Capitulo 10

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  Letícia POV.

   Não consigo mesmo me concentrar no que ele está falando, hoje ele realmente tinha algo diferente que não me deixava respirar normalmente. Seus olhos estavam mais claro devido a claridade do sol na sala e sua pele morena tão clarinha tornava-se ainda mais clara sobre o seu casaco preto.

   Clara desce junto com Mariana e David e depois vamos para a garagem. A minha irmã senta ao lado da janela deixando o Harry sentando ao meu lado e meu coração dispara quando ele coloca seu braço atrás de mim. O carro não está apertado mesmo com alguém grande como o H sentado no meio, mas fico feliz quando ele tenta disfarçar que é para “economizar espaço”.

- Tem algum espaço na sua bolsa¿ -ele estende a chave do carro e sua carteira.

- Claro... Quer guardar o celular também¿ -coloco as coisas na minha bolsa e ele continua com o celular.

- Não, obrigado.

   Os cinquenta minutos de viagem passaram tão rápido que Versalhes parecia ser o bairro vizinho. Reclamei sem parar das músicas que tocavam no carro e David aumentava o volume de propósito. Traduzi algumas músicas para o Harry e até achei engraçado o fato de ele não saber nada de português, mas em contrapartida ele ria de mim e da Clara porque não sabíamos absolutamente nada em francês. Graças a Deus todos aqui falam inglês e não há discursão contra isto.

   Eu e Mariana contávamos sem parar sobre a origem daquele Palácio, que é tão poderoso ao ponto de ser construído longe de Paris. É difícil de acreditar que Paris nos anos de 1680 era tão miserável que o rei precisou construir seu lar longe do centro urbano.

   Sou apaixonada pela Revolução Francesa desde a época do colegial. Assisti vários documentários, filmes e li em diversos livros só para saber algum detalhe que passou despercebido. O Palácio de Versalhes era mais uma realização de sonho aqui na França. A Torre Eiffel que parecia tão extraordinária no começo da viagem, agora não chega nem perto da beleza neste lugar.

   Era difícil dizer se era o Palácio ou se era o seu jardim a parte mais bonita. As gramas bem cortadas e verdes, o concreto (pelo menos acredito que seja) é bem limpo e claro, as flores são bem cuidadas e as fontes ligadas... Nem mesmo parecia real. Dentro do Palácio todos os detalhes eram dourados, pareciam pintados a ouro. Lustres e mais lustres espalhados por todos os corredores. Jesus, isso não parece existir de verdade.

   Os guias apenas repetiam o que eu, Mariana e Clara já sabíamos, até sentimos vontade de corrigi-lo por algum detalhe que deixou passar, mas preferimos não fazer, seria indelicado, desnecessário e blá blá blá. Então eu cochichava no do Harry alguns detalhes que o guia não falava quando ele não podia nos ver.

- Ainda bem que eles derrubaram a Bastilha e não o Palácio, aquilo é muito lindo. – disse-me Mariana enquanto sentávamos em um restaurante para repor as energias.

- Já eu acho que deveriam ter derrubado o Palácio porque...

-Ah não gente, para. –disse impaciente Clara retirando seus óculos –Sem ataque de nerdisse agora. Minha cabeça está girando com tanta informação que acabei de absorver, então vamos apenas comer e conversar sobre coisas normais.

   Clara quase nunca repreendia, mas quando o fazia era impossível discordar ou passar por cima. Pegamos o cardápio e agradeço por ter o idioma em inglês. Harry ri do meu suspiro de alívio e ergo uma sobrancelha para ele.

- Você vai pedir em francês¿

- Não é tão difícil quanto parece.

- Ah não¿ Então lê o cardápio pra mim –fico humilhada quando ele começa a ter os pratos em francês e ri quando bato no seu ombro com sinalização de “ok, já chega” –Você viaja o mundo inteiro, é tipo que sua obrigação saber francês. Essa matéria é dada no colégio.

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