esta é a primeira vez que sinto o termino com o Bernard desde ontem.

   Eu odeio essa sensação de vazio em mim, mas vai passar, sempre passa. Só passei o tempo suficiente para acreditar em nós, por isso estou sentindo tanta falta, mas isso vai passar.

   Depois que lavo o cabelo mando uma mensagem para a Letícia e a Mari. Meus dedos são incontroláveis quando eu digito o número do Bernard e aperto no botão verde de ligar. Coloco no viva voz e continuo a pentear o cabelo.

“Alô¿” ele diz do outro lado da linha e meu coração gela. Porque eu liguei pra ele¿. “Clara, você está aí¿”

   Desligo ou não desligo. Desligo ou não desligo.

“Sim, desculpa, eu não sei porque liguei”, digo sinceramente e quase meto um murro na minha própria cara.

“Tudo bem, de qualquer forma eu ia ligar pra você”. Ele mente¿

“Chegou bem em Donetsk¿”

“Estou no Brasil.”

“Brasil¿”, digo assustada e ele ri do outro lado da linha.

“Sim, achei que seria o melhor pra fazer, fico mais distante de você e perto dos meus amigos.”

“Ouch.”

“Não.” Ele tenta se explicar “É só que se eu fosse para Donetsk tenho certeza que voltaria para Amsterdã conversar com você, mas eu sei que o melhor é terminar, então ficar nessa distância vai me obrigar a deixar você seguir.”

“Seguir¿ Eu não precisaria seguir sem você.” Lembro-o das milésimas vezes que repetir isso a ele.

“Eu sei.” Bernard suspira e ficamos os dois em silêncio, é confortável assim, o silêncio diz muito sobre o que queremos falar para o outro. “Me desculpa Clara, eu realmente tentei ser o melhor pra você, mas não consegui”.

“Só precisava ser gentil.” Tento fazer a vontade de chorar ir embora. Sinto uma vontade terrível em pedir para ele voltar. Mas não vou resistir, chega dessa palhaçada de vai e volta.

“Eu sei eu sei. Mas nesse tempo longo de viagem eu percebi que eu e você éramos paixão, não amor.”

“Eu amei você Bernard.”

“Amor não sufoca, e o que eu mais fiz foi te sufocar. Te tratei como minha ex gostava de ser tratada e não sabia fazer diferente, do seu jeito.”

“Ela gostava de ser uma cadela obediente¿” digo indignada e ele ri.

“ Não cadela, mas ela não era tão teimosa”.

“Hum, não consigo ser assim.”

“Eu percebi. Me desculpe ser o que fui, acho que vou passar esse tempo aqui no Brasil, preciso refrigerar as minhas energias, frequentar terapia se for o caso.” Rimos juntos da palavra terapia.

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